Comemorando sua 22ª edição, o FIDA 2022 – Festival Internacional de Dança de Araraquara – foi um dos 20 projetos selecionados no “Retomada SP”, programa de apoio à realização de novas edições de festivais, em formato presencial, com mais de 5 edições nas áreas de artes cênicas, música, literatura, artes visuais, audiovisual, segmentos da economia criativa e cultura popular e tradicional.
Araraquara teve o seu projeto selecionado e o FIDA terá apoio por meio de contratação e pagamento de itens orçamentários do projeto apresentado na inscrição. O suporte para a produção tem o valor de R$ 250.000,00.
Para a secretária municipal da Cultura, Teresa Telarolli, “a seleção do FIDA pelo edital tem um significado maior que a premiação em dinheiro – que evidentemente é muito bem-vinda. A isto agrega-se o reconhecimento de um projeto do município, nascido há 22 anos e que traz em sua concepção a ousadia, a delicadeza e a coragem de abordar temáticas sensíveis e conflituosas, sem renunciar ao diálogo e à força que só a arte e a cultura são capazes de produzir.”
Carlos Fonseca, coordenador executivo de Cultura e proponente do projeto selecionado, conta que entrou em contato com os editais “Juntos pela Cultura”, da Associação Amigos da Arte, a partir de uma indicação feita em reunião do Conselho Municipal de Cultura. “Dentre os editais para os quais nos inscrevemos, havia o Retomada, especificamente para projetos de realização continuada. Havia um valor de premiação para eventos que contassem cinco anos e outra para os que tivessem mais de dez anos de existência. Além disso, é importante frisar, o edital contemplaria projetos a serem efetivados exclusivamente no segundo semestre de 2022. Como o Festival Internacional de Dança de Araraquara conta mais de 20 anos de existência, eram atendidas as condições para que concorresse ao apoio de maior valor, ou seja, R$ 250.000,00. Obviamente além de atender as exigências previstas no edital, o FIDA tem relevância e reconhecimento internacional, tanto na área da dança como nos diálogos transartísticos, que se tornaram um formato mais consolidado, desde o ano passado.”
O festival – O FIDA teve sua primeira edição em 2001 e é realizado anualmente com a perspectiva de renovação constante do cenário cultural e artístico de Araraquara e mudando os paradigmas da dança da cidade e da região.
Antes marcado pela competição e reprodução de modelos conservadores de realizar dança, o FIDA trouxe uma proposta dialógica e democrática nos modos de ser em dança. O Festival é composto por mostra, espetáculos convidados, mesas de discussão, cursos e residências com artistas do Brasil e do mundo.
O projeto Festival Internacional de Dança de Araraquara 2022, selecionado pelo “Retomada”, visa a realização da 22ª edição do festival, que ocorrerá presencialmente de 21 a 29 de setembro. A concepção do festival segue uma linha conceitual desde 2017, ano em que a Gilsamara Moura, idealizadora do festival, retorna como curadora convidada.
“Temos contemplado a dança como pensamento do corpo, como eixo central de discussões que se transversalizam como manifestação contemporânea, política e criação em dança. Mesmo com a dança congregando as demais linguagens, temos trabalhado a desfronteirização artística, com colaborações transartísticas e provocando dialogias muito saudáveis e promissoras, como visto nas lives do FIDA 2020 e 2021”, explica Gilsamara.
FIDA 2022 – A proposta temática do FIDA, elaborada por Gilsamara Moura para o Edital RETOMADA SP é “quando insolentes dançam…”, dividido nos segmentos: Residências Selvagens, Debates Selvagens, Workshops Selvagens e Danças Selvagens. “Traremos referências aos povos originários, já que nesta edição enfatizaremos a luta indígena e temos a participação, na curadoria compartilhada, do líder indígena Ailton Krenak”, conta Gilsamara que também é curadora desta edição. “O FIDA 2022 terá um foco em manifestações indígenas e afrobrasileiras, diaspóricas, invisibilizadas, atravessadas intensamente pelo pensamento contemporâneo, decolonial e afetivo.”
As atividades do festival são inspiradas em ações, voos e movimentos, e estão previstas ações em escolas e espaços culturais da cidade e do entorno, em assentamentos, no centro de detenção, em praças públicas e no SESC Araraquara. “Iremos também ampliar o raio de abrangência das atividades para as cidades de Matão, Tabatinga, Américo Brasiliense, Itápolis, Rincão, Ribeirão Bonito e outras localidades que não possuem acesso à Dança e Arte em geral.”
O Festival neste ano retoma sua visibilidade internacional, ampliar o número de espetáculos e de público, a formação continuada de professores da rede municipal e provoca o debate de temas contemporâneos compreendidos pelo ponto de vista da Dança.
“Enquanto promoção e desenvolvimento cultural e a economia criativa regional, o festival estimula a criação de redes de relações entre profissionais da área, serve de exemplo e inspiração para realizações similares em localidades vizinhas; possibilita a atualização e capacitação profissional de produtores, técnicos e artistas”, defende a curadora.