sexta-feira, 22, novembro, 2024

Comerciantes relatam revolta e indignação com situação na Praça de Santa Cruz 

Praticamente todos os comerciantes do entorno da praça, seja do comércio de rua ou do comércio popular, foram assaltados ou tiveram seus estabelecimentos invadidos por essas pessoas

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Comerciantes no entorno da Praça de Santa Cruz, a praça mais central da cidade, demonstraram suas indignações e até revoltas com os problemas que têm enfrentado nos últimos meses, com o comportamento agressivo e ameaçador das pessoas em situação de rua que ocupam a praça há algum tempo. Relatos de diversas situações foram feitos ao presidente da Câmara Municipal de Araraquara, vereador Aluisio Boi (MDB), chamado por estes comerciantes. Os secretários municipais de Obras e Serviços (Sérgio Pelícolla) e de Segurança Pública (coronel João Alberto Nogueira Júnior), acompanharam o parlamentar na reunião, que ocorreu no próprio local. Os comerciantes não são identificados neste texto, por conta do medo de represálias. 

Praticamente todos os comerciantes do entorno da praça, seja do comércio de rua ou do comércio popular, foram assaltados ou tiveram seus estabelecimentos invadidos por essas pessoas. Além disso, eles relataram sofrerem ameaças e intimidação, quando estas pessoas pedem dinheiro, uma espécie de pedágio para os comerciantes poderem ir e vir no local, ou ainda para saírem da frente das lojas, depois de se deitarem no local, impedindo a entrada e saída dos clientes. Durante a noite, eles ainda defecam nas portas das lojas. Se apropriaram ainda do banheiro público, onde usam drogas, praticam sexo, mesmo durante o dia, e o destroem gradativamente, assim como o bebedouro público instalado ao lado. Entrar no banheiro não é tarefa fácil, por conta do odor que sai do local, todo sujo de fezes. Eles afugentaram até o trabalhador que limpava o lugar. Quebraram também a caixa de energia elétrica que alimenta as lojas do comércio popular e fazem pichações a qualquer hora do dia. Tem comerciante que já foi assaltado duas vezes somente neste mês. 

O prejuízo comercial de todos é muito grande. O proprietário de um quiosque de lanches disse que sua venda caiu, nos últimos meses, de 200 para cinco lanches diários, o que inviabiliza o funcionamento do estabelecimento. Ele está no local há 34 anos e nunca viveu situação semelhante. Ele trabalhava até meia-noite. Foi reduzindo o horário e atualmente fecha as 19 horas, por medo e falta de condições para trabalhar. Até uma escola de cursos profissionalizantes do entorno está mudando de endereço, já que a ação destas pessoas está afugentando clientes. Eles chegam a entrar na escola para pedir dinheiro e ameaçar as pessoas. 

O perigo maior é para as mulheres, que representam 90% do público que compra nas lojas do entorno da praça, intimidadas pela forma agressiva e ameaçadora como são tratadas. O intenso relato continuou, com a demonstração de que, até mesmo os moradores dos prédios no entorno não mais frequentam a praça, onde se reuniam com suas crianças para momentos de lazer. “É perigoso demais”, afirmou um comerciante, que disse ainda que as ameaças chegam até mesmo às pessoas que param nos semáforos dos cruzamentos da Avenida José Bonifácio com as ruas São Bento e Nove de Julho. Alguns já tiveram seus carros amassados por chutes dados por essas pessoas, quando da negativa em dar dinheiro. O cofre de doações da Igreja de Santa Cruz foi roubado no final de semana. 

Os comerciantes falaram ainda dos problemas psicológicos que sofrem, cada dia com mais medo de ir trabalhar, ainda que precisem. Eles pediram para que as condições do local sejam rapidamente melhoradas, com uma melhor iluminação na praça, sistema de câmeras de segurança, atenção ao banheiro público e, principalmente, a essas pessoas que ocupam a praça no coração da cidade. A expectativa deles é que, com as condições melhoradas, a situação se torne favorável ao comércio novamente, principalmente para as festas de final de ano, já que atualmente as pessoas evitam até mesmo cruzar a praça. 

A crítica se estendeu às ONGs e até ao serviço da Secretaria Municipal de Assistência Social, que, no entendimento dos comerciantes, ao levaram alimentação e outras coisas, acaba mantendo essas pessoas na prática. É uma opinião geral de que eles não se encaixam na descrição do morador de rua comum, que precisa de acolhimento.  

Tem lei para isso 

O vereador Aluisio Boi lembrou que no município existe uma lei, de sua autoria, em 2010, que proíbe toda e qualquer ação nas esquinas e semáforos, com ou sem abordagem aos motoristas, exceto as autorizadas, depois de cumpridas uma série de obrigações. “Considerando esta lei, acredito que a Guarda Municipal e a Polícia Militar possam atuar para impedir estas abordagens aos motoristas. Não recebendo dinheiro, é provável que percam o interesse de ficar no local e deem sossego até para o comércio do entorno”, propôs o parlamentar, que continuou dizendo que “a praça é lugar de apresentações culturais, dança, Zumba e outras atividades para trazer as pessoas, as famílias para o lugar”, concluiu. 

Boi afirmou que vai relatar a situação ao prefeito para que um conjunto de ações seja rapidamente realizado pelo Poder Público, para mudar a realidade daqueles comerciantes e para que as pessoas voltem a frequentar a praça.

Redação

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