sábado, 6, julho, 2024

Os trilhos já estão saindo do centro, mas a área não pertence ao município. E agora?

Falando com exclusividade ao jornal O Imparcial sobre a atual situação da área dos trilhos, Edinho Silva reacendeu o debate sobre o futuro do local

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Perguntado pela reportagem se a Prefeitura se preparou para a saída dos trilhos do centro de Araraquara, e sobre quem assumirá a responsabilidade de limpar e dar manutenção nos cerca de 1 milhão de metros quadrados da área remanescente dos trilhos da região central de Araraquara (parte dela, ao lado da Avenida Maria Antônia Camargo de Oliveira, a Via Expressa), o prefeito Edinho Silva (PT) foi bastante objetivo, e não se omitiu.
“A área que hoje ainda está ocupada pelo antigo pátio de manobras pertence à União. Toda a manutenção do local ainda é da Rumo, empresa concessionária. Quando a área estiver totalmente livre, a cidade terá que trabalhar para que tenha a posse e a propriedade do local. Hoje, não pertence ao Município”, disse o prefeito.
A afirmação joga por terra anos de entrevistas, falas e promessas de autoridades locais, que desde o início das obras do novo contorno ferroviário, em 2007, já apresentaram inúmeros projetos e propostas para a ocupação do local.
Já se falou em Parque dos Trilhos, com a preservação da área verde, já se falou na construção do novo Paço Municipal, na construção da nova Câmara e da sede do Fórum Trabalhista, além de outras propostas, como a manutenção de um dos ramais de trilhos para a criação de um serviço de turismo, com composições de passageiros, dentre outros.  
Nada, porém, saiu do papel, e a única verdade é que toda a área dos trilhos que cruza o centro da cidade, e contorna Araraquara, não pertence ao município, mas ao governo federal.
E isso poderá se transformar em um grande problema para o futuro próximo do município, já que estimada em um milhão de metros quadrados, a área exige manutenção e cuidados frequentes, algo impossível de ser realizado pela administração municipal, que mal consegue dar conta da zeladoria das ruas, praças e outros próprios públicos.
Sabe-se de antemão, que assim que as obras da nova oficina de manutenção da Rumo estiverem concluídas em Tutóia, a empresa deve se deslocar para lá, deixando toda a citada área para trás, já que ela não será mais operacional.
Há alguns anos, em coletiva de imprensa no 6º andar do Paço Municipal, o próprio Edinho sugeriu o que poderia vir a ser uma solução paliativa: o prefeito disse que o ideal para Araraquara seria a Rumo manter seus escritórios e toda a parte administrativa, funcionando na atual Rotunda, deixando a parte operacional para o novo contorno de Tutóia.  
Se a empresa aceitar a sugestão, a Prefeitura ganharia tempo para negociar com a União o futuro da área, que deve ser vendida para acertar parte do grande passivo deixado pela antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA), extinta em 22 de janeiro de 2007.

Plano Diretor
Como primeiro passo, Araraquara deve determinar no Plano Diretor local qual a utilização, e a ocupação possível na área do entorno dos trilhos. Ou seja: quais são as áreas de preservação, quais aquelas que poderão receber construções, ou mesmo empreendimentos.
Apenas como exemplo, a área dos trilhos que cruza o centro da cidade, onde em 2006 um líder local defendeu a construção de prédios residenciais populares, não pode ser impermeabilizada, sob pena de inundar ainda mais a Via Expressa, tornando impossível qualquer solução para o local.
A área do entorno da Via Expressa é a única que ainda drena água na região central da cidade.
Anos atrás, a Câmara Municipal chegou a criar uma Comissão de Estudos do Parque dos Trilhos (CEE), com o objetivo de levantar dados e obter elementos para estudos para definir uma futura ocupação para a área. Fora muitas outras propostas discutidas, mas nada saiu do papel.
Importante lembrar que durante o governo do ex-prefeito Marcelo Barbieri (MDB) uma empresa chegou a ser contratada para realizar estudos e apresentar uma proposta técnica para a ocupação da área. Também neste caso, não houve avanço algum nas conversas com o governo federal para a liberação dos mais de um milhão de metros quadrados em favor do município. Ou seja: Araraquara não é dona da área, que ainda pode ir a leilão.
Sendo assim, as linhas férreas, hoje utilizadas somente para o transporte de cargas, guardam, todavia, importantes referências históricas e culturais, mas seu destino segue cercado de incertezas.

Redação

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