sábado, 27, julho, 2024

Marcha Unificada reforça luta contra o racismo e a violência contra mulheres e população LGBTQIA+

Caminhada foi realizada neste feriado de 20 de novembro, com concentração na Praça do Japão e percurso até o Cear

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Esta segunda-feira (20), Dia da Consciência Negra, foi marcada por um ato de resistência que reuniu três causas em uma caminhada que saiu da Praça Japão até o Cear, com o propósito de fortalecer a luta contra o preconceito e a violência. A Marcha Unificada foi composta pela 17ª Marcha da Consciência Negra, a Marcha do Dia Internacional da Memória Trans e a Marcha dos 21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas.

A secretária de Saúde, Eliana Honain, que representou o prefeito Edinho na solenidade, enalteceu o propósito da marcha. “Hoje é um dia de conscientização e esse movimento é extremamente importante. É um mês de conscientização, um mês de luta contra a discriminação e da valorização das religiões de matrizes africanas. É importante lembrar de todas as ações que já fizemos no nosso governo. Tivemos várias manifestações que vão de encontro com os objetivos dessa marcha, como a inauguração do Centro Cultural das Religiões de Matrizes Africanas, que teve a presença da nossa querida ministra Anielle Franco. Tivemos várias atividades culturais, os nossos shows, e temos que aproveitar esse momento. E também é o mês que volta as atenções para as mulheres vulneráveis. Queremos despertar a consciência das pessoas com o tema, que questiona até onde vai o nosso racismo. Muitas vezes o racismo não se manifesta apenas na intolerância em relação à cor, mas o grande racismo que vemos é em relação às religiões de matrizes africanas. É importante estarmos conscientes disso e juntos lutarmos para que não haja mais nenhuma discriminação de nenhum tipo nesse país”, frisou.

A deputada estadual Thainara Faria (PT) também deixou sua mensagem no encontro. “Nós somos o último país da América Latina a abolir a escravização, mas isso em tese, porque no dia a dia continuamos sendo o mais altos índices dos assassinatos, dos genocídios e dos encarcerados. Por isso, neste 20 de novembro, quero chamar vocês à reflexão do nosso papel na continuidade e na manutenção dos nossos direitos. Os nossos direitos foram garantidos na Constituição Federal, porém no dia a dia vemos eles sendo violados. Hoje, para além da consciência e da assistência, estarmos vivos é muito importante, mas continuar marcando presença na cidade para mostrar nosso posicionamento é mais importante ainda”, apontou.

O vereador João Clemente (PSDB) destacou que é preciso lutar contra a impunidade relacionada aos casos de racismo. “Já estamos nos guiando léguas e léguas de outras realidades, mas o trabalho existe e precisa ser feito. Temos uma grande chaga no nosso município para discutir ainda neste tempo. Temos mapeado números do boletim de ocorrência de pessoas que são vítimas de racismo e, por conta de negligência do poder judiciário, não se avança nessa pautas para que possamos ter os nossos detratores atrás das grades e nos indenizando, e assim possamos ter a devida aplicação da lei. A Frente Parlamentar tem se preocupado com isso”, revelou.

A vereadora Filipa Brunelli (PT) também citou outras causas que nortearam a marcha. “O dia 20 de novembro é muito importante pela questão da Consciência Negra, pelos 21 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra mulheres e meninas, pela memória das pessoas trans e também pelo Dia dos Orixás. As quatro pautas dialogam de forma transversal. Que nós possamos, de uma vez por todas, refletirmos. Não existem avanços nessas quatro pautas se não enfrentarmos o fundamentalismo religioso dentro das instituições públicas”, ressaltou.

O vereador Guilherme Bianco (PCdoB) também representou a Câmara Municipal no ato. “Eu não acredito em um movimento popular que não tem memória. Se chegamos até aqui, é porque muita gente deu a vida por isso. O meu papel, enquanto parlamentar branco, é de ser aliado à luta, é ser aquele que vota junto e aquele que escuta. Mais do que isso, é dar voz ao movimento negro, que sempre foi expulso dos espaços de poder. Eu entendo ser esse o meu papel na Câmara Municipal de Araraquara. Eu desejo muita força e muita resiliência a esse movimento, que não surgiu agora, surgiu com o início da escravização do povo negro, que segue resistindo e mudando a cara do nosso país e a cara da nossa cidade”, comentou.

O vereador Alcindo Sabino (PT) exaltou a luta proposta pela marcha. “É impressionante quando levantamos os números das pessoas condenadas por racismo na nossa cidade e vemos que é quase zero, quase nulo. Temos que batalhar e enfrentar isso com muita luta. Não é uma resistência fácil de ser feita, mas temos que fazer esse debate para que isso não aconteça mais, não só em nossa cidade, mas que seja Araraquara símbolo e seja olhada por outros municípios como a cidade que enfrentou judicialmente o racismo no nosso estado e no nosso país”, projetou.

O secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Marcelo Mazeta, também falou sobre a importância do encontro. “Penso que esse é um ato importante e precisamos cada vez mais reforçar tudo aquilo que o tema traz para nós, que é até onde vai o nosso racismo. Precisamos ir para além daqueles limites que nos encontramos, que se estabelecem e se estabilizam. Superar esse marco é fundamental. Esse tema nos faz refletir e faz com que a gente enfrente isso com mais rigor e com a própria legislação para que tenhamos cada vez mais uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna”, colocou.

A coordenadora de Políticas Étnico-Raciais, Alessandra Laurindo, reforçou que a marcha não é para comemorar, mas para fortalecer a luta antirracista. “Temos esse dia como um marco de luta e resistência da militância negra. Nós viemos aqui para mostrar a nossa voz, soltar o nosso grito, de toda simbologia que essa data carrega. Além de tudo isso, ouvimos muito que entramos no mês da paciência negra, que tem que ter a consciência humana e tudo mais. E a frase que deixamos é: enquanto a consciência humana for racista, a gente precisa do dia 20 como dia da Consciência Negra”, observou.

A coordenadora de Políticas para Mulheres, Grasiela Lima, falou sobre a união das causas na marcha. “Esse momento é importantíssimo para nos fortalecermos na luta. E por que o Brasil é o único país que começa o ativismo pelo fim da violência contra as mulheres no dia 20 de novembro? Porque as mulheres pretas são as principais vítimas de todas as formas de violência de gênero. Estamos aqui também para marcar um protesto, uma marcha, em prol da defesa e dos direitos das mulheres, por uma vida sem violência, em especial às mulheres pretas, que são principais vítimas de violência sexual, violência obstétrica e violência política de gênero, assim como as mulheres trans”, explanou.  

O coordenador de Habitação, Anderson Morfy, também deixou seu recado. “Sabemos que nos dias de hoje temos as mulheres se organizando, assim como negros e LGBTs. Todos estão se organizando, mas é importante que a gente não perca o rumo e a atenção que precisamos nos organizar também enquanto classe trabalhadora, classe que produz riqueza e classe que sustenta muitas coisas que a gente vê e não concorda com a sociedade. E esse mesmo espírito que nos junta nessa marcha unificada deve nos juntar para enfrentar todas as opressões que estão colocadas na sociedade, como o racismo, a LGBTfobia, o racismo religioso, o machismo e tantos outros preconceitos que estão impregnados na nossa sociedade. Só juntos conseguiremos dar uma resposta à altura a tudo isso que está acontecendo”, salientou.

A atividade integrou a programação do Novembro Negro em Araraquara, promovida pela Prefeitura através da Coordenadoria de Políticas Étnico-Raciais. Com o tema “Até onde vai o seu racismo?”, a campanha deste ano tem o objetivo de despertar para reflexão e envolver a população em geral para uma ação prática e efetiva, seja através do impacto visual, do estímulo à conscientização coletiva, mas principalmente para a valorização da identidade e da cultura afro-brasileira.

A concentração ocorreu na Praça do Japão, no Jardim Primavera, onde houve ainda Encontro das Pretas, Encontro de Terreiros, Maracatu e apresentação das Oficinas Culturais. O destino da marcha foi o Centro de Eventos de Araraquara e Região (Cear), onde aconteceu o terceiro dia de shows gratuitos realizados pela Prefeitura em parceria com o Sesc e o Ministério do Turismo, com apresentações do DJ Lelee, Mariene Castro e Seu Jorge.

A programação do “Novembro Negro” em Araraquara vai até o dia 2 de dezembro com uma ampla agenda de atividades. O destaque da programação foi a visita da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que participou, na última terça-feira (14), da inauguração do Centro de Cultura das Religiões de Matrizes Africanas “Genny Clemente”, obra que foi uma demanda eleita como prioridade na Plenária da População Negra do Orçamento Participativo. Confira abaixo as próximas atrações da programação:

PROGRAMAÇÃO NOVEMBRO NEGRO 2023
Tema: Até onde vai o seu racismo?

23 de novembro


Letramento Racial em Porto Ferreira

24 de novembro


19h – Prêmio Zumbi dos Palmares
Homenageada: Luciana, goleira da Ferroviária

Prêmio Dr. Laphayette Alves – OAB
Drª Rosimeire Motta
Local: Câmara Municipal

25 de novembro

14h às 18h – Ciclo de Formação Aquilombamento Aqualtune: Ancestralidade, Cidadania, Diversidade, Educação e Equidade
Realização: Aquilombamento Aqualtune
Local: Casa SP Afro Brasil Oswaldo da Silva – Bogé

26 de novembro

16h – Show: Chega Pra Sambar
Tradicional Grupo de Ribeirão Preto apresenta sucessos de Fundo de quintal, Zeca Pagodinho, Raça Negra, Almir Guineto, Dudu Nobre e Jorge Aragão
Local: Área de Convivência do Sesc

29 de novembro

Letramento Racial em Mineiros de Tietê

30 de novembro


Agenda Externa – 09h30 – Lançamento do Livro: A história Comprovada Mandatos: Dep. Leci Brandão, Marcia Lia e Thainara Farias
Local: Alesp

1º de dezembro

19h – Título de Honra ao Mérito: Carlos Alberto do Amaral
Iniciativa: Vereador João Clemente
Local: Câmara Municipal

2 de dezembro

Encerramento da Programação
Dia do Samba – Papai Noel Negro – Luzes de Natal e Abertura da Semana de Direitos Humanos com a Feira das Nações
Praça do Daae

Mais informações em www.araraquara.sp.gov.br

Redação

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