Um dos eventos mais tradicionais e aguardados de Araraquara e região será realizado nesta Sexta-feira Santa, dia 29 de março. Em sua 41ª edição, a Encenação da Paixão de Jesus Cristo será apresentada às 19h30 no Ginásio de Esportes Castelo Branco, o Gigantão, que fica na Av. La Salle, Jardim Primavera. A entrada é solidária, com a doação de um quilo de alimento não perecível.
A encenação da Paixão de Cristo é mais do que um simples evento teatral. É um momento de profunda reflexão e conexão espiritual para fiéis e espectadores de todas as origens. Por meio dessa representação dos eventos que marcaram a Semana Santa, os participantes têm a oportunidade de mergulhar na história central da fé cristã, relembrando o sacrifício de Jesus Cristo e sua ressurreição.
Promovido pela Associação Comunitária, Educativa, Cultural e Religiosa Encenação Nossa Senhora Aparecida (ENSA), o espetáculo costuma atrair fiéis e turistas de toda a região e promete ser uma experiência emocionante e espiritual para todos os presentes.
A encenação conta com aproximadamente 1 hora e 20 minutos de duração e reúne aproximadamente 250 voluntários, que apresentarão passagens marcantes a partir da chegada de Jesus em Jerusalém, que foi o último destino até sua crucificação. Para isso, muitos equipamentos cenográficos, de som, iluminação e efeitos especiais serão utilizados para compor as cenas.
A organização do evento pede que as pessoas cheguem cedo, já que os portões do ginásio serão abertos às 18h e fechados quando esgotar o limite das arquibancadas. A entrada será limitada com entregas de pulseiras na entrada do espetáculo e haverá entrada preferencial. O estacionamento no Cear será gratuito para as pessoas que forem ao evento. Também vale salientar que é proibido entrar no Gigantão com cooler, bebidas alcoólicas, objetos cortantes ou de vidro.
Tradição de ajudar quem mais precisa
A Encenação da Paixão de Jesus Cristo teve início em 1982, quando era realizada na própria praça da Igreja Nossa Senhora Aparecida, na Vila Xavier. No início, a apresentação era realizada sobre caminhões, em uma estrutura que foi melhorando ao longo do tempo, porém desde a primeira edição o objetivo era o mesmo: arrecadar alimentos para as pessoas que mais precisam.
Com o propósito de ajudar os Vicentinos, hospitais e instituições de caridade, o evento foi se tornando tradicional, sempre realizado na Sexta-feira Santa. O número de voluntários e de espectadores também foi ampliado ao longo do tempo e a apresentação passou por vários lugares como o antigo Estádio Municipal, Fonte Luminosa (antes e depois da modernização), Estádio do Botânico e até outros municípios como Dourado e Motuca, até retornar à praça da igreja onde tudo começou. Dessa vez, o espetáculo chega pela primeira vez ao Gigantão.
Nem sempre a organização contou com recursos financeiros suficientes, mas com muito empenho dos voluntários, o evento nunca deixou de acontecer. Em muitas vezes, o apoio da Prefeitura fez a diferença para que a apresentação seguisse cumprindo sua missão.
Mas um momento de grande dificuldade para a Encenação da Paixão de Jesus Cristo foi a pandemia da Covid-19. Além de ocasionar uma expressiva perda de público, também fez cair drasticamente o número de voluntários, que antes era de aproximadamente 450 pessoas e hoje são cerca de 250. Mesmo assim, o evento não parou na pandemia. Nos momentos mais críticos da crise, em uma articulação com a Secretaria Municipal de Saúde, foram realizadas apresentações adaptadas àquela realidade, com máscaras, distanciamento e todos os cuidados necessários para evitar a contaminação, além da arrecadação feita no sistema de drive-thru, com as pessoas passando de carro e deixando suas doações.
Segundo o fotógrafo e organizador de eventos Julio Cesar Sedenho, que está à frente da organização da Encenação da Paixão de Jesus Cristo, a população tem voltado a marcar presença no evento, mas ainda longe do ideal. “Nesses últimos dois anos depois da pandemia, tivemos um público entre 1.500 e 2.000 pessoas. Foi crescendo um pouquinho, mas ainda precisamos da ajuda da população de Araraquara para que cheguem esses alimentos, que não é para a encenação, mas para a comunidade, para os hospitais e famílias que precisam. Nós montamos cestas básicas para poder atender a todos que buscam a nossa ajuda”, explicou.
Ele explicou que é importante as instituições de caridade procurarem a organização da Encenação, mas é ainda mais importante que a população se mobilize em fazer as doações. “Pedimos que as entidades e os hospitais mandem ofício para nós, para os Vicentinos, para a paróquia Nossa Senhora Aparecida, para que possamos ajudar essas pessoas, mas para isso pedimos que a população nos ajude, não só na Sexta-feira Santa, mas em todos os dias possíveis, todas as semanas, para darmos sequência à arrecadação durante todo o ano e para que o alimento não acabe”, acrescentou.
Julio falou sobre a relevância que esse evento adquiriu ao longo do tempo. “A encenação é muito importante para a comunidade, muito importante para Araraquara. Não temos dinheiro, só queremos ajudar o próximo e lutar contra a fome. É difícil ver as pessoas pedindo e não poder dar comida na rua, é difícil para nós porque não conseguimos ajudar todo mundo. É difícil, mas é importante a população ajudar mais, com mais alimentos. Por isso, toda ajuda é bem-vinda”, concluiu.