A árbitra Carolina de Freitas Mendes foi condecorada na última segunda-feira (13), no Vitória Hotel, em Campinas, com a premiação de melhor trio de arbitragem do Campeonato Paulista da Série A4. A cerimônia, realizada por meio de uma parceria entre Federação Paulista de Futebol (FPF), Sindicato dos Atletas e o Portal Futebol Interior, premiou os melhores atletas, técnicos e árbitros da competição.
Na solenidade, Carolina foi premiada no melhor trio de arbitragem da Série A4. Ela recebeu o prêmio de melhor assistente da competição ao lado de Anna Beatriz Scagnolato, enquanto Caio Carvalho Pereira foi o melhor árbitro. Com seu desempenho na competição, ela já está escalada para integrar o grupo das 28 melhores árbitras do estado de São Paulo na intertemporada que começa em junho.
A araraquarense falou sobre o sentimento ao receber a premiação. “Ser reconhecida no meio de tantos é muito gratificante, uma emoção que raramente sentimos, uma explosão de sentimentos. É acreditar desacreditando do momento, um sentimento único. É entender que estou indo no caminho certo, que em meio de tantas situações, de alguma forma estamos fazendo diferença. É saber que todos os dias é preciso melhorar e evoluir em algum aspecto. Agora minhas expectativas são concretizar essa confiança que foi depositada, mostrar que realmente estou disposta a fazer o meu melhor em tudo o que for me designado e continuar trabalhando firme e forte para que possa aparecer novas oportunidades de crescimento e reconhecimento. Almejar sempre mais e conquistar lugares que ainda não cheguei”, frisou.
Carolina de Freitas Mendes tem 29 anos e é a primeira árbitra mulher de Araraquara a ser escalada em competições da FPF. A menina da Vila Xavier tomou gosto por esportes e pela arbitragem desde criança e praticava diversas modalidades. A vocação para o apito e a bandeira está no sangue, já que o pai, Rogério de Freitas Mendes, 51 anos, um dos árbitros mais conhecidos de Araraquara, que também teve passagem pela FPF.
Ela ajudava o pai em campeonatos do Clube Náutico Araraquara desde os oito anos de idade, começando como gandula, depois mesária. Aos 14, ela assistiu a primeira palestra sobre arbitragem, com o professor Antônio Cláudio Ventura no Clube Náutico, em parceria com a Associação de Árbitros e Eventos Esportivos de Araraquara (AAEEA), que é presidida pelo seu pai. Na ocasião, ela pôde aprender mais sobre a psicologia da arbitragem, como lidar com atletas, torcida, entre outros temas relevantes da área. Aos 15, ela fez em Matão um curso com Wilson Luiz Seneme, ex-árbitro e atual presidente da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol, e a partir daí ficou apta a apitar jogos de futebol. Passou a apitar jogos aos 16 anos. Carolina também teve uma passagem pelo time feminino da Ferroviária como zagueira, entre os 15 e os 18 anos. Ela ainda trabalhou como pizzaiola, jardineira, motoboy e servente de pedreiro, sempre conciliando com a arbitragem.
Rogério, pai de Carolina, falou sobre os desafios que enfrentou na profissão e destacou o momento que fez a diferença na vida da filha. “Me formei árbitro em 1996. Quando eu fiz o curso, pagava um salário mínimo de mensalidade, além das passagens para ir a São Paulo toda semana. Era doído, mas venci, graças a Deus. Em 2018, o prefeito Edinho conseguiu trazer para Araraquara o curso de árbitros da Escola de Árbitros Flávio Iazzetti, da FPF. Foi uma ação muito inteligente do Edinho porque essa foi a primeira vez que esse curso foi realizado no interior e isso facilitou muito. A Carolina prestou o concurso, ela teve uma das melhores notas e a Fundesport concedeu uma bolsa para ela seguir em frente. Com isso, ela estudou na mesma escola que eu me formei, custeada pela Prefeitura e sem o custo da viagem. Por isso, a escola de arbitragem na cidade foi uma iniciativa transformadora do Edinho”, contou o pai, que exerceu a função de árbitro até 2002, quando encerrou a atividade por não conseguir conciliá-la com o comércio que tinha na época.
Rogério fala do orgulho de ter uma filha que seguiu seus passos. “É muito gratificante ver que estamos encaminhando os filhos. Eu tenho três filhos: o Rogério, que é formado em direito, a Fernanda, se formando em odonto, e a Carolina, que seguiu meus passos na arbitragem. Esse é o meu orgulho, que não é de ver um filho bem, mas de ver os três filhos bem. Eu me considero uma pessoa vencedora por isso. No caso dela, o orgulho é saber que a missão está cumprida, que sua filha seguiu seus passos. Orgulho é saber que ela está voando. Estou dando todo apoio para que ela continue e vença. Eu plantei a sementinha, ela plantou a sementinha e agora ela já está colhendo os frutos. É gratificante ver seu filho receber o prêmio, não pelo prêmio em si, mas pelo reconhecimento pelo trabalho bem feito. tenho orgulho da minha filha por ela ser honesta, por ser trabalhadora, por ter competência e foco no que está fazendo e por eu ver um futuro brilhante para ela. Quero enfatizar que nós de casa, eu, minha esposa Lilian, que não é mãe dela, mas sempre a tratou como filha, e a Fernanda, irmã dela, estamos muito orgulhosos dela”, acrescentou.