sexta-feira, 22, novembro, 2024

Edinho assina ordem de serviço para reforma da Casa da Cultura e do Teatro Wallace

Prédio histórico, de 1914, passará por sua primeira grande reforma após obra ser eleita como prioritária pela população no Orçamento Participativo

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O prefeito Edinho assinou na noite de quarta-feira (1º) a ordem de serviço para as obras de reforma e adequação da Casa da Cultura Luís Antonio Martinez Corrêa e do Teatro Wallace Leal Valentim Rodrigues em solenidade na própria Casa da Cultura, região central de Araraquara.

As obras atendem pedido da população na Plenária da Cidade do Orçamento Participativo. O investimento será de R$ 3.114.156,03, em recursos do Governo do Estado articulados pela vereadora Fabi Virgílio (PT). Será a primeira grande reforma no prédio histórico, que foi construído em 1914 e chegará aos 110 anos em 2024.

Na Casa da Cultura, localizada na Rua São Bento (Rua 3), nº 909, ao lado da Câmara Municipal, as seguintes reformas estão previstas no projeto: substituição das telhas de barro e de todo ripamento de madeira da cobertura do prédio, substituição do assoalho e forro de madeira com aplicação de verniz antichama, reforma dos sanitários do térreo, substituição dos pisos do arquivo histórico, substituição e adequação das instalações elétricas e implantação do sistema de combate a incêndio.

No Teatro Wallace — situado em imóvel anexo e com entrada pela Avenida Espanha —, serão realizadas ampliação do prédio com implantação de sanitários masculino e feminino e para PCD (pessoa com deficiência), reforma da cobertura com substituição do telhado existente por estrutura metálica e telha termoacústica, rampa de acesso para PCD, substituição do assoalho de madeira do palco, substituição e adequação das instalações elétricas e implantação do sistema de combate a incêndio.

Edinho destacou o peso histórico que a Casa da Cultura possui. Como exemplo, citou a visita do filósofo francês Jean-Paul Sartre ao município, junto de sua companheira, a escritora Simone de Beauvoir, em 4 de setembro de 1960. Eles estavam no Brasil a convite do escritor Jorge Amado. Suas vindas a Araraquara se deram pelo filósofo Fausto Castilho, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, hoje Faculdade de Ciências e Letras da Unesp.

No anfiteatro da Faculdade de Filosofia, atual Casa da Cultura, Sartre proferiu uma palestra diante de um auditório formado por estudantes e pela elite da intelectualidade paulista, como o próprio Jorge Amado, Fernando Henrique Cardoso, Ruth Cardoso, José Celso Martinez Corrêa, Gilda Rocha de Mello e Souza, Antonio Candido, entre outras importantes personalidades. A conferência, mais tarde, deu nome ao livro “Sartre no Brasil: A Conferência de Araraquara”.

“É o prédio histórico do município com maior peso simbólico. Aqui foi a primeira universidade. A FCL [Faculdade de Ciências e Letras] nasceu aqui. Aqui foi a conferência do Sartre, que deu origem a um livro extremamente importante para entender o contexto da construção do pensamento político no Brasil. A vinda do Sartre e da Simone de Beauvoir foi um feito na época, na década de 1960”, disse Edinho.

O prefeito enalteceu a participação popular na escolha das obras. “É uma obra do Orçamento Participativo. E foi escolhida em uma plenária muito bonita aqui no Teatro Wallace. O nosso planejamento dos investimentos é feito pelo OP. A população escolhe e a gente corre atrás dos recursos”, afirmou.

Importância cultural
Fabi Virgílio, representando a Câmara Municipal, relatou seu trabalho de busca de recursos estaduais para a execução das reformas, nas gestões dos ex-governadores João Doria e Rodrigo Garcia, e falou sobre a importância cultural do imóvel. “É um dia de muita alegria no meu coração, de muita alegria para a cidade. A gente precisa preservar essa história”, disse Fabi. “Este prédio representa toda a classe artística. Aqui pisaram Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, estudaram Zé Celso, Luís Antonio, passaram Ignácio de Loyola, Liniker, Ruth Cardoso, Jorge Amado, Fernando Henrique Cardoso, Lélia Abramo. Aqui representa o coração pulsante da vida na cidade”, complementou a vereadora.

Teresa Telarolli, secretária de Cultura e historiadora, disse que a assinatura da ordem de serviço representa um momento de agradecimento e de celebração. Teresa agradeceu à Fabi pela busca dos recursos e à equipe da secretaria pelo trabalho realizado. “É um edifício que completa 110 anos no ano que vem e que receberá uma intervenção que nunca sofreu antes. Sempre aconteceram reformas pontuais na cobertura, na pintura. Iniciativas de socorro pontuais. Mas uma intervenção severa, necessária, real, é a primeira vez”, explicou.

Também estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal, Paulo Landim (PT), e a vereadora Thainara Faria (PT); a secretária de Direitos Humanos e Participação Popular, Amanda Vizoná; a secretária de Desenvolvimento Urbano, Sálua Kairuz; o secretário de Obras e Serviços Públicos, Sérgio Pelícolla; coordenadores e gestores municipais; a presidente do COP (Conselho do Orçamento Participativo), Aida Matine; e o sócio-diretor da J.S.O. Construções Eirelli (empresa responsável pela obra), Júlio Ostronoff.

Histórico
A construção da Casa da Cultura data de 1914, sendo projetada pelo arquiteto e engenheiro civil Alexandre Albuquerque, de São Paulo. Inicialmente, abrigou o Araraquara College e, em 1919, a Prefeitura instalou a Escola Mackenzie, ligada ao Mackenzie de São Paulo.

Em 1933, o prédio foi cedido ao Governo do Estado, que instalou o Gynázio Estadual de Araraquara. Em 1940, a unidade passou a se chamar Ginásio e Escola Normal de Araraquara. Nascia, assim, o tradicional Instituto de Educação Bento de Abreu.

De 1960 a 1973, o local foi ocupado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, criada em 1959. Em novembro de 1981, o prédio foi tombado pelo Condephaat (conselho estadual de defesa do patrimônio histórico) e, em 11 de novembro de 1982, foi reinaugurado como Casa da Cultura.

Em 1988, passou a se chamar Luís Antonio Martinez Corrêa, ilustre teatrólogo araraquarense. Ele trabalhou como ator, diretor, cenógrafo e tradutor no teatro amador. Foi ator e assistente de direção no Teatro Oficina, sob direção de seu irmão José Celso Martinez Corrêa. Fundador do grupo Pão e Circo, dirigiu o espetáculo “O Casamento do Pequeno Burguês”, grande referência de sua carreira.

Em 1975, Luís Antonio instalou-se no Rio de Janeiro, onde dirigiu o espetáculo “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, e também onde permaneceu até seu brutal assassinato, em dezembro de 1987.

A Casa da Cultura possui três amplas salas para exposição de quadros, esculturas e fotografias, onde a população tem livre acesso para visitas. A estrutura também conta com nove salas especiais para cursos e oficinas nas áreas de escultura, pintura, música, dança, artes cênicas, desenho, entre outras; um auditório, o Jean Paul-Sartre, com capacidade para 104 pessoas, utilizado para palestras, reuniões, workshop e projeções de vídeos; além da Pinacoteca Municipal Mario Ybarra de Almeida (com acervo de mais de 890 obras), do Projeto Núcleo de Formação, da Orquestra Jovem de Araraquara – Núcleo de Aperfeiçoamento e do Teatro Wallace.

O Teatro Wallace, por sua vez, foi criado para atender os artistas e grupos amadores da cidade e da região, além de projetos da Secretaria de Cultura. Tem capacidade para 120 pessoas e possui um palco de 7 metros de boca por 4 metros de fundo, com estrutura para espetáculos de pequeno e médio porte.

Wallace Leal Valentin Rodrigues nasceu em Divisa, no Espírito Santo, e ofereceu grande contribuição à cultura de Araraquara, especialmente nas décadas de 1950 e 1960. Foi ator e diretor de teatro, diretor de cinema, escritor e jornalista. Era diretor e ensaiador do Teca (Teatro Experimental de Comédia de Araraquara), fundado em maio de 1955, e foi produtor, autor do roteiro e diretor do filme “Santo Antônio e a Vaca”. Wallace faleceu em setembro de 1988.

Redação

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