domingo, 24, novembro, 2024

Biblioteca Mário de Andrade recebe entrega do Prêmio André Braz nesta quinta (4)

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Nesta quinta-feira (4), às 19h, o auditório da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, no Centro, sediará a cerimônia de entrega da edição 2023 do Prêmio André Braz, premiação que homenageia anualmente dez homens negros – pretos e pardos –, que tenham se destacado na defesa e na promoção da igualdade, da justiça social e da dignidade da pessoa humana, no combate ao racismo, às desigualdades raciais e sociais.

Os homenageados da edição 2023 são Benedito dos Santos, o Benê; Carlão Hamburgueiro; Cláudio Claudino; Cristiano Oliveira; Iracídio Stefannini Borges, o Meste Ira; José Aparecido Gonçalves, o Zé Prettu; Júnior Barros, o Juninho; Marciano Pereira Vidal, o Zico da Prefeitura;  Nelson Vicente Júnior, o Nelsão; e Vagner Luiz de Souza, o Garça. Confira ao final da matéria um breve histórico de cada personalidade.
O Prêmio André Braz também conta com um presidente de honra, que é o Sr. Pércio Damazio. O mês de maio foi escolhido para a homenagem pelo fato do seu aniversário ter sido comemorado no dia 1º, data em que ele completou 95 anos de idade.

A premiação tem como objetivo a valorização dos homenageados no contexto da cidadania. Para inscrição, a sociedade araraquarense em geral – autoridades, entidades, conselhos municipais, organizações da sociedade civil, comerciários e empresários enviaram as indicações por e-mail com os dados e um breve currículo que justificasse o motivo da homenagem.

A definição dos homenageados foi feita mediante a escolha, pela maioria dos integrantes do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo (COMCEDIR), bem como pelo mapeamento étnico social realizado pela Coordenadoria Executiva de Políticas Étnico-Raciais. Foram avaliados o compromisso racial, social e a interatividade comunitária dos indicados. O prêmio contou com aproximadamente 30 indicações, porém somente 10 foram escolhidos.

A coordenadora executiva de Políticas Étnico-Raciais, Alessandra Laurindo, falou sobre os homenageados. “A escolha desse ano foi muito difícil, pois chegaram excelentes indicações e todos indicados são merecedores. O Prêmio André Braz nasceu para além da proposta de valorização dos escolhidos, ressaltando suas contribuições para a comunidade araraquarense em forma de homenagem, também para chamar a atenção diante da expectativa de vida desses sobreviventes. O último atlas da violência nos mostra, através dos dados levantados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que no intervalo de 2008 a 2018, observou-se um aumento de 13,3% na taxa de jovens negros (pretos e pardos) mortos, que passou de 53,3 homicídios a cada 100 mil jovens para 60,4. Os homicídios foram a principal causa dos óbitos da juventude masculina, representando 55,6% das mortes de jovens entre 15 e 19 anos; 52,3% entre o grupo com faixa etária de 20 a 24 anos; e 43,7% daqueles com idade entre 25 e 29 anos. Então, para além de celebrar toda dedicação para o desenvolvimento social, econômico e racial que os homenageados têm para com a cidade de Araraquara, precisamos comemorar o fato de terem driblado as estatísticas”, comentou.

Vale lembrar que, no ano passado, as personalidades que receberam o prêmio foram Ricardo Leão Bonifácio, Edson Luiz de Barros (Aragão), Idemar Jordão (Jordão Chaveiro), Alberto Andreone de Souza, José Carlos Servino (Sabaúna), João Botelho Filho (Parafina), Caius Julius Cesar Domingos (Júlio César), Martinho Januário Santana, Fernando Aparecido de Souza e Daniel Amadeu Martins Filho (Costa).

Sobre o homenageado

André Luís Braz foi músico, mestre de bateria, e compartilhou sua experiência com as escolas de samba de Araraquara por mais de 20 anos. Foi fundador e idealizador da Associação dos Amigos Afrodescendentes de Araraquara e Região (ACAAAR), sempre com o objetivo de fortalecer os laços da comunidade negra, bem como valorizar a cultura afro.

Empenhou-se para que fossem incluídas no calendário oficial de eventos do município de Araraquara as festividades que envolvem a Comunidade do Samba ao Brilho da Luz de Vela, a Quarta Nobre, o Encontro Afrodescendente, em homenagem a “Zumbi dos Palmares”, a Copa Zumbi dos Palmares e a disputa da Meia Maratona (21 km), a serem realizados na Semana da Consciência Negra, no mês de novembro de cada ano.

Não conseguiu ver todos os seus projetos realizados – vários estão em andamento – faleceu precocemente em 8 de março de 2015. Através de seus esforços dentro da comunidade e na sociedade araraquarense, desenvolvia um trabalho que foi referência para todos e deixou uma lacuna na luta pela igualdade racial.

HOMENAGEADOS PRÊMIO ANDRÉ BRAZ 2023

BENEDITO DOS SANTOS, O BENÊ
 – Dedicado araraquarense, gerente regional da CDHU Araraquara há mais de uma década. Possui uma trajetória marcada por muito trabalho, muita dedicação e estudos (engenheiro agrimensor de segurança, gestão pública, dentre outras diversas qualificações técnicas e acadêmicas). Casado com Maria Helen há 41 anos, é pai de Ricardo, Renato e Adriana e tem quatro netos.

LUIZ CARLOS DOS SANTOS, O CARLÃO HAMBURGUEIRO – Comerciante araraquarense, há anos vem por meio da gastronomia desenvolvendo a auxiliando no comercio da Vila Xavier e participado ativamente do movimento negro da cidade. Foi funcionário público aos 18 anos, ingressou na área metalúrgica, esteve também à frente do clube de pagode Squina Clube e no comércio de lanches há 37 anos. Casado há 43 anos, é avô de dois netos e hoje é aposentado.

CLÁUDIO CLAUDINO –  Advogado e empresário, atuou e atua ativamente no movimento negro, auxiliando nas atividades e ações visando o combate ao racismo e no avanço da luta antirracista.

CRISTIANO OLIVEIRA – É produtor de eventos e cultura em Araraquara e vem ativamente contribuindo para o desenvolvimento cultural afro da cidade ao longo dos anos, auxiliando na promoção da cultura e participando ativamente do movimento negro. Tem mais de 25 anos de carreira, já trabalhou com diversos artistas de estilos como samba, black music, MPB, entre outros. Aos 14 anos, começou a trabalhar em um jornal diário regional, onde teve uma página de samba e entrevistou grandes nomes.

IRACIDIO STEFANNINI BORGES, O MESTRE IRÁ – Funcionário do Departamento de Estradas e Rodagem (DER), iniciou sua caminhada na década de 1970 na escola de samba Pra Frente Brasil. Depois passou pela Academia do Samba em 1982 e 1983, foi mestre de bateria da União dos Palmares em 1985 e 1986. Em 1997, integrou a Coliseu Dourado com o samba enredo Brasil 500 anos, e foi mestre de bateria da escola de samba Academia A do Samba. Em 2004, foi fundador da escola de samba Nação Quilombola, onde ficou até 2016 como compositor e presidente. Em todas essas escolas, compôs muitos sambas enredos, vários deles campeões. Foi idealizador e fundador de diversas agremiações. Seu primeiro samba enredo foi escrito em 1996 na escola de samba União do Vale do Ouro.

JOSÉ APARECIDO GONÇALVES, O ZÉ PRETTU – Nascido em Araraquara em 18 de novembro de 1956, foi membro fundador do Grupo de Divulgação de Arte e Cultura Negra de Araraquara (GANA), da Federação de Entidades Afro-brasileiras (FEABESP), do JORNEGRO, do Festival Comunitário Negro Zumbi (FECONEZU) e do Bloco do Carvão/Ativistas, que contribuiu na formulação da Constituição de 1988. Foi também delegado do Encontro Nacional de Entidades Negras (ENEN) e do grupo que apresentou o projeto de lei por uma educação afro-brasileira. Foi diretor do Bloco União dos Palmares e eleito ator revelação no Festival do Teatro Amador de Araraquara na década de 70. Devido ao seu envolvimento direto na luta por direitos dos trabalhadores da Unesp (1979), posteriormente mudou-se para a capital São Paulo, onde começou a militar junto ao grupo negro da PUC-SP no início dos anos 1980, atuando nas já citadas FEABESP, JORNEGRO e FECONEZU, organização Quilombola que começou em Araraquara e anualmente é realizado em várias cidades do interior paulista.

JÚNIOR BARROS, O JUNINHO – Músico, fez parte de vários grupos de samba e pagode no município de Araraquara, promovendo a cultura de roda de samba. Compositor, gravou vários álbuns. É auxiliador no desenvolvimento de jovens talentos e músicas negras, além de professor de cavaquinho das Oficinas Culturais de Araraquara.

MARCIANO PEREIRA VIDAL, O ZICO DA PREFEITURA – Tem 45 anos, nasceu em 1º de julho de 1977. É casado com Jenifer e tem três filhos: Júlio, Layssa e Coraline. É servidor público desde maio de 2009 com o cargo de auxiliar de serviços públicos. Um servidor dedicado, sempre empenhando seu trabalho em favor do povo araraquarense, sendo alguém com quem pode sempre contar.

NELSON VICENTE JÚNIOR, O NELSÃO – Ex-jogador de basquete, atuou no Clube 22 de Agosto e no time do Fluminense. Posteriormente foi membro e conselheiro do COMCEDIR e atualmente encontra-se gestor do Posto de Atendimento da Prefeitura de Araraquara no Bairro Selmi Dei.

VAGNER LUIZ DE SOUZA, O GARÇA – Tem atuado como promotor do Futebol Solidário, onde arrecada doações para famílias carentes, e do Quintal do Garça, evento que reúne pessoas de várias cidades além de Araraquara, ambos vinculados à participação da população negra.

Redação

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