quinta-feira, 4, julho, 2024

De advogada a nova liderança social: Maria Paula é exemplo na garantia de aplicação dos direitos sociais

Atuante em projetos ligados a várias áreas, jovem se destaca em ações que buscam a construção de uma sociedade mais justa

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Nos tempos em que o ativismo social encontrou a internet como plataforma para atuação, alguns jovens se destacam indo para as ruas e se dedicando realmente ao que a sociedade precisa.  É o caso da advogada Maria Paula, jovem dedicada a várias pautas relacionadas aos direitos humanos e na busca de uma sociedade melhor e mais justa.

Maria Paula é de Araraquara, tem 24 anos e, mesmo sendo jovem, já conta com muitas ações e projetos realizados no currículo. Sempre buscando cada vez mais se aperfeiçoar, hoje é mestranda em Direito Constitucional voltado para a aplicação de direitos sociais.

Acumula em seu histórico trabalhos ligados a loteamento e expansão urbana, atrelados a projetos de mobilidade urbana a infraestrutura, olhando para organização da cidade de forma global. Ainda, esteve a frente de tarefas voltadas a questões de acesso a justiça e desburocratização das informações no judiciário.

Atualmente, integra, como voluntária, uma ONG que tem como foco a defesa dos direitos contra violência de gênero, psicólogo, físico e institucional e, ainda, ministra aulas sobre introdução aos direitos humanos e organização social do Brasil. Em entrevista, a jovem liderança falou sobre seu trabalho:

No mundo conectado em que vivemos, como você se vê como uma liderança social?

É uma pergunta interessante, pois eu enxergo esse mundo de redes sociais com pouca aplicação prática. Fazer a discussão das vulnerabilidades e demandas da sociedade pelas redes sociais é fácil. Não estou falando aqui que esse movimento é inválido, penso que muitas coisas foram debatidas por meio da internet. Temos que aproveitar todas as ferramentas possíveis. Porém, acredito que as pessoas precisam também ter mais contato com a realidade, sair dos grandes centros, olhar para as pessoas, olho no olho, nas ruas. Conhecer as periferias e os desafios que as pessoas enfrentam todos os dias.

Como é o atendimento que realiza na ONG?

A ONG atua em todo o estado de São Paulo, mas meu foco é o atendimento em Araraquara. Hoje estou com seis assistidas que recebem meu atendimento processual do início ao fim, junto também de uma psicóloga. Os processos vão desde separação, divórcio, acompanhamento de processos junto ao Ministério Público, sem qualquer custo, tudo pro bono.

Por qual motivo decidiu focar na defesa contra violência de gênero?

Eu, como mulher, sempre me voltei para atendimento de mulheres e questões de vulnerabilidade. Os altos índices de violência e a falta de segurança que sentimos nas ruas sempre me motivaram a olhar para políticas públicas que ofereçam mais segurança não somente para mulheres, mas como para meninas e adolescentes que vivem situações vulneráveis. Além disso, é uma forma também de devolver para a sociedade um pouco do que aprendi, dos conhecimentos que pude acessar.

Mas não é só nessa área que você tem atuado. O que pode relatar sobre as experiências que tem vivido em Araraquara?

Olhar para políticas públicas voltadas para a educação é algo que me motiva. E nesse aspecto não falo somente sobre a educação básica. Temos que olhar além, construir incentivos para que as pessoas se envolvam mais com a comunidade escolar. Entender como a infraestrutura urbana é trabalhada e como isso tudo afeta a busca pelos espaços públicos, especialmente os de educação. O incentivo precisa ser contínuo no intuito de garantir, inclusive, que outras políticas públicas se somem a esse processo, como projetos de esporte e cultura, por exemplo, integrando cada vez mais a comunidade.

O que te motiva a buscar mais conhecimento? Por que o mestrado com foco em direitos sociais foi sua escolha?

Eu acho que a minha maior motivação dentro da academia é fazer com que as pesquisas saiam da própria academia e integrem no mundo real. Minha dissertação é totalmente voltada para a realidade da sociedade. Os projetos nos quais eu atuo me mostram diariamente a importância dessa pesquisa. As vivências que tenho na nossa cidade me fazem seguir e saber que estou caminhando para um bom resultado, entendendo como pode ser feita a aplicação dos direitos sociais de forma efetiva, especialmente para aplicação nos municípios, e mais especificamente, em Araraquara. Além disso tudo, quanto mais nos aproximamos dos movimentos sociais, entendemos que a nossa luta é ampla: são lutas pela igualdade racial, igualdade de gênero, contra lgbtfobia, enfim, contra as desigualdades que afetam muitos grupos no nosso país.

Como olhar para o ativismo social como uma forma de transformar a sociedade em que vivemos?

Não podemos viver a sensação de impotência que as desigualdades nos impõem. A construção de uma sociedade mais justa, moderna e inclusiva, com a efetiva garantia de direitos sociais, com direito a educação, cultura e lazer, excelência no atendimento em saúde, entre muitos outros direitos, passa pelas nossas mãos. Cabe a nós trabalharmos para contribuir na construção de um projeto de equidade. Então, temos que saber o quanto estamos dispostos a entrar nessa luta, que é diária e contínua.

Redação

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