Após relatos de que a fila de espera para realização de exames, incluindo tomografia, está muito grande, o que prejudica a população que necessita de um diagnóstico urgente para poder realizar o tratamento adequado, o primeiro secretário da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Araraquara, vereador Rafael de Angeli (PSDB), encaminhou requerimento à Prefeitura, solicitando informações sobre solicitações de tomografias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No documento, o parlamentar enfatizava que o SUS é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública, abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. “Araraquara conta com mais de 30 Unidades Básicas de Saúde (UBS), entre os Centros Municipais de Saúde (CMS) e as Estratégias de Saúde da Família (ESF), popularmente conhecidas como postos de saúde. Nos postos de saúde, os cidadãos podem receber os atendimentos gratuitos essenciais em saúde da criança, da mulher, do adulto e do idoso, além de odontologia, requisições de exames por equipes multiprofissionais e acesso a medicamentos”, argumentava Angeli.
O vereador lembrava também que a cidade conta também com o Núcleo de Gestão Ambulatorial “Doutor Francisco Logatti” (NGA-3), que presta atendimento ambulatorial em diversas especialidades, e três Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). “Dentre os diversos exames solicitados, a tomografia é um exame de imagem não invasivo, que pode ser utilizado como um diagnóstico de apoio para os médicos com o objetivo de analisar diferentes partes do corpo, como ossos, fígado, cérebro, ovários, rins, pâncreas, pulmões, vias biliares e pleura, por isso pedimos essas informações”, destacou o parlamentar.
Angeli perguntou também qual o número de tomografias solicitadas por pacientes atendidos nas UPAs, de janeiro de 2022 até agosto; e qual o número de pacientes aguardando para a realização de tomografias solicitadas via unidades de saúde e NGA-3, contendo a data de solicitação de cada paciente.
Em resposta, a gerente da Central de Regulação, Suhelen Beroiza, e o coordenador de Gestão, Marco Antonio Rocha, ambos da Secretaria Municipal da Saúde, informaram que, de acordo com a Unidade de Retaguarda, de janeiro de 2022 até 17 de agosto, foram atendidos 665 exames de tomografia sem contraste e 54 com contraste, através de agendamentos pela Urgência e Emergência. “No momento, temos, aguardando agendamento, 139 exames de tomografia com contraste e 108 com sedação”, detalharam.
Eles alertam para a dificuldade de realização de alguns exames/procedimentos em saúde que dependem de “contraste iodado” e citam o “Esclarecimento aos associados: Falta de meios de contrastes radiológicos no país”, publicado no site do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) em 4 de maio de 2022. No texto, é elencado que “a escassez do produto no mercado, pelo apurado, decorre de alguns fatores, coincidentes no termo de ocorrência”, listando, entre eles, “aumento da demanda pós pandemia’; “situação da Covid no resto do mundo, impactando o comércio mundial”; “a escassez de iodo, elemento químico essencial nas formulações de meios de contrastes”; e “interrupção provisória do fornecimento dos meios de contrastes por uma das empresas com importante fatia deste mercado”.
Os representantes da Secretaria da Saúde explicam também que, em 12 de julho de 2022, o Ministério da Saúde (MS) e a Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice) emitiram nota orientando “a racionalização do uso de contraste iodado para exames e procedimentos médicos, até que ocorra a normalização do fornecimento do produto”.
A mesma nota, reconhecendo que a “escassez de meios de contraste é global e de grande preocupação”, aponta algumas “recomendações gerais”, como avaliação do estoque disponível de meio de contraste iodado; priorização de procedimentos em pacientes de maior risco e em condições clínicas de urgência e emergência; e utilização de métodos diagnósticos alternativos, quando possível.
“Portanto, em decorrência deste cenário de escassez de “contraste iodado”, utilizado para a realização de alguns exames, que, atualmente, se verifica uma demanda reprimida para o exame em comento, com demora além da habitual para o seu agendamento e realização, cabendo ao profissional médico assistente avaliar a gravidade e premência do agendamento do mesmo, ou encaminhar paciente em regime de urgência, quando o caso assim requerer; vez que, quando tal situação é identificada e relatada, o paciente é imediatamente encaminhado para a realização do procedimento indicado”, pontuam. “Enquanto a escassez do produto persistir, o agendamento deverá ocorrer em tempo oportuno, como tínhamos até a ocorrência da pandemia pela Covid-19”, finalizam.
“O número de reclamações que recebemos, referentes à espera para a realização dos exames, é muito grande. Continuaremos fiscalizando para obter mais esclarecimentos e ajudar nossa população, que precisa urgentemente destes exames e procedimentos”, explica e conclui Angeli.