domingo, 24, novembro, 2024

Araraquara é atacada por avalanche de golpes digitais

Crimes de estelionato envolvendo redes sociais e aplicativos de trocas de mensagens passam dos 100 por mês

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Por José Augusto Chrispim

Uma série de crimes de estelionato envolvendo redes sociais e aplicativos de troca de mensagens está movimentando as delegacias de polícia de Araraquara nos últimos meses. As denúncias sobre os ‘golpes digitais’ já passam de 100 por mês.

Falando à reportagem de O Imparcial, o delegado titular do 2º Distrito Policial de Araraquara, Dr. Geriel Dal Ri, fez um alerta à população em relação ao grande número de golpes que vêm sendo aplicados na cidade. “Infelizmente, esse tipo de crime é muito frequente e é feito de formas variadas. Os estelionatários geralmente se utilizam de falsas promessas e de argumentos para enganar a pessoa que é levada a fazer transferências bancárias ou PIX em favor dos falsários, utilizando em via de regra terceiros, muitas vezes, inocentes que não sabem que seus nomes estão sendo utilizados para os golpes. O criminoso abre uma conta bancária em nome de terceiros sem que esses saibam e faz a movimentação dessa conta como se fosse a vítima. Na maioria das vezes, a gente faz a investigação e levanta as contas bancárias que, algumas vezes, é de um professor da rede pública ou um agricultor lá do Pará e, infelizmente, a investigação acaba sem chegar ao autor do crime. Mas, em alguns casos nós conseguimos chegar à autoria sim”, relata o delegado.

Número elevado

De acordo com o Dr. Geriel Dal Ri, mais de 100 casos de estelionato são registrados mensalmente na cidade envolvendo os crimes digitais. Ele destaca que os golpes são variados e vão desde venda de veículos, leilões falsos, clonagem de aplicativos como o facebook, Instagram e WattsApp – que muitas vezes são utilizados para solicitar valores em dinheiro ou venda de produtos que não existem -, a pagamento de boletos bancários falsos, entre outros.

Atenção

Para o delegado titular do 4º Distrito Policial, Dr. Marcelo Umberto Borghi, o importante é ter atenção quando for realizar um pagamento. “Antes de completar o pagamento de um PIX, por exemplo, a pessoa deve verificar se o nome para quem o dinheiro será transferido é o mesmo de quem está vendendo um produto. Caso não seja, é preciso utilizar de outros meios para conferir se a transação não se trata de um golpe. Deve-se desconfiar sempre”, alerta Borghi.

Prejuízo com o Instagram

A empresária Daniela Simões foi mais uma vítima dos golpistas na última semana. Ela teve sua conta do Instagram clonada por falsários que a utilizaram para oferecer produtos eletroeletrônicos que não existiam. “Eu recebi uma mensagem de uma amiga perguntando se ela poderia me colocar em uma lista de transmissão e eu respondi que sim. Logo em seguida, recebi uma mensagem para printar uma mensagem e daí em diante não tive mais acesso a meu Instagram, pois eles mudaram a senha e colocaram códigos para dificultar o meu acesso. Em poucos minutos, começaram a me ligar dizendo que queriam comprar TV, frigobar, celular, geladeira, enfim, várias mercadorias que eu estaria vendendo a preços bem abaixo do normal. Eu informei essas pessoas que haviam ‘rakeado’ minha conta. Eu descobri que os depósitos foram feitos em nome de laranjas chamadas Ananda e Jucileide de Jesus. Aí eu fui até a delegacia e registrei um Boletim de Ocorrência relatando o que havia acontecido. Mas, até o final da tarde, as mercadorias haviam sido vendidas várias vezes para pessoas que foram enganadas. Em seguida, eu informei o suporte do Instagram que me passou vários procedimentos para que eu pudesse reaver minha conta e me deram um prazo de 24 horas, mas depois de 18 horas, quando a gente tentou reaver a conta, o racker modificava o tempo todo os códigos para que a gente não conseguisse o Instagram de volta, mas ao final conseguimos. Em seguida, eu pedi para quem foi lesado que procurasse a polícia e registrasse um Boletim de Ocorrência. Enfim, a falta de atenção acabou me trazendo esse desgosto”, lamenta Daniela.

Sorteio falso

Já a jornalista Márcia Belotti conta que, na última sexta-feira (14), recebeu uma mensagem via Instagran de uma empresa com a qual ela mantém contato e seria um futuro cliente seu. Na mensagem, a suposta empresa oferecia um sorteio de um hotel que daria direito a três diárias ou a R$ 5 mil em dinheiro. “A pessoa me chamou pelo nome e falou para eu copiar a mensagem e mandar para ela ver o que eu tinha recebido, em seguida, ela pediu a minha data de nascimento e eu acabei digitando e enviando, porque não me pediram nenhum número de documento. Logo em seguida, minha amiga me ligou perguntando se eu tinha enviado uma lista de transmissão para ela e me alertou que eu estaria vendendo várias mercadorias pelo meu Instagram. Foi aí que notei que havia caído em algum golpe e comecei a divulgar que a minha conta tinha sido ‘rakeada’, porém, daí em diante não consegui mais ter acesso ao meu Instagram. Eles também começaram a pedir PIX para contatos meus, mas, felizmente ninguém fez nenhum depósito”, relatou Márcia para a reportagem.

A jornalista procurou a Delegacia de Polícia, onde registrou um Boletim de Ocorrência, pois foi informada que deveria se resguardar, caso alguém tivesse feito algum pagamento para terceiros sem sua permissão.

“No meu caso o dano maior foi de não conseguir ter minha conta de volta, o tempo que eu perdi, mas ao final deu tudo certo”, resumiu.

Dicas:

O delegado Marcelo Borghi lembra que a internet trouxe muitas facilidades para o dia a dia das pessoas, porém, diz que não se pode descuidar da segurança e sempre é bom desconfiar. “Se a pessoa conferir os dados antes de fazer o depósito, vai ter menos chance de cair em um golpe, pois na maioria dos casos, o golpista indica uma chave do PIX que não é da pessoa com quem a vítima está negociando”, ressalta.

Veja algumas dicas para dificultar a aplicação dos golpes:

  1. Conferir os dados (nome/CPF) para quem vai fazer o depósito
  2. Não comprar produtos a partir de páginas do Facebook, mas sempre dos aplicativos das próprias empresas
  3. Se certificar da origem dos boletos para pagamento bancário
  4. No caso de venda ou compra de veículos, nunca fornecer dados como emplacamento, CLV ou número do Renavan
  5. Em caso de leilões online, antes de completar a compra de algum veículo, deve-se entrar em contato com a empresa que fez o leilão ou com o leiloeiro oficial
  6. Identificar a pessoa para quem vai depositar antes de efetuar a transferência bancária

Crime

O delegado Geriel Dal Ri lembra que o crime de estelionato simples tem pena prevista de 1 a 5 anos de prisão. Já para o estelionato envolvendo a modalidade eletrônica, a pena é de 4 a 8 anos, ressaltando que se o crime for cometido contra idoso ou vulnerável, há o acréscimo de 1/3 da pena.

Redação

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