Cartazes e slogans anti-Trump marcam manifestação na avenida Paulista

Ato tinha sido convocado inicialmente com pauta crítica ao Congresso e pela taxação de super-ricos

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Cartazes e slogans contrários ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, marcam a manifestação de lideranças da esquerda na noite desta quinta-feira (10), na avenida Paulista, em São Paulo. Organizado pela Frente Povo Sem Medo e pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o ato tinha sido convocado inicialmente com os temas da taxação dos super-ricos, da crítica ao Congresso e da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.

Trump atribuiu parcialmente a taxação de 50% aos produtos brasileiros, a partir de agosto, ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado e a decisões do judiciário contrárias a gigantes da tecnologia americanas, como Meta e Google. O anúncio gerou uma reação imediata do governo brasileiro, que prometeu agir com base no princípio da reciprocidade. A disputa impacta o ato em São Paulo, onde os slogans incluíam frases como “O Brasil (…) não será tutelado por ninguém”.

— O ato já tinha sido como convocado pela taxação dos super-ricos e agora o Trump adiciona mais esse elemento, que é essa taxação absurda provocada pelos bolsonaristas — disse o deputado federal Rui Falcão (PT) durante a manifestação.

No trio elétrico dos movimentos, com presença da deputada federal Erika Hilton (PSOL) e da vereadora Amanda Paschoal (PSOL), sobravam críticas a Trump, Bolsonaro e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) também participou do ato:

— Nós estamos dando um recado. Aqui está acontecendo a maior manifestação de rua no brasil em 2025. Aqui estão os verdadeiros patriotas, não quem é traidor da pátria, não quem usa símbolo nacional para conspirar contra o país. É um ato em defesa do Brasil, do povo brasileiro — disse.

O deputado também classificou como “vergonhosa” do governador Tarcísio de Freitas, que culpou o governo federal pela queda de braço. Com uma placa que mostrava a imagem de Trump com um X vermelho, a esposa do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), Natalia Szermeta, também criticava o que chamou de subserviência dos bolsonaristas.

— Eles nunca foram patriotas, tanto o Bolsonaro quanto a família dele — afirmou.

Manifestantes e representantes dos movimentos sociais também uniram coro contra a anistia das pessoas presas pela invasão dos três poderes no 08 de janeiro de 2023 e contra o “imperialismo yanke”, em referência ao governo americano.

Nas redes sociais, o governo Lula (PT) também conseguiu mobilizar a base de apoiadores. A postagem do Lula sobre o tema teve o triplo de engajamento em comparação com a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A equipe de comunicação do governo captou a fragilidade, explicada pela proximidade do bolsonarismo com Trump. Como mostrou a coluna de Lauro Jardim, Sidônio Palmeira, responsável pela comunicação do governo, tenta emplacar o slogan “Lula quer taxar os bilionários; Bolsonaro quer taxar o Brasil”.

— É uma ótima linha (o slogan), porque é verdade. O que os movimentos (que organizam o ato) querem é dialogar com a sociedade e, se o Trump não recuar, com certeza será motivo para novas manifestações de rua — afirmou ao GLOBO a coordenadora nacional do MTST e da Frente Povo Sem Medo, Ana Carla Perles.

A Frente Povo Sem Medo é um dos principais braços de mobilização da esquerda para atos de rua. Criado em 2015, o movimento organizou manifestações contra o pedido de impeachment da então presidente Dilma Rousseff e, posteriormente, ocupou o triplex no Guarujá atribuído ao ex-presidente Lula nas investigações da Operação Lava Jato. Recentemente, o grupo e o MTST invadiram a sede de um prédio do Itaú, na Faria Lima, em São Paulo.

Nos últimos dias, no campo de batalha digital, os movimentos passaram a utilizar inteligência artificial e publicações com imagens das Casas Legislativas em chamas, com a hashtag #congressoinimigodopovo. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), foi o principal alvo. A militância petista, no entanto, evitou ampliar o escopo de alvos, tendo em vista a necessidade de articulação com o Legislativo às vésperas do ano eleitoral.

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