A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) projeta que o varejo paulista vai faturar 4% a mais em dezembro deste ano. Se confirmada a estimativa, o setor terá um faturamento de R$ 149,7 bilhões no período, o maior da série histórica iniciada em 2008.
Os números devem ser impulsionados pelo mercado de trabalho aquecido, além da renda média em elevação e uma maior injeção de recursos do décimo terceiro salário em curso. No entanto, embora a expectativa seja de incremento nas vendas, a variação do ano anterior havia sido de 7,3% em relação a 2023, o que aponta um quadro de desaceleração no ritmo de crescimento.
De acordo com a FecomercioSP, o desempenho do faturamento do varejo paulista em dezembro será marcado pela tradicional demanda do período e maior circulação de renda na economia. Assim, é esperado um comportamento distinto entre as atividades econômicas, já que algumas são mais afetadas pelas demandas sazonais.
Os supermercados, por exemplo, devem registrar crescimento de 6%, impulsionados pela procura por itens alimentícios e produtos relacionados às comemorações de fim de ano. O segmento de vestuário e calçados aparece como principal beneficiado, com a maior alta projetada do mês, de 9%, ou R$1,4 bilhão a mais de receitas no período.
A Federação também avalia que o maior fluxo de pessoas nas ruas e nos shoppings deve alavancar vendas, efeito também associado aos resquícios das promoções da Black Friday. Nesse movimento, as farmácias e perfumarias devem crescer 6%, alinhada à tendência do segmento nos últimos anos.
Em contrapartida, a entidade ressalta que o ambiente de juros elevados continua restringindo compras que dependem de crédito e parcelamento, como os bens duráveis, o que tende a limitar mais fortemente um avanço de segmentos de maior valor.
Assim, espera-se uma expansão sustentada, principalmente, por supermercados, vestuário e itens de consumo recorrente, ao mesmo tempo em que a conjuntura impõe maior seletividade ao consumidor e reduz o ímpeto de compras financiadas.
Leitura conjuntural
O cenário misto marcado por pontos positivos e impasses é explicado pela própria conjuntura macroeconômica. Por um lado, o desemprego segue em queda, alcançando a marca de 5,2% no terceiro trimestre de 2025 no estado, fator que estimula o consumo e impacta na renda média, que também bateu recorde.
Até outubro de 2025, foram criados mais de 510 mil empregos formais no estado de São Paulo, consolidando um estoque de 14,81 milhões de trabalhadores de carteira assinada.
Enquanto isso, a taxa de juros básica mantida em 15% por quatro reuniões consecutivas do Copom representa elevado custo do crédito por um período prolongado, sendo uma das mais altas do mundo. A taxa de juros real brasileira, que mede a taxa nominal descontada a inflação, chegou a 9,44% em dezembro, a segunda mais cara, apenas atrás da Turquia.
Portanto, o cenário positivo de maior parcela da população formalmente empregada e com maior capacidade de consumo é freado pelo alto custo do crédito. Espera-se um desempenho positivo puxado por alguns segmentos neste mês de dezembro, mas o ano seguinte exige maior cautela com a desaceleração da economia.































