Polícia Civil desmantela quadrilha que simulava roubos para desviar cargas em três estados

Operação "Falso Roubo" desarticula organização criminosa que causou prejuízo de R$ 4 milhões com esquema de desvio de mercadorias

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A Polícia Civil do Estado de São Paulo deflagrou na manhã desta sexta-feira (01/08) a Operação “Falso Roubo”, que objetiva o cumprimento de 8 mandados de prisão temporária e 18 mandados de busca e apreensão domiciliar em três estados brasileiros. Até o momento, um dos alvos foi preso em Sertãozinho/SP e as diligências continuam para localizar e prender os demais investigados. A ação visa desarticular uma sofisticada organização criminosa especializada no desvio de cargas mediante simulação de crimes de roubo.

A operação foi coordenada pela Delegacia de Polícia de Guaíra/SP, com apoio da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) e da Delegacia Seccional de Polícia de Barretos (DISE), Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Guaíra, Grupo de Operações Especiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (GOE/DEIC) de Ribeirão Preto e todas as Delegacias Seccionais subordinadas ao DEINTER-3 (Ribeirão Preto), além das Polícias Civis do Paraná (PCPR) e Santa Catarina (PCSC).

Início das investigações

O caso teve início em maio de 2024, quando equipes da Delegacia de Guaíra/SP foram acionadas por funcionários de uma empresa do ramo alimentício após notarem comportamento suspeito de um motorista que aguardava carregamento. Durante a abordagem, os policiais descobriram que o caminhão trator estava com placa traseira ausente e, no porta-luvas, foram encontradas quatro placas de veículos diferentes, além de documentos que não correspondiam ao veículo.

O motorista foi preso em flagrante por adulteração de sinal identificador de veículo automotor e estelionato. A partir desta prisão, investigações mais aprofundadas revelaram um esquema criminoso de grande envergadura.

Modus operandi da organização

A investigação, conduzida com técnicas modernas de investigação policial, revelou que a organização criminosa atuava de forma estruturada, com divisão clara de tarefas entre seus integrantes. O grupo era composto por 8 motoristas principais, além de proprietários de caminhões e semirreboques que facilitavam as operações ilícitas.

O esquema funcionava da seguinte forma: os motoristas carregavam legitimamente as mercadorias nas empresas, mas posteriormente desviavam as cargas para receptadores. Para encobrir os crimes, dirigiam-se a delegacias de polícia em São Paulo e registravam falsos boletins de ocorrência, alegando terem sido vítimas de roubo.

Entre setembro de 2023 e abril de 2024, foram identificados 15 boletins de ocorrência falsos registrados pelos integrantes do grupo, sempre com narrativas similares: alegavam ter sido abordados por 3 ou 4 criminosos armados, conduzidos a locais ermos e posteriormente liberados com os veículos abandonados sem as cargas.

Prejuízos e bens envolvidos

A organização criminosa foi responsável pelo desvio de cargas diversas, incluindo fertilizantes, bobinas de cobre, equipamentos industriais, ureia, açúcar e produtos alimentícios, causando prejuízo total estimado em R$ 4.225.970,51 (quatro milhões, duzentos e vinte e cinco mil, novecentos e setenta reais e cinquenta e um centavos).

Além das prisões, a Justiça determinou o sequestro dos veículos utilizados nos crimes, incluindo caminhões tratores e semirreboques das marcas Scania, Iveco e Mercedes-Benz, além do bloqueio de valores bancários dos investigados até o limite do prejuízo causado.

Abrangência da operação

Os mandados foram cumpridos simultaneamente em 10 cidades distribuídas pelos estados do Paraná (Londrina, Mandaguari, Sertanópolis, Foz do Iguaçu e Curitiba), Santa Catarina (Canoinhas e Balneário de Piçarras) e São Paulo (Sertãozinho, Ribeirão Preto e Franca), demonstrando o alcance interestadual da organização criminosa.

Crimes investigados

Os integrantes da organização criminosa responderão pelos crimes de organização criminosa previsto na Lei 12.850/2013, furto qualificado mediante fraude, receptação qualificada, falsa comunicação de crime, falsificação de documento público e adulteração de sinal identificador de veículo automotor.

A Polícia Civil continua as investigações para identificar possíveis outros integrantes da organização e receptadores das cargas desviadas. A operação demonstra o comprometimento das forças policiais no combate ao crime organizado que atua no desvio de cargas, modalidade criminosa que causa significativos prejuízos à economia nacional.

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