sexta-feira, 22, novembro, 2024

Morre a artista plástica Maria I. de Almeida Leite

Maria era cheia de graça e eterno encanto. Deixa como legado a fibra de nunca desistir diante dos percalços da vida

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Célia Pires – Colaboração

Araraquara deu adeus a grande artista plástica, Maria I. de Almeida Leite, aos 95 anos, na última sexta-feira (27). O velório ocorreu na Casa Micelli e o sepultamento no cemitério São Bento.

O artista plástico, Lauro Monteiro da Silva, conta que teve a oportunidade de fazer a curadoria de uma de suas primeiras exposições nos anos de 1980. “Perdemos uma grande artista e pessoa querida”, lamenta.

A artista realizou inúmeras exposições, homenagens e chegou a receber títulos, como por exemplo, a Benção do Papa.

Filha do argentino Alexandre e de Paulina, filha de alemães, contava que um dos avôs veio da Polônia. “Eu tenho muito amor no Pai Eterno. Tenho muito mais a agradecer do que pedir”, dizia ela que produziu sua arte até quando a enfermidade a abateu.

Adorava contar dos tempos de criança

E ela contava histórias incríveis de sua infância, quando ainda muito pequena foi morar com os pais na chácara de seus avós que cultivavam amoreiras para criar bicho da seda. Certo dia, ela, peralta como era, fez xixi em cima das fezes de uma galinha, que por conta das amoras ficou vermelha.

A menina correu para dentro de casa para chamar os familiares para verem a cor que havia ficado seu xixi. Preocupados, queriam levá-la ao médico para logo mais descobrirem que ela havia pregado uma peça neles.

De uma outra vez, o avô havia pintado a casa para o Natal e lá foi a menina Maria, com seus 4 aninhos, com um carvão rabiscar toda a parede branca. Ouvia chamarem ela para almoçar e respondia que logo iria. O resultado foi que assim que descobriram, se escondeu em um galinheiro, pois sua mãe queria dar a ela uma lição por ter estragado a pintura, mas o avô não permitiu. “Deixa a menina”, disse.

E conforme o tempo ia passando, mais Maria colecionava histórias, como a da fazenda em que seu pai tinha plantação de laranjas; o tempo em que moraram em Nova Europa e posteriormente em Cafelândia em uma fazenda muito bonita, que pertencia aos Cravinas para trabalhar com apiário.

Depois se mudaram para Araraquara e seu pai montou seu próprio apiário em Guarapiranga e acabou se tornando um dos maiores apicultores, mundialmente conhecido, sendo pioneiro ao criar uma turbina de 40 favos para turbinar o mel. E Maria sempre ajudando o pai, o levando em seu automóvel para os locais que precisava ir e acabou herdando do mesmo a alegria e a disponibilidade, o esforço para o trabalho.

Maria nunca desistiu de sua arte, onde muitas peças ganharam o mundo.

Ela relatava que sentia muita saudade do pai que cultivava mel, falava do primeiro marido, o jornalista João Evangelista, pai de seus filhos João e Iara; do segundo companheiro, Thyrson de Almeida Leite, ex-combatente da Revolução de 32. Falava dos netos, dos amigos. Amava os animais.

Para os familiares e amigos, o legado que deixa é o do amor, da alegria de viver, da mulher talentosa que fez da sua arte um manifesto de fé.

As pessoas que a conheceram contam que Maria era pura luz. Sempre acolhedora, solícita, justa, amorosa. Um anjo que subiu para ocupar o seu merecido lugar: o céu!

Redação

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