O valor médio da cesta básica em Araraquara apresentou aumento de 3,16% em outubro, indica a pesquisa mensal do Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara. Com a alta, o preço da cesta atingiu R$ 969,56 no período, encarecimento R$ 29,73 na comparação com o mês anterior, no qual o preço médio foi de R$ 939,82.
Todos os três grandes grupos avaliados apresentaram aumento de preço: higiene pessoal, com inflação de 1,97% ou um acréscimo de R$ 2,13; limpeza doméstica, com variação positiva de 1,58% ou aumento de R$ 1,00; e alimentação, que possui maior peso no custo total da cesta, com aumento de 3,46%, o que significou um encarecimento de R$ 26,60.
Ainda em outubro, os principais aumentos percentuais foram: 1) carne de segunda – acém (11,4%); 2) óleo de soja (9,7%); 3) carne de primeira – contrafilé (7,0 %); 4) papel higiênico – folha dupla (5,3%); e 5) absorvente higiênico (4,2%); e os produtos com maior decréscimo percentual foram: 1) feijão carioca (-6,7%); 2) salsicha (-3,8%); 3) alho (-3,4%); 4) macarrão com ovos (-2,5%); 5) e creme dental (-2,4%).
Carne mais cara
A carne de segunda – acém foi responsável pelo maior aumento em termos monetários, provocando o acréscimo de R$ 12,26 no custo médio da cesta, em razão do aumento de R$ 3,06/kg. Na outra ponta, o item que mais aliviou o bolso dos consumidores foi o feijão, com um decréscimo de R$ 2,26, em razão da diminuição de R$ 0,56/kg.
Os aumentos da carne de segunda – acém e carne de primeira – contrafilé foram impulsionados pela baixa oferta dos frigoríficos no mercado interno e pela forte demanda externa. Em levantamento realizado pelo CEPEA/ESALQ-USP, desde o final de agosto os preços da carne bovina registraram alta acentuada, com o indicador CEPEA/B3 do boi gordo acumulando 16% de alta em outubro e 40% desde junho. A escassez de oferta nos Estados Unidos também impactou o Brasil, que, como principal fornecedor global, ajustou seus preços em dólar, refletindo diretamente nos custos dos cortes no mercado doméstico.
Por outro lado, o aumento nos preços do óleo de soja em outubro reflete a valorização da soja em grão no mercado interno. Segundo pesquisadores do CEPEA, a alta da soja, impulsionada pela demanda firme e pelo afastamento de vendedores, impacta diretamente o óleo, já que o custo da matéria-prima influencia toda a cadeia de derivados. “Apesar da oferta recente dos Estados Unidos ter moderado alguns preços, a procura constante no Brasil mantém o mercado aquecido e sustenta o aumento no preço do óleo de soja, acompanhando a valorização da commodity”, ressalta Bruno Camacho, pesquisador do Núcleo de Economia do Sincomercio.
A recente queda no preço do feijão no interior de São Paulo, também destacada em um levantamento do CEPEA, deve-se à combinação de uma colheita retomada sob condições climáticas favoráveis e uma postura cautelosa dos compradores. Essa dinâmica fez com que o feijão-carioca registrasse uma baixa de 4%, atingindo uma média de R$ 260,58 por saca de 60 kg. “Com a maior oferta no mercado e o reflexo da colheita em andamento, supermercados e outros compradores têm postergado aquisições, aguardando potenciais reduções adicionais. Esse cenário revela uma estabilidade no mercado sem impulsos para alta, reforçando a tendência de preços baixos”, diz Bruno.
Inflação
No acumulado de janeiro a outubro de 2024, a cesta básica encareceu R$ 11,64 – o que corresponde a 1,22% de aumento. Entre os grupos, a alimentação e higiene pessoal apresentaram incremento de preços, enquanto a limpeza doméstica barateou. Os itens de alimentação sofreram aumento de 1,69%, o equivalente a R$ 13,20, e o grupo de higiene pessoal obteve inflação de 7,74% ou R$ 7,95. Já os produtos de limpeza doméstica registraram deflação de 12,83% ou R$ 9,51.
Com relação aos produtos, 18 dos 32 produtos analisados apresentaram encarecimento entre os meses de janeiro e outubro de 2024. Os itens que apresentaram maior alta acumulada foram: 1) arroz branco (40,96%); 2) alho (40,46%); 3) farinha de mandioca torrada (23,40%); 4) creme dental (18,92%); 5) absorvente higiênico (17,86%). Já os que apresentaram as maiores reduções foram: 1) cebola (-52,22%); 2) sabão em barra (-24,69%); 3) salsicha avulsa (-19,87%); 4) óleo de soja (-18,33%); 5) feijão carioca (-15,61%).
Já a variação acumulada em 12 meses foi de 9,13%, ou seja, encarecimento de R$ 81,15. Sobre grupos, o grupo de alimentação registrou inflação de 12,02%, equivalente a R$ 85,27, e o grupo de higiene pessoal aumentou 3,36%, ou R$ 3,60. Os produtos de limpeza doméstica ficaram 10,67% ou R$ 7,71 mais baratos.
Entre os produtos acompanhados nos últimos 12 meses, 23 dos 32 oscilaram em direção ascendente – o que corresponde a 71,87% dos itens que compõem a cesta básica analisada. No acumulado de novembro de 2023 a outubro de 2024, destacam-se: 1) alho (50,15%), 2) batata (44,62%), 3) café torrado e moído (31,45%), 4) queijo muçarela – peça (27,30%) e 5) arroz branco (27,16%). Já os produtos com as maiores reduções percentuais foram: 1) sabão em barra (-22,15%), 2) ovos brancos (-11,63%), 3) sabão em pó (-10,44%), 4) farinha de trigo (-9,66%) e 5) cebola (-9,08%).
Salário-mínimo
O custo médio da cesta básica em Araraquara representa atualmente 68,7% do salário-mínimo. O valor é superior ao registrado no mês anterior e, aproximadamente 1,4 ponto percentual acima do registrado no mesmo mês do ano anterior, isto é, em outubro de 2023, quando o valor da cesta básica representava 67,3% do salário-mínimo vigente à época.
O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta, para um trabalhador que recebe o piso nacional vigente de R$ 1.412,00, em outubro, ficou em 151 horas e 3 minutos, aproximadamente. Essa jornada é superior ao mês anterior, setembro de 2024, quando eram necessárias 146 horas e 25 minutos de trabalho para consumir a mesma quantidade de produtos.