José Augusto Chrispim
A artista araraquarense Zilda Sedenho Maciel, ou Zilda Mayo como é conhecida no mundo artístico, é a estrela do documentário biográfico que conta a sua vida no cinema e, em especial, suas experiências vividas na Rua do Triunfo, na região outrora conhecida como ‘Boca do lixo’, localizada no centro da cidade de São Paulo, que também era chamada de Hollywood brasileira. A artista, que estrelou 42 filmes do gênero pornochanchada e atuou em várias mini-séries na televisão, também foi jurada em programas de calouros e estrelou diversas peças de teatro que foram apresentadas em todo o Brasil.
A estrela do cinema nacional concedeu uma entrevista ao O Imparcial, onde fala sobre sua trajetória no cinema e na televisão e também descreve como foi a sua participação nas eleições municipais deste ano e o que tirou de aprendizado. Zilda falou também sobre seus projetos futuros no cinema, teatro e também sobre uma possível candidatura a deputada nas próximas eleições que ocorrem em 2022.
Veja a entrevista na íntegra:
O Imparcial: Qual é a emoção de voltar a trabalhar no cinema depois de tanto tempo?
Zilda: “É incrível falar da emoção, mas na verdade, no ano passado eu fiz uma participação em um filme que é sobre a vida da Suzy King que foi lançado no último dia 3 em versão online. Eu filmei na Rua do Triunfo, na boca, onde era a Hollywood do Brasil e de onde saiam todos os filmes, os atores. Por toda minha carreira eu fui muito lá. Nessa participação eu filmei tudo lá na rua. A Suzy King era uma faquiresa que vivia com as cobras e fazia uma bailarina que morava em um trailer, enfim, é interessante porque cada personagem que a gente faz você tem uma emoção diferente. Então, quando você fica muito tempo sem fazer uma coisa e depois você vive vários personagens é uma sensação de que você nunca parou, porque mesmo você fazendo sem parar como eu fazia, cada personagem tem uma emoção. É como o teatro, as pessoas perguntavam “como é fazer a mesma personagem todos os dias por tantos anos”, eu falava, o público é diferente então a emoção é sempre a mesma. Eu fiquei muito contente com essa participação nesse filme, achei até engraçado ter voltado para um local onde eu comecei minha vida profissional e ver que está tudo mudado, pois o centro de São Paulo mudou totalmente, é um abandono total, as ruas muito sujas. Parecia até mentira que eu vivi tudo aquilo ali no passado, naquela rua tão marcada pelo cinema nacional e pela pornochanchanda que foi o maior sucesso do planeta e você volta depois de tanto tempo e vê que não tem mais nada do que era antes. A minha lembrança foi isso, os encontros com os cineastas, com os técnicos que eram tão maravilhosos, porque aquela rua era isso e não existe mais, não tem mais nada do cinema, é outro mundo, foi uma mudança radical. Eu nem sei o que eu consegui pensar. Eu estava com uma peruca vermelha, muito maquiada, de chapéu, com uma roupa parecida com uma cobra, mas eu notei que por um lado chamava a atenção, algumas pessoas olhavam, mas o mais forte é que nada chama a atenção em São Paulo, lá tudo é natural. Mas eu fiquei muito contente em estar com os produtores, que são os dois Albertos e ter um tratamento de rainha e de profundo respeito por meu trabalho e pelo meu nome, então em tudo o que eu faço eu tenho muita emoção. Tenho emoção quando trabalho, tenho emoção quando falo com os fãs, quando leio as mensagens deles. Tem coisas que eu ouço e fico muito emocionada, por exemplo, agora na campanha quando aconteceu essa fraude comigo, pois eu tinha uma grande quantidade de votos e quando voltou do apagão eu não tinha mais nenhum voto, eu dei risada, mas o Brasil estava torcendo por mim, até mais que Araraquara, por isso, muita gente chorou. Foi vergonhoso. Depois de quatro dias, eu vi uma frase do Ivan e me emocionei”.
O Imparcial: Do que trata o filme? De quem é a direção? Quem integra o elenco?
Zilda: “O filme é um documentário que trata da minha relação com o cinema na boca, exatamente na Rua do Triunfo. É tudo em cima da Rua do triunfo e de mim, pois não é ficção, mas sim um documentário sobre a minha vida e a minha relação em todo esse tempo com o cinema nacional. O elenco sou apenas eu e a direção é do Fábio Rogério que é uma pessoa muito premiada por seus curtas-metragens. Eu fiquei muito feliz por ele ter se interessado em fazer um filme sobre a minha carreira. Ele leu meu livro e depois entrou em contato comigo para falar que queria fazer esse filme e eu achei super bacana, pois é o reconhecimento de todo o meu trabalho, a minha luta, do meu nome. Na verdade o papel que eu faço é o papel da minha vida, foi o maior papel. Quando se fala da minha história, da minha biografia, da minha coragem. Eles falam que eu sou um grande personagem, que eu sou aquilo que eu me propus a fazer, que é representar. O que você cria, você representa é aquilo mesmo, por exemplo, quando você aparece de mamãe Noel você é a própria, não parece com ninguém que já fez esse personagem. Os fãs comentam essas coisas e eu acho muito legal ser um grande papel”.
O Imparcial: Conta um pouco de sua história no cinema e na televisão.
Zilda: “Tenho décadas de cinema e televisão. No cinema eu fiz 42 filmes e, na televisão, eu fiz várias mini-séries e fui jurada do programa Barros de Alencar por muito tempo. Até hoje eles me mandam mensagens me chamando de Zilda Desmaio, eles não me esquecem, meus fãs se lembram de tudo, até uma frase que o Barros falava que era “passa lá”. Eu não me lembrava mais e o fã me lembrou”.
O Imparcial: O que você tirou de experiência de sua participação na política como candidata a vereadora? Quais as expectativas para o futuro na política?
Zilda: “Essa minha campanha foi muito grandiosa no Brasil todo, foi mais forte lá fora do que em Araraquara, é impressionante. A torcida foi impressionante, os comentários, as palavras de carinho, respeito ao meu trabalho, além de muitas orações que as pessoas faziam por mim. Foi uma coisa muito positiva na minha vida, porque eu recebi muita energia boa, positiva de todas as pessoas. Eu lia tudo, só não consegui responder todas ainda, mas estou respondendo ainda um pouco por dia. Eu me surpreendi, não esperava que fosse desta forma. Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rondônia, Manaus, norte, nordeste, foi impressionante. Muita gente torcendo por mim, fui tratada como uma bebê nessa eleição. Fiz uma campanha tão linda, tão alegre, que faria tudo de novo, eu só choquei pela fraude que aconteceu comigo e com várias pessoas. Eu tenho várias provas que minha votação foi fraudada, tenho tudo filmado com meus eleitores e fãs, que são muito fiéis. Eu tenho muito respeito por meus fãs, porque eu sei o que o artista representa para os fãs. Eu fiz um trabalho antes das eleições com meus contatos no Messenger de Araraquara, onde recebi várias mensagens de pessoas dizendo que votariam em mim, aí recebo apenas 87 votos. Além disso, tem os empresários que confiam muito em mim e confirmaram que votaram em mim. Será que tudo é mentira? Eu não acredito. Mas eu tirei um aprendizado fantástico durante a campanha do bom e do ruim. Ruim não para mim, mas em algumas pessoas, pois vi muitas coisas que eu não acho certo. Todos os comentários que recebi diziam que fiz uma campanha linda, alegre, verdadeira, espontânea, que minhas lives foram lindas. Essa experiência, esse retorno que tive das pessoas foi uma grande alegria para mim. Eu faria tudo de novo, não me arrependo de nada porque dá impressão que eu sou vereadora, eu sinto essa sensação. Aprendi muitas coisas que eu não sabia, é gostoso aprender. Teve muitas pessoas incríveis que ficaram felizes com a forma que eu conduzi a minha campanha de união. Foi uma experiência fantástica, só tenho o que agradecer. Fiz quase tudo sozinha, mas tive ajuda dos fãs. Quanto a minha expectativa de futuro na política, acho que tenho que pensar. Já estão querendo que eu seja candidata à deputada daqui a dois anos, mas não posso afirmar nada agora, ainda é muito cedo. Mas é bacana ser candidata à deputada eu terei votos em várias cidades. O Brasil todo me deu os parabéns, durante dez dias tive que desligar o telefone para dormir, pois tinha que me recuperar. Me acompanharam pelo Brasil todo. Viajei o país todo fazendo teatro e pessoas de cidades que eu nem me lembrava, me deram os parabéns”.
O Imparcial: Existe outro projeto no cinema para o futuro?
Zilda: “O futuro é aí, janeiro eu termino de fazer esse filme que comecei em novembro, em janeiro a gente retorna para terminar. Agora eu tenho convites para outros filmes que estão escrevendo e já me convidaram. Mas os projetos para o futuro são esses, continuar fazendo cinema, que eu amo. Quero montar um espetáculo no ano que vem quando reabrirem os teatros, mas já vou começar a ensaiar para quando abrir eu já estar pronta. Não vou deixar o cinema, mas quero viajar fazendo teatro e vou continuar vendendo meu livro que tem muitos pedidos. Eu não vou parar de trabalhar e fazer o que eu amo. Eu penso que cada coisa que o artista faz na televisão, no cinema, no teatro é uma realização”, finalizou Zilda Mayo.