quinta-feira, 19, setembro, 2024

Marcha Unificada pede fim do  preconceito e violência contra  negros, mulheres e população LGBTQIA+

Caminhada foi realizada neste domingo (20), com saída da praça da Igreja Matriz rumo à Estação Ferroviária, que recebeu diversas atividades culturais

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Este domingo (20), Dia da Consciência Negra, foi marcado por um ato de resistência que reuniu três causas em uma caminhada que saiu da praça da Igreja Matriz de São Bento rumo à Estação Ferroviária com o propósito de fortalecer a luta contra o preconceito e a violência. A Marcha Unificada foi composta pela 16ª Marcha da Consciência Negra, e a Marcha do Dia Internacional da Memória Trans e a Marcha dos 21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas.

Na própria concentração, ainda na praça, o que se via era uma grande festa com grupos de capoeira e maracatu, que conduziram a música e a animação do público que, após o percurso, viu a ação ter sequência com mais uma série de atividades na Estação Ferroviária, como a FeirAfro e apresentações artísticas e culturais.

A secretária de Direitos Humanos de Participação Popular, Amanda Vizoná, que falou em nome do prefeito Edinho, destacou que Araraquara faz história na luta contra o preconceito racial e a violência contra mulheres e pessoas LBGTQIA+. “Infelizmente, o nosso país carrega em si essa estrutura das violências que estigmatizam, que excluem, então neste momento é muito importante termos essa união de todos que estão aqui e, juntos, colocarmos na agenda da cidade e mostrarmos que estamos presentes sim, que importa, que a mídia precisa falar, que as autoridades precisam falar, porque nós precisamos combater essas violências”, apontou.

A vice-presidente da Câmara Municipal de Araraquara, Thainara Faria, que representou o Legislativo no evento, falou sobre a relevância da data. “Estamos aqui para reafirmar não só os direitos que nós conquistamos, mas para marchar em direção aos direitos que queremos conquistar. Nós, pretos e pretas, nunca fomos impedidos de votar, mas para votar tinha que estudar e nós éramos impedidos de estudar. Imagine um cenário onde você peça para alguém construir a sua casa e não pague nada, ou que você peça para uma pessoa limpar a sua casa todos os dias e também não pague nada. Este foi o retrato do Brasil por mais de 330 anos, quando a mão de obra preta foi explorada sem que nós ganhássemos um tostão. Nós não somos escravos, nós fomos escravizados. Nós somos descendentes de reis e rainhas e estamos aqui para mostrar para a sociedade que nos escravizou, que armou todo um preconceito contra a nossa religião de matriz africana, que nos colocou em um subemprego, que nos colocou para morrer de fome, de bala ou sem saneamento básico ou sem estrutura mínima de vida, que nós existimos, resistimos e garantiremos cada um dos direitos que tentaram nos retirar. É preciso ter força, ter coragem e é preciso ecoar essa marcha nas redes sociais para mostrar que Araraquara está organizada contra o racismo”, declarou a parlamentar no encontro que ainda teve a participação dos vereadores Filipa Brunelli (PT), Fabi Virgílio (PT) e Guilherme Bianco (PCdoB).

A coordenadora municipal de Políticas Étnico-Raciais da Prefeitura, Alessandra Laurindo, responsável pela programação do Novembro Negro, se mostrou feliz pelo engajamento nas ações propostas. “As atividades de domingo mostraram a força que a data representa, o esforço de cada pessoa em participar, a garra para superar os desafios e a resistência tão peculiar do povo negro. Com o propósito de que é preciso ser antirracista, tivemos muitos aliados que somaram conosco na Marcha Unificada, que seguiram até a FeirAfro e participaram de uma grande celebração com muita consciência, de que temos que pensar e agir para além do dia 20 de novembro. Tivemos protestos contra o racismo no uso das falas, nas letras do rap cantado pelo movimento hip hop, na louvação aos orixás feita pelos terreiros de umbanda, nos sambas enredos das escolas de samba e sobretudo na black music que foi o palco do evento. Foi festivo, porém com consciência racial o tempo todo. Acredito que conseguimos atingir nossa expectativa, entregando uma programação com conteúdo e qualidade”, comentou.

A assessora especial de Políticas LGBTQIA+, Érika Matheus, responsável pela agenda do 

Mês da Cidadania LGBTQIA+, valorizou o encontro. “A Marcha Unificada foi importantíssima pelo viés interseccional que ela trouxe, especialmente articulando exatamente coisas que são inseparáveis: gênero e raça. Foi um momento muito especial de reflexão acerca do movimento negro, da luta anti-discriminação racial, anti-discriminação ao sexismo, à misoginia, e juntamente com a transfobia, visto que foi o Dia da Memória Trans e não dá para discutir raça sem discutir gênero, sem nós lembrarmos que as pessoas trans, especialmente trans femininas, pretas, são as mais assassinadas neste país. Foi um momento de acolhimento, reflexão e chamamento para uma luta conjunta”, opinou.
A coordenadora executiva de Políticas para Mulheres, Grasiela Lima, articuladora dos  

21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas, ressaltou que a marcha refletiu a força dos movimentos que se uniram na atividade. “A marcha expressou a importância da mobilização social e união de pautas fundamentais neste mês de novembro, que são os 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas, a Consciência Negra e o Dia Internacional da Memória Trans. Mostrou a potência de lutas e pautas legítimas quando temos a parceria do poder público com os movimentos sociais. Entendo que é preciso dar maior visibilidade a essas diferentes formas de violações de direitos e principalmente no que trabalhamos no domingo, que foi mulheres, negros e LGBTs, além de promover uma maior conscientização e engajamento social em defesa de uma sociedade efetivamente democrática e igualitária. Precisamos ter mais momentos como esse e chamar atenção, aproveitando essas datas do calendário dos direitos humanos, para fazer eventos com a potência que vimos no movimento deste domingo. Gostaria de expressar que fiquei muito feliz em ver o maracatu e a capoeira como elementos da cultura, que também são fundamentais nesse processo de lutas que realizamos no município, porque traz a dimensão da força que a cultura tem nos processos de transformação da realidade social”, destacou.
As programações do Novembro Negro, do Mês da Cidadania LGBTQIA+ e dos 21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas seguem ao longo dos próximos dias e as agendas de atividades podem ser conferidas no site www.araraquara.sp.gov.br.

Redação

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