Em comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, a Secretaria de Cultura e a Fundart, em parceria com o Sesc Araraquara, promovem a 1ª edição da Semana do Circo “Almoçando Piolin”, no período de 26 de março a 02 de abril – lembrando que no dia 27 de março é comemorado o Dia do Circo.
“Almoçando Piolin” tem como propósito o resgate da história do circo e sua relevância nacional, a partir da contextualização da importância do circo para a Semana de Arte Moderna. O coordenador executivo de Cultura, Carlos Henrique Fonseca, conta que o grande Abelardo Pinto (1897-1973) – o conhecido Palhaço Piolin – participou e foi homenageado na Semana de 22, por simbolizar a brasilidade desejada pelos artistas modernistas. “Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Anita Malfatti são alguns dos que o chamavam ‘Rei dos Palhaços’ ”.
Bel Macari e Bárbara Monteiro, ambas representantes da linguagem Circo no Conselho Municipal de Cultura, curadoras e coprodutoras do evento, contam que a Semana do Circo, pelo viés do centenário da Semana de Arte Moderna, tem o objetivo de iluminar novas perspectivas artísticas, socioculturais e filosóficas, já que a Semana de Arte Moderna de 22 visava uma arte nacional, original e atualizada que que refletisse o cenário cultural e social brasileiro da época.
“Uma das manifestações artísticas realizadas nesta semana, foi o festim antropofágico, com o intuito de homenagear os 32 anos de Piolin, assim como consagrar a arte circense como ‘a arte essencialmente brasileira’”, explicam. Assim, ao “Almoçar o Piolin” como forma de repensar e reviver os ideais antropofágicos, para ressignificar, digerir e assimilar o momento político e social atual.
A programação da Semana conta com diversas oficinas destinadas à crianças, jovens e adultos interessados, com atividades na área central e também nos bairros periféricos, por meio dos Territórios em Rede. Um cortejo temático e a apresentação dos espetáculos “Ilhado” e “Almoçando Piolin” também integram o programa.
Abertura – A Semana do Circo “Almoçando Piolin” terá a abertura realizada no Sesc Araraquara, parceiro do evento, com a apresentação do espetáculo “Ilhado”, com a Cia. LaMala.
“Ilhado” é um espetáculo para toda a família, que retrata um dia na vida de um morador de rua, trazendo a reflexão sobre essa realidade e visibilidade para a situação dessas pessoas por meio da linguagem circense, do teatro físico e de bonecos. Em cena, os atos intuitivos revelam habilidades diversas e técnicas como equilíbrio, malabarismo, mágica e acrobacia. A Cia, consciente do privilégio de estar protegida pela sala de teatro e pela linguagem circense, sempre considerou a temática do espetáculo delicada e atual, tratando o tema com cuidado, atenção e respeito.
Este é o primeiro espetáculo solo da Cia LaMala, no qual o ator Carlos Cosmai busca aliar às técnicas circenses, sua engenhosidade, sua introspecção, experiências criativas à suas habilidades para execução de objetos e equipamentos, bem como todo o cenário e boa parte dos objetos cênicos dos espetáculos da Cia LaMala. Em 2017, Carlos foi indicado ao Prêmio São Paulo de melhor ator por sua atuação em Ilhado
Informações para acesso ao espetáculo: pessoas com mais de 12 anos deverão apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19, evidenciando DUAS doses ou dose única; e crianças de 5 a 11 anos devem apresentar comprovante UMA dose (conforme calendário do município). O comprovante pode ser físico (carteirinha de vacinação) ou digital e um documento com foto. O uso da máscara é recomendado durante a permanência na Unidade do Sesc Araraquara.
Oficinas – No domingo (27), Dia do Circo, diversas oficinas serão realizadas no Centro de Referência da Mulher, na área central: Parada de Mão (15h), Bambolê (16h30) e Palhaçaria (18h). Também, as escolas de circo de Araraquara participarão das atividades, propondo diversas vivências aos participantes. Os interessados podem se inscrever 10 minutos antes do início da atividade, sendo as inscrições por ordem de chegada. Na segunda (28) até a sexta-feira (01/04), as oficinas serão realizadas nos Territórios em Rede.
A oficina “Bambolê descomplicado: uma experiência divertida” busca estimular a criatividade individual desde o primeiro contato com o bambolê, trazendo a perspectiva de vê-lo como um instrumento de criação. A proposta é auxiliar pessoas de nível iniciante a explorar o objeto para além do conhecido movimento na cintura, trazendo possibilidade de truques não usuais de uma forma criativa, acessível e divertida.
“Construindo a parada de mãos”, oficina com o professor Gustavo Aragoni, traz ao público um ensinamento que carrega a essência do circo no ensino brincante com o corpo, de uma forma simples e exequível, que é capaz de encantar e aproximar o público araraquarense da arte circense.
Já a oficina de Palhaçaria “Conheça-te a teu rídiculo”, com a palhaça Emília, irá permitir perder o controle e rir de nós mesmos e de nossas manias que nos tornam singulares, pois encontrar nossa palhaçaria interior significa encontrar nossa parte ridícula. Emília lembra que a palavra “ridículo” vem do latim “ridiculus” e significa “aquilo que desperta o riso”.
Cortejo e espetáculo – A finalização da Semana Almoçando Piolin acontece no sábado (02/04), com concentração no Palacete das Rosas e um cortejo que seguirá até a Praça Pedro de Toledo, onde será apresentado o espetáculo “Almoçando Piolin”.
O cortejo terá atividades de circo mambembe e itinerante que se iniciará no Palacete das Rosas e terminará na Praça Pedro de Toledo. Durante o trajeto, os artistas desfilarão de forma a atrair o público, seguindo o carro de som. O Mestre de Cerimônia – o palhaço Aipim – irá comandar o cortejo pelo trajeto e fará parte da apresentação final, com três artistas contratados por meio de edital. Todos os interessados podem participar do Cortejo.
Entre os números apresentados ao final do cortejo, está o Palhaço Cururu, com o artista Denis Pimenta, apresentando esquetes clássicas, de improvisação e interação com o público. Em meio a palhaçaria, Cururu abre sua mala de objetos variados e começa a encontrar objetos que trazem a temática da Semana de Arte Moderna de 1922 como se toda a bagagem artística da “Semana Antropofágica” ainda nos alimenta nos dias de hoje.
Em seguida, EV Banjo traz o número “A Graça do Palhaço”, uma intervenção que subverte a realidade prática através de técnicas circenses costurando a materialização na figura do palhaço, numa dialética que traz à luz questões sociais e caminhos para a transformação do indivíduo.
A bambolista Maíra Baltazar apresenta o número “Circundar o tempo” em que a não-linearidade do tempo, através dos ritmos e desenhos da movimentação com o bambolê, são colocados de forma a trazer a descontinuidade do tempo no enxergar cenários atuais e de 100 anos atrás com suas semelhanças.
Na finalização dos números, os artistas e o mestre de cerimônia participam da culminância antropofágica em homenagem ao próprio Palhaço Piolin com uma reverência ao artista e a linguagem circense, no número “Almoçando o Piolin”.
Toda a programação é gratuita.