Como seria para uma jovem pesquisadora brasileira passar alguns dias e interagir de perto com dezenas de vencedores do Prêmio Nobel? Essa experiência única será vivida pela doutoranda Helena Russo, do Instituto de Química (IQ) da Unesp, em Araraquara. Ela está entre os seis cientistas brasileiros selecionados para participar do 71st Lindau Nobel Laureate Meeting, encontro anual que acontece na Alemanha e reúne, por uma semana, jovens pesquisadores de todo o mundo para participar de palestras e debates com os laureados, promovendo um grande intercâmbio de gerações e conhecimentos.
Na edição de 2022, que é dedicada à área de química, cerca de 30 vencedores do Prêmio Nobel irão comparecer. Helena, que será a única representante da Unesp no evento, foi escolhida pela Fundação Lindau, responsável pela organização do encontro, a partir da indicação de jovens pesquisadores que é feita pela Academia Brasileira de Ciências (ABC). Entre os critérios de seleção estão o currículo do candidato, bem como cartas de recomendação. Ao todo, cerca de 600 cientistas, de 91 países, participarão da iniciativa que, após dois anos sendo realizada em formato remoto por conta da pandemia de Covid-19, acontecerá de forma presencial, entre os dias 26 de junho e 1º de julho.
“Participar do 71? encontro com prêmios Nobel em Lindau será uma experiência única. Acredito que será muito inspirador ter um contato próximo com os laureados e testemunhá-los compartilhando seu entusiasmo e perspectivas para o futuro da ciência. Interagir com outros jovens cientistas de mais de 90 países também será uma grande oportunidade para estabelecer conexões, compartilhar experiências e discutir temas relevantes para a sociedade. Me sinto muito honrada em representar o Brasil nesse evento e agradecida à Academia Brasileira de Ciências pela indicação”, diz Helena, que é membro da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e faz parte do Comitê de Jovens Pesquisadores da Instituição desde 2018.
Orientada pela professora Vanderlan Bolzani do IQ, a doutoranda atualmente estuda plantas brasileiras na busca por alternativas naturais para o combate ao mosquito Aedes aegypti. Em um dos resultados preliminares de sua pesquisa, a jovem cientista identificou em uma planta da família Malpighiaceae compostos capazes de matar as larvas do mosquito em apenas 24 horas. A pesquisadora integra o Núcleo de Bioensaios, Biossíntese e Ecofisiologia de Produtos Naturais (NuBBE) e o INCT Bionat, ambos sediados no IQ, além do Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Liderança científica
O mês de março também reservou outro importante reconhecimento ao trabalho que Helena vem desenvolvendo como cientista. Ela foi uma das 29 selecionadas do mundo, sendo a única da América Latina, para participar da 12ª edição do CAS Future Leaders 2022, programa da Sociedade Americana de Química (ACS) que oferece treinamento sobre liderança para pesquisadores em início de carreira.
Por ter sido uma das escolhidas, a doutoranda do IQ também ganhou uma viagem para participar do ACS National Meeting & Exposition, um dos encontros científicos mais respeitados do mundo. A participação no evento, que será realizado em Chicago, nos Estados Unidos, em agosto, é uma grande oportunidade de networking com líderes renomados da indústria científica, empreendedores e comunicadores profissionais. “Fico muito feliz por ter sido escolhida para o programa CAS Future Leaders 2022. Anseio por conhecer os outros 28 selecionados, será mais uma grande oportunidade para estabelecer conexões com jovens cientistas que, com certeza, impactarão o mundo e serão grandes líderes científicos”, finaliza Helena, que ainda ganhou a oportunidade de visitar a sede da CAS, em Columbus, nos EUA.