sábado, 5, outubro, 2024

Prêmio André Braz será entregue na próxima sexta (27)

Cerimônia de premiação será realizada no Teatro Wallace Valentim Leal Rodrigues

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Na próxima sexta-feira (27), às 19h, o Teatro Wallace Valentim Leal Rodrigues (Av. Espanha, 485, Centro), receberá a cerimônia de entrega do Prêmio André Braz, premiação que homenageará anualmente dez homens negros – pretos e pardos –, que tenham se destacado na defesa e na promoção da igualdade, da justiça social e da dignidade da pessoa humana, no combate ao racismo, às desigualdades raciais e sociais. O prêmio tem como objetivo a valorização dos homenageados no contexto da cidadania.

As inscrições para o prêmio foram encerradas no dia 13 de maio e as indicações foram feitas por meio de breves currículos enviados por e-mail por representantes da sociedade araraquarense em geral, como autoridades, entidades, conselhos municipais, organizações da sociedade civil, comerciários e empresários. A definição dos homenageados foi feita mediante a escolha, pela maioria dos integrantes do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo (COMCEDIR), bem como pelo mapeamento étnico social realizado pela Coordenadoria Executiva de Políticas Étnico-Raciais.

A coordenadora municipal de Políticas Étnico-Raciais, Alessandra Laurindo, destaca que a força dos nomes indicados reforça a importância da premiação. “Por ser a primeira edição, contamos com uma ampla participação da sociedade civil e de organizações ligadas ao movimento social negro. Ficamos muito felizes com o nível das indicações, todas embasadas em currículos que remetem a um histórico de luta condizente com a finalidade do prêmio, que é o compromisso com a luta antirracista e doação por uma Araraquara mais equânime. Não tenho dúvidas de que todos são merecedores, mas tínhamos um parâmetro de selecionar dez homenageados e contamos com a mesma disposição para as próximas edições”, avaliou.

Presidente de honra

O presidente de honra do prêmio é o senhor Pércio Damázio, antigo morador da Vila Xavier, que completou, no último dia 1º de maio, 94 anos de vida e completará 75 anos de matrimônio com Dona Ivone Damázio. É aposentado da Companhia Paulista de Estrada de Ferro e sempre se dedicou ao esporte amador de Araraquara. Foi diretor e técnico do time de futebol da Atlética da Vila Xavier.

A partir da década de 1970, Pércio incorporou às tradições atleticanas uma escola de samba que passou a fazer parte das manifestações carnavalescas da cidade de Araraquara, a ponto de ter seu nome colocado em um samba-enredo da agremiação, como justa homenagem pelo seu entusiasmo e disposição para defender a Atlética. É reconhecido por todos do movimento social negro como um grande entusiasta e incentivador da cultura negra araraquarense.

Alessandra Laurindo também comentou sobre a homenagem. “O senhor Pércio Damázio terá cadeira vitalícia neste posto e muito nos honra homenageá-lo em vida”, pontuou.

O patrono do prêmio

André Luiz Braz foi músico, mestre de bateria, e compartilhou sua experiência com as escolas de samba de Araraquara por mais de 20 anos. Foi fundador e idealizador da Associação dos Amigos Afrodescendentes de Araraquara e Região (ACAAAR), sempre com o objetivo de fortalecer os laços da comunidade negra, bem como valorizar a cultura afro.

Empenhou-se para que fossem incluídas no calendário oficial de eventos do município de Araraquara as festividades que envolvem a Comunidade do Samba ao Brilho da Luz de Vela, a Quarta Nobre, o Encontro Afrodescendente, em homenagem a “Zumbi dos Palmares”, a Copa Zumbi dos Palmares e a disputa da Meia Maratona (21 km), a serem realizados na Semana da Consciência Negra, no mês de novembro de cada ano.

Não conseguiu ver todos os seus projetos realizados – vários estão em andamento – faleceu precocemente em 8 de março de 2015. Através de seus esforços dentro da comunidade e na sociedade araraquarense, desenvolvia um trabalho que foi referência para todos e deixou uma lacuna na luta pela igualdade racial.

Os homenageados

Os homenageados nesta primeira edição do Prêmio André Braz são:

• Ricardo Leão Bonifácio – Educador social, produtor e organizador de eventos culturais de hip hop e danças urbanas, membro oficial da Universal Zulu Nation Chapther True School e membro fundador do Original Kizomba Crew e True School Crew;

• Edson Luiz de Barros, o Aragão – Músico, ativista do movimento social e cultural, grande precursor do samba raiz, incentivador de jovens da comunidade a conhecerem a verdadeira história do samba;

• Idemar Jordão, ou Jordão Chaveiro – Proprietário do Chaveiro do Jordão no bairro de São Geraldo, militante político desde os 12 anos de idade e voluntário em várias instituições do município de Araraquara;

• Alberto Andreone de Souza – Candomblecista, formado em estudos sociais, militante há 22 anos nas questões LGBTQIA+, desenvolve trabalhos sociais com pessoas vivendo com DST e AIDS e atualmente é gestor de projetos de prevenção das ISTs, HIV e hepatites virais;

• José Carlos Servino, o Sabaúna – Baterista de destaque que em suas viagens nacionais e internacionais já tocou com ícones da MPB como Agostinho dos Santos, Taiguara, Elizete Cardoso, Jamelão, Roberto Carlos, Nelson Gonçalves, Tom Jobim, Milton Nascimento, Chico Buarque, Elis Regina, Agnaldo Rayol e muitos outros verdadeiros monstros sagrados;

• João Botelho Filho, o Parafina – Referência para a comunidade negra araraquarense, trabalhou por 30 anos na extinta Fepasa, participou da construção do Ginásio Gigantão e finalizou sua carreira como inspetor de motores de produção por 18 anos na Cutrale, além de ter deixado sua marca nos eventos sociais da cidade;

• Caius Julius Cesar Domingos, o Júlio César  – Radialista nascido em Sorocaba, mas que reside em Araraquara há mais de 35 anos, com passagens pelas rádios Cultura, Morada e Brasil FM, sempre com destaque na defesa e na promoção da igualdade, da justiça social e da dignidade da pessoa humana e no combate ao racismo e às desigualdades raciais e sociais;

• Martinho Januário Santana – Foi professor na Escola Industrial e professor do curso de capacitação em marcenaria para os jovens negros da periferia, além de ser um dos membros fundadores do Grupo Gana e organizador do primeiro Feconezu em Araraquara;

• Fernando Aparecido de Souza – Foi vereador, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Araraquara e um dos responsáveis pela implantação do primeiro Conselho Municipal de Usuários de Transporte Coletivo em Araraquara da antiga Companhia Tróleibus Araraquara (CTA). Hoje atua em diversos espaços e conselhos de participação popular e formulação de políticas públicas;
• Daniel Amadeu Martins Filho, o Costa – Grande ativista cultural de Araraquara, fundador da Associação Para a Preservação e Resgate da Cultura Afrobrasileira de Araraquara (APPRECABA) e presidente do Baile do Carmo, único evento que resistiu ao tempo e que recebe pessoas de todo o território nacional para celebrar as belas noites de julho.

Redação

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