Vita Pereira e Sol Negro, multiartistas fundadoras do coletivo Travada, participaram do “Canal Direto com a Prefeitura” nesta terça-feira (14) e apresentaram detalhes do projeto cultural Encruzilhada Futurista, que chega à 3ª edição.
O projeto aborda múltiplas linguagens, assim como afetação cultural, moda, cultura ballroom, cultura do funk, hip hop e performances de Araraquara. Sua primeira edição foi realizada em 2019 e a segunda ocorreu no primeiro semestre de 2022, ambas por artistas e educadores racializados, trans e dissidentes sexuais na cidade de Araraquara.
Agora, em 2023, o coletivo traz a 3ª edição da Encruzilhada Futurista: Estéticas Periféricas com apoio e incentivo do edital do PROAC (Programa de Ação Cultural). A terceira edição será dividida em quatro etapas, sendo elas: Residência; Desfile; Exposição de artes visuais em espaço público e Exibição itinerante de documentário sobre a Encruzilhada.
“A Encruzilhada Futurista não é só um projeto sobre moda. A gente trabalha com artistas independentes, videomakers, produtores culturais, produtor musical, com muitas pessoas. É um projeto realmente multicultural. Neste ano, em que a gente ganhou o PROAC, a gente continua essa pesquisa das estéticas periféricas. A Encruzilhada Futurista é um sonho que foi sonhado coletivamente e que, hoje em dia, está extrapolando Araraquara”, afirmou Vita Pereira.
O projeto é aberto a todos os públicos, explica Vita. “Não é por que a gente é travesti, a gente é negra, que a gente faz arte somente para os nossos segmentos. Acho que é muito importante falar que o trabalho não é só sobre LGBT. Trabalha as questões da negritude, das mulheres, dos povos periféricos”, complementou.
Segundo o coletivo, o projeto pretende realizar residências artísticas e de moda em diferentes espaços culturais das periferias de Araraquara, abertos ao público, propondo rodas de conversa, discussões e oficinas de construção de roupas a partir do reúso de tecidos, roupas e materiais não-convencionais.
Como resultado das residências, os participantes irão produzir um desfile performático, além de proporcionar o cruzamento de artistas independentes e jovens periféricos da cidade de Araraquara.
“Esse projeto, além de tudo isso que a vida traz, dessa pesquisa, dessas coisas táteis, ele também entra em um campo de abstrações, de sentimentos, de realizações através dessas conexões, intercruzamentos de ramificações artísticas e desses corpos muito diversificados. Pessoas que sempre trazem muito da sua subjetividade para dentro do projeto, para dentro das produções nas nossas residências”, disse Sol Negro.
O resultado final de todo o processo desde os encontros, produção e desfile será transformado em uma exposição de artes visuais em espaço público aberto oferecido pela Secretaria de Cultura.
A exposição visual na terceira etapa contará com instalações artísticas, fotografias e projeções visuais realizadas em espaços públicos abertos disponibilizados pela Secretaria de Cultura (Quilombo Rosa, Centro de Artes e Ofícios, Horta Comunitária da Zona Norte, Assentamento Bela Vista, Assessoria de Políticas Públicas LGBTQIAP+).
Além de proporcionar múltiplas referências, a Encruzilhada Futurista traz como parte do tema e inspiração a vida e memória de Carolina Maria de Jesus e sua obra “Quarto de despejo”. Também homenageará Madame Satã, figura histórica marcada por sua coragem e que inspira a criar narrativas a partir das experiências de raça, gênero e sexualidade a partir da recusa à adequação.
O projeto será executado no período de março a outubro, sendo as residências nos meses de março até maio. Serão necessárias inscrições online (via formulário digital) com antecedência e conta com vagas limitadas. Informações de inscrições e datas das vagas abertas serão divulgadas nas redes sociais do coletivo e do projeto (@encruzilhada.futurista e @_travada).
O coletivo Travada, através da Encruzilhada Futurista, conta com apoio do Governo do Estado de São Paulo, pela Secretaria de Estado da Cultura – Programa de Ação Cultural – 2022. Todas as atividades são gratuitas.