quinta-feira, 19, setembro, 2024

Centro de Referência do Idoso de Araraquara completa 30 anos

Teka Sampaio Carmagnani, gestora da unidade, fala sobre os serviços, memórias e desafios da unidade

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Programa produzido pela Secretaria Municipal de Comunicação, o “Canal Direto com a Prefeitura” dessa segunda-feira (22) contou com a participação da gestora do Centro de Referência do Idoso (CRIA) de Araraquara, Teka Sampaio Carmagnani, que falou sobre os 30 anos da unidade.
Ela lembrou do início do projeto e de sua integração no espaço. “Em 1993, o CRIA começou com a gestão do Dr. Ralfo Costa Castanheira, precedida pelo Dr. José Cândido Monteiro da Silva, seguida do Dr. Júlio Sudário. Passado esse período, eu assumi a gestão, até então como assistente social. Com o aprendizado que já tinha felizmente recebido com essas equipes maravilhosas, continuei aprendendo com a prática, com os pacientes, familiares, com as equipes atuais, cursos, especializações e muita leitura sobre o envelhecimento. Entretanto naquela época, o envelhecimento não era uma preocupação muito grande na saúde do Brasil. Gestores não entendiam como prioridade um local adequado e separado do atendimento ao adulto. Mas Araraquara, eu testemunho e faço parte desse processo, saiu na frente. E fazendo parte desse processo, a partir de 1993, a minha experiência profissional ficou totalmente vinculada intimamente relacionada à saúde da pessoa idosa”, comentou.

Passagens marcantes
Teka relembrou momentos marcantes que viveu à frente do CRIA. “Nós temos um grupo de convivência e por meio dele fazemos atividades lúdicas, entretenimento e viagens, inclusive para cidades praianas. E em mais de uma delas, eu tive o privilégio de ver pessoas idosas pela primeira vez tendo contato com o mar, com a praia, com a areia, que são algumas das faces mais lindas da natureza. Foi muito lindo e um deslumbre. Uma outra memória que costumo guardar é a respeito do retorno do nosso trabalho. É uma memória e um presente. Como as pessoas nos trazem pacientes, familiares, o retorno de um bom atendimento, de se alcançar os níveis desejados, a expectativa do profissional conciliada com a do paciente, tanto nas doenças crônicas como nas crônico-degenerativas, sempre tem um retorno e esse retorno é fascinante e dá muita força para nós”, acrescentou.
Entretanto, sua maior memória ocorreu em 2002. “Foi no primeiro governo do prefeito Edinho Silva, que começou em 2001. Em 2002 houve a inauguração da piscina de hidroterapia que teve como homenageada a minha mãe, nossa amada mãe, minha e das minhas irmãs. A piscina levou o nome de Piscina de Hidroterapia Isabel Sampaio Carmagnani. Foi uma emoção muito impactante”, recordou.

Desafios do CRIA
Segundo a gestora, o maior desafio do CRIA é em relação ao acesso aos serviços já disponibilizados pela saúde e a outros que virão. “Quando se fala de prioridade de pacientes, de atendimento, de diagnóstico, se esbarra sempre nesse desafio, que é a falta de acesso, tanto para nós como para quem está encaminhando. Eu entendo que, nessa engrenagem, é preciso ser discutido esse fator em termos de país, porque não é uma característica só de Araraquara. Ela é do Brasil, em todos os setores da saúde”, apontou.
Ela relata que o outro desafio é que o serviço precisa ser ampliado com mais recursos humanos, materiais e técnicos de uma forma abrangente, para que se possa oferecer um atendimento com acesso e qualidade, tanto a nível ambulatorial quanto por meio da visita domiciliar. “Na visita domiciliar, encontramos pacientes restritos ao leito, doenças crônico-degenerativas de longa duração, a família impactada pela doença, sem conhecimentos dos cuidados, sem contar os recursos financeiros que se elevam e a questão emocional. E o paciente, a pessoa doente, se sente perdida no meio de tudo daquilo, emocionalmente abalada e fazendo parte de uma situação estrondosa, impactante, devastadora. Precisamos ampliar muito para alcançar, tanto na questão ambulatorial quanto na visita domiciliar”, salientou.
Segundo ela, Araraquara já tem uma proposta de uma nova unidade do Centro de Referência do Idoso. “Em 2002, que foi o primeiro ano do governo do Edinho que teve o Orçamento Participativo, apresentamos a proposta para as instalações de um CRIA e na época não foi possível a execução. Entretanto, agora temos a área definida e todo o planejamento técnico realizado, para um futuro a curto prazo. Será uma verdadeira benção para Araraquara e um grande presente para a qualidade de vida das pessoas idosas. Tivemos várias instalações que íamos tentando nos adequar. Agora iremos para uma que estará de acordo com as legislações vigentes no país”, mencionou.

Serviços oferecidos
O Centro de Referência do Idoso de Araraquara fica na Rua Itália, 1009, Carmo, e atende pelo telefone (16) 3322-2807. Teka Sampaio Carmagnani falou sobre o trabalho realizado na unidade. “Nós contamos com uma equipe talentosa, com geriatra, psiquiatra, fonoaudiologia, enfermagem composta por enfermeira e técnicos de enfermagem, serviço social, fisioterapia, nutrição, psicologia e educador físico por meio de uma parceria com a Secretaria de Esportes e Lazer. Os serviços são realizados de forma individual, em grupo e por meio da visita domiciliar”, citou.
Ela destacou ainda o propósito do CRIA. “A finalidade é o bem-estar da pessoa idosa, a promoção e a prevenção secundária na saúde, o tratamento, a reabilitação das funções das pessoas que foram afetadas por doenças, e o social também, que é muito importante ter grupos de amigos, que é algo que faz parte do envelhecimento saudável”, ressaltou.
Questionada sobre como imagina o Centro de Referência do Idoso daqui a 30 anos, a gestora previu que a cidade contará com mais de uma unidade. “Nessas décadas, nós sabemos que a população idosa vai crescer e isso é um fato irreversível mundial, não só em Araraquara. Então talvez até mais um CRIA deva estar ativo na cidade. Diante dos avanços tecnológicos que já estão acontecendo, que já aconteceram e que vão acontecer, e todo o avanço da medicina, ciências biológicas, sociais e econômicas, espera-se que os idosos dessa condição estejam muito melhores e que sejam tratados de uma forma mais humanizada, levando em conta sua singularidade, sua fragilidade pelo desgaste dos anos vividos, e não é porque estão próximos ou mais próximos, digamos, do final de sua jornada de sua vida, pelo menos da forma como a conhecemos, que não devam ser tratados com respeito. É preciso ter respeito na sociedade e no grupo familiar e isso é fundamental”, pontuou.
A curto prazo, ela revelou a ideia de lançar campanhas de conscientização. “Uma coisa que acho importante falar e que o CRIA pretende fazer em parceria com o Conselho Municipal do Idoso, são campanhas contra o ageismo e outras formas de violência que sofre a pessoa idosa. São campanhas sobre o envelhecimento, que é uma etapa da vida que precisa ser bem vivida, deve ser bem vivida e tem todas as condições para isso, mas se as pessoas começarem a pensar na velhice lá atrás, elas terão mais chance de ter um envelhecimento saudável. Tudo isso precisa ser construído na sociedade”, concluiu Teka.

Redação

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