*Alexandre Brandão
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas tem debatido constantemente formas de acelerar a transição energética para modelos renováveis. Governos, empresas públicas e privadas têm buscado formas para realizar esse processo o mais rápido possível, com o objetivo de manter o aquecimento global limitado a um grau e meio. O Brasil é visto como peça fundamental para contribuir com esse procedimento.
Em agosto deste ano, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou dados mostrando que o Brasil gera 45% de energia a partir de fontes renováveis e 54% por fontes fosseis, levando em conta a geração de energia como um todo, que engloba o processo de energia cinética e mecânica. Quando falamos geração de energia elétrica, temos 84,8% das fontes renováveis e 15,2% de não renováveis. Dentro do BRICS, bloco composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, nosso país lidera este processo com a utilização de energias renováveis, mitigando as emissões de carbono.
Entre as principais formas que o Brasil vem apostando no processo de transição energética, estão a eólica, solar e o biogás. A utilização destas fontes de energia está em processo de expansão, compensando gradativamente as perdas de participação que acontecem com as hidrelétricas no modelo de política energética. Estamos vendo mecanismos sendo criados para compensar o uso de alguns elementos que acabam prejudicando o meio ambiente no processo de geração de energia.
Quando falamos de energia solar fotovoltaica, o Brasil atualmente está em 14º no ranking mundial. Temos 10 mil gigawatts de potência instaladas em nosso território, além de ser um dos países com maior irradiação solar do mundo. Esta forma de geração de energia é muito acessível, além de realizar um impacto muito positivo no processo para zerar a emissão de carbono, trazendo benefícios para meio-ambiente.
Entretanto, o aumento da utilização de fontes como a solar, eólica e biogás revela novos desafios, entre eles o armazenamento da energia gerada. Assim, começa a surgir novas tecnologias que auxiliam no processo de retenção e armazenamento.
Diferente de alguns materiais que afetam o meio ambiente, como lítio ou cobalto, as baterias de ferro-ar, sódio e até mesmo o hidrogênio verde vêm sendo estudadas e aplicadas, com o objetivo de trazer mais sustentabilidade ao mercado de armazenamento. Além disso, essas matérias primas são abundantes em nosso planeta. Cada uma delas possui uma forma específica de produção e de utilização, com variações de custos, porém, todas elas têm como principal propósito substituir materiais que afetam diretamente o meio ambiente.
Diante deste cenário, conseguimos concluir que o Brasil está no caminho para ser uma das referências no processo de gerar energia limpa. Os debates realizados na COP26 demostram que investimentos serão feitos e o mercado está empenhando em zerar o carbono no processo da geração de energia. Com a nossa matriz energética composta por fonte renováveis temos a chance de sermos protagonistas neste segmento.
*Alexandre Brandão é CEO da Alexandria, empresa de energia e tecnologia, especializada na construção de usinas solares fotovoltaicas.