Giuseppe Leonard, o padre e paleontólogo que devido a uma dor de dente parou em Araraquara nos anos 70 e descobriu centenas de pegadas de dinossauros, esteve neste último sábado (13) visitando o MAPA – Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara, acompanhado por um grupo de profissionais brasileiros e estrangeiros.
Giuseppe Leonard é especialista em dinossauros e figura entre as principais autoridades no mundo em pegadas fósseis de tetrápodes e em comportamento e sociologia de dinossauros, pterossauros (pterodactilos) e cervos fósseis.
Na década de 1970, o italiano naturalizado brasileiro constatou que as lajes de arenito exploradas comercialmente e utilizadas na pavimentação de Araraquara continham inúmeros registros de pegadas de dinossauros e mamíferos, além de rastros de invertebrados.
O paleontólogo que deu sequência aos estudos de Giuseppe Leonard, Marcelo Adorna Fernandes, da UFSCar, faz parte do grupo e conta que os profissionais vieram ao Brasil para participar de um Congresso Internacional que acontece de 14 a 19 de abril, em Florianópolis – o ICHNIA 2024 (International Congress on Ichnology).
Dr. Anthony Martin, Dr. Arturo Heredia, Dr. Gregory Retallack, Dr. Laura Piñuela, Dr. Ryosuke Kimitsuki, Dr. Ruth Schowalter, Dr. Verónica Krapovickas são paleontólogos da Espanha, Austrália, Estados Unidos, Japão e Argentina, especialistas e pesquisadores de vestígios e pegadas fósseis.
O grupo liderado pelo Padre Giuseppe Leonardi, juntamente com a equipe brasileira – Heitor Francischini e Paula Dentzien-Dias da UFRGS, Marcelo Adorna Fernandes da UFSCar e Bernardo Peixoto da UNESP de Bauru – veio antes do Congresso, para conhecer a “famosa” cidade de Araraquara e seus vestígios fósseis (pegadas de dinossauros, mamíferos e pistas de invertebrados) com 135 milhões de anos, preservados ainda nas calçadas do município.
A visita do grupo é um momento importante para valorização da Paleontologia Brasileira, com reconhecimento internacional para as pesquisas desenvolvidas na região de Araraquara. “Estes pesquisadores levarão consigo nosso legado, para futuras gerações de paleontólogos que reconhecerão o nome de Araraquara como a cidade das calçadas cretácicas. Um importante local de ocorrência desse tipo de vestígio fóssil”, aponta Adorna.
Todo o grupo realizou um tour pelo patrimônio fossilífero da cidade, visitando a Pedreira São Bento, onde o padre retirou as primeiras lajes com registros de pegadas de dinossauros.
Ainda, o grupo visitou o MAPA, percorreu a rua 5 passando pelo “Museu a Céu Aberto” e seguiu em direção ao Parque Infantil, com Giuseppe mostrando suas descobertas ao grupo.
O gerente dos Museus, Gustavo Ferreira, lembra que a presença da equipe no MAPA mostra a importância do acervo do museu e também o quanto Araraquara é reconhecida internacionalmente do ponto de vista paleontológico. “Foi uma experiência inesquecível, pois aprendemos muito com os pesquisadores e, quanto ao Padre Giuseppe, fiquei impressionado com o quanto ele é respeitado e admirado pelos estudiosos da área, esbanjando muito conhecimento e simpatia.”
Vale lembrar que o MAPA possui a exposição permanente “Areias do passado, marcas no presente”, inaugurada em 2016, com os saberes produzidos a partir dos estudos de Giuseppe Leonardi, na década de 1970. A exposição – com curadoria da Fundação Araporã e também de Marcelo Adorna, – está organizada em três módulos: introdução à Paleontologia; uma viagem no tempo e no espaço; e o patrimônio paleontológico de Araraquara.