O dia 28 de novembro marcou a Black Friday 2025, data que deixou de ser isolada e se consolidou como a abertura oficial da temporada de vendas de fim de ano, sendo muito esperada pelo comércio varejista e pelos consumidores. Para identificar de que forma a atual conjuntura deve afetar as vendas na ocasião, o Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara analisou as pesquisas da FecomercioSP e alguns dos principais indicadores econômicos.
Segundo as projeções da entidade, as vendas das atividades varejistas mais impactadas pela Black Friday em São Paulo devem atingir R$ 82,7 bilhões em novembro, o que representa um crescimento de 3%. Embora o desempenho esperado seja positivo, há uma desaceleração no ritmo de expansão nas vendas do varejo paulista nos últimos meses. No ano anterior, o faturamento cresceu 10% em relação ao mesmo período de 2023.
Entre as atividades mais procuradas na data, há variações estimadas distintas em relação ao ano anterior, sendo que as lojas de vestuário, tecidos e calçados lideram com o maior crescimento (5,2%), em contraste com as lojas de móveis e decoração (-2%), que devem faturar menos.
Ainda de acordo com a FecomercioSP, o desempenho previsto reflete um consumidor que continua comprando, porém, com cautela, evitando gastos de maior valor. “Esse comportamento se manifesta por meio de mais seletividade, compras menos impulsivas e substituição por produtos de linhas mais baratas”, avalia Bruno Camacho, pesquisador do Sincomercio.
Conjuntura Macroeconômica
Após um 2024 destacado pelo crescimento expressivo tanto do PIB quanto do mercado de trabalho, a economia brasileira teve um cenário de moderação em 2025, com alguns indicadores em desaceleração.
O ano atual foi marcado por limitações significativas, como a inflação persistente até o primeiro trimestre, e que ainda tem exigido cautela na política monetária até no fim de 2025. A taxa básica de juros foi mantida em 15% ao ano em novembro (a maior desde 2006), elevando o custo do crédito e freando o consumo em itens de maior valor. Com juros reais ainda muito elevados, o financiamento de bens duráveis se torna mais caro, e a inadimplência em patamares elevados reforça o comportamento mais cuidadoso das famílias.
O resultado é um crescimento econômico mais lento em 2025, com projeções próximas de 2% para o PIB. A confiança do consumidor tem oscilado, refletindo a combinação entre melhora gradual na renda e orçamento pressionado por dívidas cada vez mais caras.
Nesse cenário, a Black Friday acaba servindo como parâmetro para o desempenho do quarto trimestre. Com o crédito caro e orçamento doméstico mais ajustado, as famílias têm antecipado decisões de compra e concentrado gastos em momentos de desconto. “Com isso, a data, que era vista como evento promocional pontual, passou a ocupar funções estratégicas, como girar estoques, ampliar fluxos de clientes, recuperar margens por volume e ajustar o ritmo das vendas para o Natal”, explica Bruno.
Assim, a conjunta econômica de 2025 combina certa estabilidade com desafios conjunturais. O mercado de trabalho garante um fôlego em relação ao consumo, mas os juros elevados restringem o crescimento.































