sexta-feira, 22, novembro, 2024

Professor de Medicina da Uniara fala sobre aspectos do câncer

Luís Henrique de Carvalho aborda tipos, sintomas e prevenção da doença

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O câncer é uma doença complexa e difícil de lidar, seja no aspecto psicológico, seja no físico da pessoa acometida e, por vezes de seus familiares. O professor do curso de Medicina da Universidade de Araraquara – Uniara, Luís Henrique de Carvalho, que é médico oncologista, aborda os tipos, sintomas e prevenção da doença, e destaca: “É muito importante sermos parceiros dos pacientes porque às vezes essa é uma jornada difícil”.

Os tipos de câncer mais comuns no ser humano, segundo ele, são: câncer de pele não melanoma, neoplasia de mama, neoplasia de próstata, neoplasia colorretal e neoplasia pulmonar, sendo o primeiro o que mais acomete as pessoas. “Porém, em relação ao risco para pacientes oncológicos, a grande maioria dos tumores de pele não melanomas é resolvida apenas por uma ressecção da doença local, pelo dermatologista ou cirurgião plástico, que retiram a doença e não se tem mais problemas”, esclarece o docente.

Excetuando-se pelo câncer de pele não melanoma, o número um que atinge as mulheres hoje é o de mama e, nos homens, é o de próstata, de acordo com Carvalho. “Temos ainda um número bastante crescente da neoplasia colorretal, que seria o segundo em incidência, tanto no homem quanto na mulher, no mundo todo, e o câncer de pulmão ainda tem uma incidência bastante alta. No mundo, o diagnóstico é em torno de quatro milhões de casos por ano, e isso vem aumento de forma bastante significativa”, aponta.

No Brasil, hoje, “são mais de 700 mil casos diagnosticados ao ano e isso também está aumentando”. “Deve-se lembrar que as incidências e estatísticas têm uma tendência até mesmo a números maiores porque em determinadas áreas, o nosso comprometimento estatístico é bastante limitado. Então devemos ter um valor extremamente elevado de pacientes oncológicos nos próximos anos”, alerta o professor.

“A Sociedade Americana de Oncologia, assim como a Europeia, realiza as revisões estatísticas de forma bastante rigorosa e persistente, e o que checamos – também são dados da Organização Mundial da Saúde – OMS – é que o câncer, hoje, é a segunda doença no mundo em mortalidade, ou seja, em incidência e comprometimento de saúde das pessoas. Há uma previsão de que, por volta de 2030 a 2040, o câncer se tornará a primeira doença em mortalidade no mundo”, afirma Carvalho.

Ele coloca que o câncer caminha como uma doença extremamente prevalente e significativa, “mas quando conseguimos ter um diagnóstico precoce, conseguimos também realizar um tratamento muito adequado”. “Porém, esse é o maior desafio, já que não é a realidade atual. A cura do câncer é uma palavra um pouco complexa na oncologia. Trabalhamos com cura geralmente nos casos em que conseguimos fazer o diagnóstico ainda da doença inicial”, salienta.

Quanto aos sintomas, “pessoas que apresentem, por exemplo, nódulos nas mamas ou axilas, alterações muito importantes na forma de urinar, dores abdominais que não cessam em um período de três a seis meses, diarreias não controladas ou sangramento nas fezes ou perda de peso extremamente significativa e rápida, têm que ser avaliadas pelo médico”.

Os tratamentos, de acordo com o médico, evoluem bastante. “As quimioterapias, radioterapias e cirurgias são agora implementadas com outras ordens de tratamento, como imunoterapia, bloqueios hormonais, que usamos há muitos anos, e principalmente drogas alvo moleculares ou alvo específicas. Nesse sentido, estamos aumentando o arsenal de tratamentos. A cada ano, há muitas moléculas sendo avaliadas em pesquisa clínica, então há diversos dados novos e alternativas. Eu diria que nossa munição de tratamentos aumenta de forma extremamente considerável, e isso é excelente”, avalia.

As expectativas de combate à doença são boas, em sua opinião. “Estamos caminhando, e acredito que em um futuro próximos já teremos drogas que consigam ‘segurar’ a doença metastática de melhor maneira. Acho que vamos assistir em breve, nas próximas gerações, ao controle do câncer. Isso, acho que é um ponto extremamente importante, e será viável em breve”, acredita o professor.

A prevenção ao câncer é bastante ampla, de acordo com Carvalho. “Inicialmente, o que sempre recomendamos é que as pessoas possam cuidar melhor de sua saúde. Se possível, terem um peso adequado, uma dieta que seja moderada e equilibrada, a prática de atividade física, o consumo de bebidas alcoólicas com muita restrição e controle, evitarem o tabagismo e terem acompanhamento médico, que é fundamental”, orienta.

“O homem, a partir dos seus cinquenta anos ou 45 anos se houver um histórico familiar, deve fazer acompanhamento com seu médico para que faça uma avaliação dos tumores relacionados principalmente à próstata. A mulher deve fazer o acompanhamento com o ginecologista a partir da primeira menstruação ou início da atividade sexual, e manter esse acompanhamento também para a prevenção dos tumores de mama e do trato urinário feminino. Esses são os caminhos para a prevenção”, ressalta o docente.

Carvalho coloca ainda que “o câncer não é o fim”. “Assusta muito, é uma doença difícil, que traz muito medo, angústia, ansiedade e dificuldade muitas vezes para a pessoa e para a família. Devemos abraçar essas causas, acolher os pacientes e familiares. Caminhamos em conjunto. É muito importante sermos parceiros dos pacientes porque às vezes essa é uma jornada difícil”, finaliza.

Redação

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