sexta-feira, 22, novembro, 2024

O diálogo nas escolas, ou o diálogo e o livre arbítrio

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Por Fabi Virgílio

Participei esta semana de um diálogo importante em escola estadual sobre a minha trajetória de vida e, mais recentemente, de meus caminhos na vida pública onde exerço atualmente o cargo de vereadora da nossa Câmara Municipal.

Uma trajetória construída por uma longa trilha de ações de cidadania, de enfretamento às injustiças, enfim, de construção de uma história que começou muito cedo, muito antes de me tornar vereadora.

Venho de uma família bastante simples, da Vila Gaspar na região da Vila Xavier. Mãe dona de casa e pai pedreiro, pessoas honradas que proveram boa parte da minha vida.

Comecei a trabalhar em casa já aos dez anos, depois como babá e empregada doméstica. Mas eu tinha sonhos de seguir outros caminhos e, afinal, é para isso que escolas, diálogo e livros existem. Máquinas têm programação; pessoas têm sonhos.

A escola é e deve ser espaço de boniteza, de troca, de emancipação, de ampliação de horizontes. De romper com o medo de sonhar e de realizar.

Fui à escola falar aos meus iguais, jovens adolescentes de origem semelhante à minha e que iniciam suas trajetórias de vida. Com todos os sonhos, tendo de fazer escolhas o tempo todo, com dezenas de informações e opiniões à sua volta. Não é um período fácil da vida.

E nesse sentido fui recebida para falar da minha experiência, que me permitiu ter esse lugar de fala.

Prezo pelo diálogo, pela não truculência, pela não violência, mesmo as mais sutis; prezo pelo livre arbítrio – talvez essa uma das grandes lições deixadas por Jesus em sua passagem terrena. Daí a importância de se ouvir, ouvir e ouvir, falar, falar e falar, antes de realizar escolhas.

E foi isso que fiz, mais uma vez, no espaço sagrado que é a escola. Falei da minha experiência, das minhas escolhas e de como optei pelo caminho que o ensino me oferecia, que o teatro e a cultura me ofereciam. Falei sobre a desigualdade de gênero enraizada na sociedade, que grita em nossa cara seus dados: só 15% das mulheres são deputadas federais, só 11% de mulheres são eleitas para cargos do executivo. Em Araraquara, no poder legislativo, mais de 200 homens foram eleitos e até hoje, século XXI, só 13 mulheres; e, até agora, nenhuma mulher foi eleita para o cargo de Prefeita e isso, na minha visão, precisa ser mudado.

Sempre colocaram as mulheres nos lugares privados e não na questão pública. Então é emergente que isso seja falado, para que muitas outras meninas, jovens, mulheres, também se incluam na vida pública.

Sou apenas mais uma pessoa que fez escolhas e que vive honradamente.

Jamais quis impor minha forma de ver o mundo e nossa sociedade. Mas acho fundamental falarmos de possibilidades, de sonhos, de novos papéis que possamos almejar para nós mesmos, sobretudo as mulheres!

Redação

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