Uma noite histórica. Assim o prefeito Edinho definiu o encontro entre os araraquarenses Ignácio de Loyola Brandão, jornalista, escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), e Zé Celso Martinez Corrêa, diretor, dramaturgo e um dos maiores nomes do teatro brasileiro, durante a mesa de abertura oficial da 1ª FliSol (Festa Literária da Morada do Sol), na última sexta-feira (4), no Centro Internacional de Convenção.
“Araraquara vive hoje [sexta] uma noite histórica e memorável. O encontro de Zé Celso e Loyola é um marco da cultura nacional”, declarou o prefeito.
Durante a conversa, com mediação de Silvana Santoro, Zé Celso e Loyola relembraram histórias da infância em Araraquara, abordaram aspectos de suas carreiras na literatura e no teatro e agradeceram à FliSol pela organização do evento e pelas homenagens.
“Estamos fazendo a primeira festa de dezenas e centenas que irão existir. Araraquara tem muita tradição na escrita. Nós estamos incentivando que outros jovens possam se sentir estimulados vendo a tradição da nossa cidade. E Araraquara carrega algo que é só nosso: a nossa identidade cultural, que faz de nós uma cidade diferente. Uma cidade que acredita na cultura”, disse Edinho.
A FliSol teve objetivo de incentivar a leitura e alinhar a literatura a outros segmentos artísticos para fomentar o conhecimento e a valorização do patrimônio cultural imaterial brasileiro.
Literatura
Na solenidade que antecedeu a mesa com Zé Celso e Loyola, as autoridades presentes destacaram a importância da realização de uma festa literária em Araraquara.
A presidente do Instituto Colibri, Bernadete Passos, agradeceu a todas as empresas e instituições parceiras que colaboraram na organização da FliSol. “Hoje é um dia de muita emoção, um momento histórico. Obrigado a todos vocês que acreditaram e somaram com a gente”, declarou.
A secretária municipal de Cultura, Teresa Telarolli, fez uma fala de agradecimento a todos que trabalharam na realização da FliSol. “Este projeto abre as portas para que a gente sonhe com a realização de uma grande feira literária”, disse Teresa, que classificou Loyola e Zé Celso como “duas referências no seu fazer artístico e que transpuseram os nossos muros”.
O coordenador de Acervos e Patrimônio Histórico, Weber Fonseca, relatou que sua coordenadoria é responsável pelos museus, pelas bibliotecas municipais, pelo acervo das bibliotecas das escolas municipais e pelo Arquivo Público Histórico Municipal Professor Rodolfo Telarolli. De janeiro de 2021 a outubro deste ano, 24 mil pessoas foram atendidas na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, informou Weber. “A gente dialoga com todas as linguagens. E todo esse preâmbulo que apresenta a FliSol é a Biblioteca Municipal no seu cotidiano. A festa é muito bem-vinda”, afirmou.
Loyola e Zé Celso
O autor, contista, romancista e jornalista araraquarense Ignácio de Loyola Brandão foi o homenageado pela 1ª FliSol. O escritor, que escreveu seus primeiros textos na redação do jornal O Imparcial de Araraquara, possui uma vasta produção literária, tendo sido traduzido para diversas línguas, e recebeu, entre outros prêmios, o Jabuti em 2008.
Em 2019, Loyola tomou posse na cadeira 11 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Pela mesma ABL, já havia recebido em 2016 o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.
José Celso Martinez Corrêa é diretor, dramaturgo, atuador e um dos fundadores do Teatro Oficina. Encenou espetáculos considerados antológicos, como O Rei da Vela, Na Selva das Cidades, As Bacantes e Os Sertões.
Ícone da tropicália, Zé Celso foi um dos líderes do movimento contracultural do Brasil, que foi prejudicado pelo golpe de 1964, o que inclusive provocou a prisão e a tortura do diretor. Depois de solto, ele vai para o exílio em Portugal e Moçambique. Na volta e para além dos anos que se seguiram, Zé Celso continua participando ativamente das insurreições e dos acontecimentos contemporâneos.