sexta-feira, 26, julho, 2024

O que aprendi com minha mãe

Todas nós podemos ser um pouco ou muito mãe quando estamos dispostas a parir e repartir o amor que existe na gente. E nem sempre mãe é aquela que pariu, mas a que cuida, vigia os passos, que encaminha para o melhor caminho

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Celia Pires – Colaboração

Uma das datas comemorativas mais importantes é o Dia das Mães, pois tem como principal objetivo homenagear aquela que orienta e, sobretudo, ama os filhos e faz tudo que está ao seu alcance, às vezes até sacrifícios, para que se desenvolvam e construam dignamente uma vida pessoal e profissional.

Alguns filhos de variadas idades e profissões foram questionados sobre o que aprenderam com suas mães e, sem nenhuma exceção, todos os ‘alunos’ falaram de suas ‘professoras’ com genuína emoção.

Estudar para ser alguém

Quando ainda criança, o engenheiro mecânico/industrial, Akio Kussumi, de 82 anos, morava em um sítio e colhia, por exemplo, laranjas, mangas, tangerinas e mamão. “Eu escolhia as frutas mais bonitas e separava para mim. Quando vinha alguém em casa, a minha mãe pegava as frutas escolhidas por mim e dava de presente. “Eu ficava muito bravo com a mãe. Ela me dizia o que eu acharia se alguém me desse as frutas mais feias? Pois então, quando você vai presentear alguém, dê as mais bonitas e melhores”.

 Outro ensinamento que Massayo, sua mãe deixou, foi que se quisesse ser alguém na vida, com menos sofrimento, teria que estudar e se formar em um curso superior. Graças à sua intervenção, força e determinação, consegui”. 

Amar a família

A nutricionista, Cristina Rodolphe, conta que aprendeu com sua mãe Dona Firmina, a ser guerreira, a não desistir dos seus planos, sonhos, dos seus projetos, seguir adiante independente do que tenha acontecido, bom ou ruim, deixar tudo para trás e seguir em busca dos nossos sonhos. Minha saudosa mãe nos orientava a estudar sempre, ser uma pessoa honesta, amar a família, amar os irmãos. Foi isso que aprendi com minha mãe, Só não aprendi muito mais porque ela faleceu muito cedo, pois se estivesse aqui ensinaria muito mais, mas o que ela me ensinou valeu para uma vida inteira”.

Meu exemplo de vida

A fisioterapeuta, Talita Fernandes Lopes, filha da Marlene Lopes, da Casa Mater e voluntária em vários projetos na cidade, conta que aprendeu e ainda aprende muito com sua mãe. Tanto que acha que nem tem palavras para expressar tudo o que sente. “A gente não fala somente o que aprendeu, mas também quer agradecer por ela ter doado e dedicado a sua vida pra nossa. Com ela aprendi a ser mais carinhosa, mais paciente, a ter um olhar diferente para o outro”.

Ela ressalta que ainda vem aprendendo, pois a cada dia Marlene se torna uma pessoa mais maravilhosa. “Eu a admiro, é o meu exemplo de vida. Então, é agradecer e dizer que a amo muito”.

Ser resiliente

 A filha caçula de Dona Maria de Jesus Brito, Maria Cecilia Mendonça, conta que o que aprendeu com sua mãe foi ser resiliente, prática, uma pessoa realista, pois as pessoas são fortes quando elas encaram as situações. “Minha mãe me ensinou que tem coisas que a gente tem que superar e se restabelecer. Ela é uma pessoa totalmente realista, então ela me fez realista. A gente tem que encarar a vida como ela é. Essa é a maior lição que ela me deu na vida de vida a gente não consegue viver bem”.

Para Ciça, como é carinhosamente chamada, a mãe é uma pessoa maravilhosa, generosa, perfeita. “Ela nos orienta que se deve ser muito realista para poder ajudar as pessoas que estão em nosso entorno, pois se ficarmos fantasiando situações, relações de vida, não conseguiremos viver bem. Ela é enérgica, muita prática e realista e sempre diz que tem coisas que a gente não pode evitar na vida, tem que encarar de frente”.

Ela acrescenta que aprendeu a lição que sua mãe ensinou para sua vida toda: a gente tem que encarar nossos medos de frente, até aqueles que a gente tenta evitar. “Ela é meu maior amor na vida, mas um dia a gente tem que encarar que a vida vai ser fatídica e eu tenho que ser forte o suficiente para poder viver sem ela e ela me preparou para isso”.

Paciência e coragem

A escritora, Maria Aurélia Minervino conta com emoção que Anita era o nome de sua mãe, uma mineira, corajosa, forte e muito linda. “Tinha uma força dentro dela e nada a tirava do caminho e se não desse certo ela voltava e começava tudo de novo. Me ensinou a ter paciência, a ter a coragem dela, a fortaleza que ela tinha, que ela era. Bom, me ensinou tudo na minha vida. Na realidade sou muito ela”.

Praticar o amor à família e ao próximo

Para a diretora aposentada, Maria Profetiza dos Santos, todos os dias são de sua mãe. “Minha doce mãe, todos os dias são seus, mesmo que faça doze anos que você se tornou uma estrelinha. Deixou muita coisa boa e o que mais aprendi e admirei em você foi o que é amar ao próximo, amar a família e praticar o amor. Gratidão por tudo, feliz dia das mães. Saudades!”

Profetiza traz uma recordação agridoce de quando a mãe estava com Alzheimer: minha mãe era meu esteio, meu arrimo. “Nos últimos anos quando ela estava com Alzheimer ficava com uma pessoa até eu retornar à tarde da Secretaria de Trânsito onde atuava. Quando eu chegava do trabalho os papéis se invertiam e ela me chamava de mãe e dizia: ai mãe que bom que você chegou! Perto do sofá ficava um vidro de Leite de Rosas e algodão. Ela falava: deita aqui no meu colo porque você está cansada. Limpava meu rosto…Nossa que mãe!”

Maria lamenta ter perdido ambos os pais no mesmo ano. “Meu pai também foi muito gente fina. Perdi os dois no mesmo ano, 2012, ela em janeiro e ele em setembro. Devo a eles o que sou hoje, de chegar até onde cheguei”.

O de fazer pouco, muito

Vilma Schiavinato, do Instituto Idioma Surdo, mãe de Silvia e de Pedro, conta que sua saudosa mãe Maria do Carmo era uma pessoa bem simples e que certas questões na época ainda não eram abertamente discutidas e a sociedade majoritariamente conservadora. Assim, de todas as coisas que ela ensinou, o que mais a marcou e que carrega para a vida é o de fazer pouco, muito. Como assim? alguém pode perguntar. E ela explica que, às vezes, de um punhadinho de carne moída para fazer o molho de macarrão, sua mãe fazia o molho e ainda várias panquecas, com dois ovos ela preparava um baita ‘omeletaço’ alto, cremoso, que dava para os quatro de casa comerem. Então, ela sempre fez de pouco, muito. Isso foi uma das coisas que mais marcaram para mim e que vou carregar por muito tempo”.

Vilma relata que chegou à conclusão de que várias coisas que não foram passadas por conta da época, mas ela me ensinou isso e é algo dela. “Hoje compreendo que essa criatividade culinária era um dom, uma bênção”, finaliza.

Força e resiliência

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Essa frase contida no livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha, descreve um pouco do que foi a minha saudosa mãe, Maria Lurdes Dantas de Almeida da Luz, falecida recentemente no dia que completou 73 anos. Mesmo convivendo menos tempo de minha vida que eu gostaria com ela, a vida difícil da mulher que mora no sertão da Bahia me ensinou que devemos ser resilientes e fortes para enfrentar os obstáculos que se apresentarão ao longo da nossa vida. Minha mãe fazia cerca no sítio, carpia a roça no sol quente, a vida que a gente leva aqui nem de longe tem as dificuldades que ela enfrentou”, destaca a podóloga Maria Zeni Almeida da Luz.

Redação

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