“Sou linguista, mas meu grande orgulho é ser professora.” A fala da doutora em Letras Clássicas (Grego) pela Universidade de São Paulo (USP) e professora emérita pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Maria Helena de Moura Neves, reflete a simplicidade de quem, ao longo dos últimos 70 anos, dedica-se a desmistificar a gramática e inspirar alunos e colegas. Não à toa, seu nome foi escolhido para receber o Diploma de Honraria de Patrimônio Emérito Cultural Araraquarense, entregue na noite de 8 de março, em solenidade na Câmara Municipal.
A homenagem integra as comemorações ao Dia Municipal do Patrimônio Emérito Cultural, instituído pela Lei Municipal nº 9189, de 2018, de autoria do vereador Zé Luiz – Zé Macaco (PPS) e promovido pela Associação de Bueno de Andrada para Cultura e Turismo Rural (Abatur). De acordo com o diretor-fundador da entidade, Théo Bratfisch, o propósito da honraria é prestigiar, em vida, araraquarenses que se destacaram, no âmbito do município ou fora dele, em atividades políticas ou sociais de produção artístico-cultural. “Autora de diversas publicações, Maria Helena materializa o ensino da gramática, destacando o município de Araraquara no cenário nacional e internacional de linguística”.
Representando o prefeito Edinho Silva (PT), a gerente de Preservação do Patrimônio Histórico da Prefeitura, Alessandra Lima, se disse honrada em participar da solenidade. “Seu trabalho não é apenas um exemplo, mas sim inspiração para todos nós”, resumiu. Emocionado, o vereador José Carlos Porsani (PSDB), amigo da família há muito tempo, parabenizou a professora por compartilhar todo o seu conhecimento com tanta dedicação.
O presidente da Câmara Municipal, Tenente Santana (MDB), foi representado pelo parlamentar Lucas Grecco (PSB), que classificou a noite como “memorável”. “É um privilégio poder presidir uma solenidade tão relevante de um ser tão iluminado”, afirmou. O vereador Elias Chediek (MDB) também participou da homenagem.
Sobre a homenageada
Natural de Araraquara, Maria Helena de Moura Neves nasceu em 1931 e concluiu o antigo primário com 8 anos. No entanto, o sonho de cursar a faculdade ficou para mais tarde, apenas após criar os filhos, com cerca de 40 anos de idade. Seu trabalho como professora começou aos 18 anos e, desde então, nunca mais parou. Mesmo aposentada, até hoje atua na pós-graduação da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara como voluntária, e leciona também na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Autora de mais de 20 livros, assina outra centena com demais colegas. É pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de desenvolver trabalhos sobre a gramática de usos do português, texto e gramática, história da gramática, descrição da língua portuguesa e funcionalismo.
Para dar conta de tanta produção, a rotina é puxada: dorme somente quatro horas por dia e trabalha de 19 a 20 horas. E ainda sobra tempo para a família: “sou mãezona”, garante. Inclusive sua realização como professora, ela credita à maternidade: “É muito maternal ser professora, acho que, por isso, sinto-me tão completa em sala de aula. Sou agradecida por poder carregar o título de professora de Araraquara”