Por Luís Carlos Bedran*
Passada a ressaca de fim-de-ano e a do carnaval, o País recomeça a trabalhar, ou não. Porque é triste constatar que a geração dos “nem-nem” continuará neste ano, sem perspectivas sólidas de mudanças. São jovens desanimados que desistiram de encontrar trabalho digno e também de estudar, muitos dos quais tornam-se presa fácil de quadrilhas de traficantes, cada vez mais ousados, ou então são induzidos crime. Além disso, como provam as pesquisas, aumentou o número de pessoas que não tem condições sequer de conseguir mais do que duas refeições diárias, vivem ou sobrevivem de bicos, sempre no limite. E isso ocorre em todo o País. Basta observar nos grandes centros urbanos a quantidade imensa de miseráveis que perambulam pelas ruas, que dominam as praças, que pedem esmolas nas esquinas e não têm teto onde se fixar.
Se o Brasil é considerado um país rico, por que então ainda há tanta miséria
assim? Segundo economistas, apenas 10% dos brasileiros controla a metade da riqueza do País. Tudo isso não é novidade alguma, mesmo porque crises econômicas vêm de longe, muito longe e para qualquer governo tentar debelá-las em apenas uma geração, é impossível. Pois sempre continuará alta defasagem e se nos compararmos aos países de
Primeiro Mundo, e se e quando conseguirmos alcançá-los, tal demorará décadas e décadas. A questão econômica é inseparável da conjuntura política. Mesmo uma nação governada por um líder que dê prioridade máxima à economia, para diminuir essa desigualdade, mesmo assim não pode descurar das outras prioridades básicas, como saúde, educação e segurança.
Reforma política (inviável por enquanto); reforma tributária (uma incógnita a longo prazo); reforma administrativa, a conferir, tudo irá depender dos interesses dos congressistas que tentarão manter os seus status para se eleger e reeleger em 2026 e, para tanto investirão suas verbas nas eleições municipais deste ano para, em reciprocidade, os vereadores e prefeitos eleitos ou reeleitos os agradecerem pelo apoio que lhes será dado. E o eleitor, como reagirá? Elegendo-os com base em quê? Nas promessas, nos favores, nos churrascos, nas rodas de samba, nas camisas de futebol
doadas magnanimamente?
Se tal acontecer, tudo continuará como dantes. O eleitor terá sua dose de culpa.
Não é inocente, não é ingênuo. Por isso é que ele deve ter conhecimento sobre quem é o candidato, o que ele fez para a comunidade, o que fará e, se eleito, cobrá-lo depois. A mulher, o homem, os jovens, devem ter um mínimo de conhecimento do que seja democracia, cidadania, responsabilidade e, para tanto, a Nação deve sempre cumprir o que está definido na Constituição: educação para todos, nos vários níveis. Somente
assim poderá ser excluído o populismo como massa de manobra do cidadão e então talvez a miséria possa ser debelada, a saúde controlada, o pleno emprego a existir e a segurança pública sem praticar violência, sempre de acordo com a lei…
*Sociólogo