Adriel Manente
A Tribuna Popular da Câmara Municipal de Araraquara esquentou os ânimos da sessão dessa terça-feira (2). A nomeação de Aluísio Braz, o Boi (MDB), ao cargo de ouvidor da casa, na semana passada, repercutiu mal. A ponto de duas jovens, Luna Nóbrega Meyer e Renata Barbosa, representantes do coletivo Mulheres de Araraquara, terem se inscrito no plenário para mostrarem indignação quanto à escolha. O discurso das jovens causou um pequeno furor no plenário, a ponto do vereador Tenente Santana (MDB), presidente do legislativo e autor da nomeação do companheiro de partido, rebater as falas de Luna e Renata.
A 102ª sessão começou tranquila. As primeiras a discursarem na Tribuna Popular foram Karina Maia e Walkiria Amaral, representando a Associação de Pais e Amigos dos Autistas de Araraquara (Ampara). Elas discursaram sobre a importância do tratamento e acolhimento das pessoas autistas. Quando a palavra foi aberta aos vereadores, foram só elogios. O vereador Roger Mendes (PP), um dos que mais abraçaram a causa, destacou a importância do trabalho de inclusão da ONG e lembrou também que Araraquara vive a Semana Municipal do Autismo.
Indignação
Logo depois, foram chamadas as jovens para debater a respeito da nomeação de Aluísio Braz, o Boi, ao cargo de ouvidor da Câmara. O discurso de Renata foi todo voltado à indignação quanto à nomeação. “Estamos aqui para mostrar nosso repúdio à indicação de Aluísio Braz ao cargo de ouvidor dessa casa. Entendemos que essa indicação se deu apenas por tratar dos interesses do partido, quando a escolha deveria ser isenta”, relatou.
Foram 10 minutos de intenso debate. “Nós, como mulheres de Araraquara, não temos nada pessoal contra o Boi, mas aqui estamos representando muitas pessoas”, finalizou.
A irritação do presidente se dava clara, quando Luna tomou a palavra para comentar sobre a ditadura militar. O vereador a interrompeu e disse: “O tema não é esse, se você quiser se inscreva novamente para falar sobre esse assunto”.
Ação no MP
Em seguida, foi dada a palavra aos parlamentares. Somente o vereador delegado Dr. Elton Negrini (PSDB) se manifestou. “Concordo plenamente com vocês, nada contra o Boi, mas não está certo. Inclusive já entrei com uma ação junto ao Ministério Público solicitando a revogação dessa nomeação e acredito que o presidente vai rever essa decisão”, disse.
Por fim, falou o presidente Tenente Santana, citado várias vezes pelas jovens. Ele lembrou do artigo 37 da constituição, que diz que o presidente do legislativo tem autonomia para indicar quem quiser para o cargo comissionado. “Constitucionalmente, é totalmente legal a decisão. Não há nada irregular, veremos o que as autoridades competentes de fiscalização dirão”, concluiu o presidente da Câmara, fazendo menção ao processo movido pelo Dr. Negrini.