A Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira (EMD) completa 20 anos de história nesta quarta-feira, 12 de outubro. Inaugurada em 2002, no primeiro mandato do prefeito Edinho (2001-2004), a EMD proporcionou a democratização da dança e da cultura para a população de Araraquara.
A unidade surgiu após idealização e concepção de Gilsamara Moura, atual presidente da Fundart (Fundação de Arte e Cultura de Araraquara) e que também presidia a instituição naquela época.
No início, a EMD era vinculada à Secretaria Municipal de Cultura, mas a gestão foi transferida para a Secretaria Municipal da Educação em 2005, quando o projeto ganhou caráter de educação complementar — no contraturno do período escolar.
Em 2009 foi criado o Núcleo de Formados e Formandos, que reúne, aos sábados, professores, alunos que estão concluindo a formação e alunos egressos da EMD para um aprofundamento dos estudos da dança contemporânea, possibilitando a continuidade e o aperfeiçoamento técnico.
Outro momento importante da EMD foi a mudança de sede, em 2010. Desde o início do projeto, a escola era sediada na Rua Carlos Gomes (Rua 6). No segundo mandato de Edinho (2005-2008), por meio do Orçamento Participativo, a população escolheu uma sede maior e com melhor infraestrutura.
Começaram então, em 2008, as obras para que a Escola Municipal de Dança fosse transferida para a atual sede, em um dos antigos pavilhões da Fepasa, na Avenida Vicente Jerônimo Freire, nº 12, Vila Xavier (ao lado da Secretaria Municipal da Educação). O investimento, em valores da época, foi de quase R$ 1,5 milhão. A inauguração da nova sede ocorreu sob gestão do ex-prefeito Marcelo Barbieri.
Com o espaço mais amplo, a capacidade de atendimento foi estendida para 200 alunos. A EMD passou a contar com espaços multiuso, vestiários, salas de teoria e informática, refeitório, cozinha, biblioteca, auditório e equipamentos necessários.
Oportunidade
Para o prefeito Edinho, a EMD é a realização de um sonho idealizado por Gilsamara Moura. “Nós sonhamos em criar uma escola pública de dança que pudesse democratizar o acesso à cultura e à educação complementar. Fizemos uma escola para que as famílias que não tinham condições de pagar uma escola privada de dança pudessem ter a oportunidade de incentivar seus filhos à prática da dança, à dança como desenvolvimento cultural, desenvolvimento educacional, inclusão social”, afirma.
Edinho agradece a todos que trabalharam e ainda trabalham na execução do projeto. “Eu fico muito feliz de participar dessa celebração dos 20 anos da Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira. Minha gratidão a todos os profissionais, mulheres e homens, que participaram de alguma forma da construção desse sonho. E minha gratidão às profissionais e aos profissionais da Educação. Minha gratidão aos funcionários do suporte. Minha gratidão a todas e a todos que, de alguma forma, colocaram um tijolinho para que a gente tivesse esse projeto sólido e emblemático que é a Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira”, destaca.
Gilsamara faz questão de relembrar o histórico de criação da EMD. “É importante a gente registrar a história dessa escola, porque ela está fazendo 20 anos e muitas coisas se perdem pelo caminho. A escola teve um projeto encaminhado à Câmara em 2002 aprovado. Em 2003, ela iniciou suas atividades. Em 2008, nós concluímos a primeira turma, porque o projeto é de seis anos de formação”, lembra.
A presidente da Fundart explica que o desejo de fundação da EMD surgiu da necessidade de levar a dança de forma gratuita à população, espelhando-se em outros exemplos que começaram a surgir pelo País. “A cultura da dança, na maioria das cidades brasileiras, nos anos 1980, 1990, é uma cultura de escolas privadas, escolas particulares. Eu sou fruto de uma geração que passou por escolas particulares e vi a dificuldade de pessoas que não podiam pagar, ou mesmo quando a gente tinha algum tipo de dificuldade. Passei por isso quando meu pai ficou desempregado e a gente não tinha a possibilidade de encontrar a dança em outros ambientes. Isso foi uma forma de eu cultivar outra maneira de existir a dança, a não ser nas academias privadas. A escola vem desse sonho, desse desejo, e de outras escolas que já tinham sido implantadas de forma pública”, declara.
A secretária da Educação, Clélia Mara dos Santos, vê como de suma importância a existência da EMD. “É uma escola com formação extremamente multifacetada, que vai de uma interação com o meio ambiente, passando pela discussão e pela prática das diferentes formas de expressão do corpo, das danças, da dança contemporânea, do balé, do sapateado, da capoeira. É uma escola pública e de extrema qualidade, dirigida a todos e a cada um dos estudantes abrangidos pelas faixas etárias que compõem a Escola Municipal de Dança. É o modo pelo qual a gente dá um recado muito importante para a cidade e seus cidadãos e cidadãs: que o universo da arte e da dança não tem classe social, não tem renda”, analisa.
“É a possibilidade de a arte e a dança chegarem até as crianças que não têm acesso a esse tipo de linguagem, a esse tipo de arte”, avalia a diretora da EMD, Vanessa Santana. “Apesar de ser um projeto abrangente e estar aberto a toda a população, o foco dele são as crianças em vulnerabilidade social. É a democratização do ensino da dança na cidade de Araraquara”, complementa a diretora.
A coordenadora pedagógica da EMD, Lúcia Krepski, informa detalhes da rotina dos alunos da escola. “Nós trabalhamos com três aulas diárias e três aulas totalmente direcionadas para as áreas artísticas mesmo, com ênfase nas aulas de dança, nas aulas de corpo, como balé clássico, dança contemporânea, sapateado, capoeira, o próprio teatro. E as crianças ficam conosco. As crianças da manhã, das 7h30 até as 11h, e após esse horário é servido um almoço. As crianças que desejam tomar banho podem tomar banho aqui. As crianças do período da tarde chegam às 13h, também têm direito a um almoço e ao banho, e as aulas começam a partir das 14h. E elas ficam conosco das 14h até as 17h30. Novamente, três aulas no período da tarde”, ressalta a coordenadora.
Com a palavra, os alunos
Aluno já formado pela EMD, Matheus Silva revela que seu rendimento escolar inclusive melhorou depois de frequentar a escola de dança. “A cada dia era uma coisa nova, era alguma coisa que tinha a ver com o que eu estava aprendendo aqui, com o que eu estava dançando, mas que estava estudando na aula de História. E aí eu falava: ‘cara, peraí, eu estou aprendendo aqui de uma forma diferente que lá na escola eu não consigo’. Eu consegui elevar minha nota dentro da sala de aula da outra escola por conta do Iracema”, conta.
Matheus também reflete sobre o impacto da EMD na geração de oportunidades. “Ao longo desses 20 anos, a gente vê uma mudança muito grande desses espaços. Espaços que em Araraquara sempre eram elitizados, eram de pessoas que tinham dinheiro para pagar para estar em uma escola. E hoje você vê bailarinos, cantores e artistas que passaram pela escola e estão mundo afora”, destaca.
Aluna do 6º e último ano de formação, Poliana Almeida Jacob relaciona seu crescimento na EMD ao próprio crescimento como pessoa. “Não só mudei de tamanho, mas mudei de jeito, mudei de opiniões, mudei tudo, basicamente, e sou outra pessoa depois de pisar aqui. Quando entrei aqui, eu era só uma criança, não tinha muitos planos, obviamente, porque você é uma criança e está aqui para aprender. No terceiro ano que eu já estava aqui, bem na metade do processo, eu já sabia o que queria da minha vida. Eu me apaixonei por isso aqui e queria continuar.”
O mesmo sentimento também ocorre com quem está começando, como é o caso de Vinícius Rafael Assis, que está no 2º ano da EMD. “Para mim, é maravilhoso. Já que falaram que aqui muda o futuro, eu quero muito mudar o meu e ser dançarino, que é muito o meu sonho. Eu danço porque é uma felicidade para mim”, relata o menino.
Homenagem
Nesta quarta-feira, no início da tarde, um vídeo em homenagem aos 20 anos da Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira será publicado nas páginas da Prefeitura nas redes sociais. O material foi produzido pela Secretaria Municipal de Comunicação.