quinta-feira, 19, setembro, 2024

IQ da Unesp Araraquara quer criar embalagem inteligente que detecte carne estragada 

A ideia é que a nova tecnologia também seja biodegradável e anti-falsificação

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Como desenvolver uma embalagem sustentável que não agrida o meio ambiente, identifique quando carnes estão estragadas e ainda seja anti-falsificação? Uma pesquisa de doutorado que está sendo realizada no Instituto de Química (IQ) da Unesp, em Araraquara, pretende dar origem a uma solução inédita com todos esses atributos. A ideia, inclusive, foi selecionada na primeira fase do Programa Centelha São Paulo, iniciativa cujo objetivo é estimular o empreendedorismo inovador por meio de fomentos e capacitações para o desenvolvimento de produtos e serviços. 

A embalagem inteligente proposta pelos cientistas será produzida com biopolímeros naturais biodegradáveis de baixo custo e contará com sensores que mudam de cor para detectar aminas biogênicas, que são substâncias orgânicas liberadas pelas carnes quando elas sofrem algum tipo de deterioração. Além disso, a inovação do IQ terá partículas fluorescentes anti-falsificação que, ao receberem a irradiação de luz infravermelha, emitirão luzes específicas para atestar a procedência da embalagem e, consequentemente, garantir a qualidade dos produtos em seu interior. 

Segundo Daniela Vassalo Pereira, doutoranda do Instituto e idealizadora do projeto, as embalagens convencionais derivadas de petróleo possuem uma longa vida útil, o que dificulta sua degradação no meio ambiente. A especialista conta ainda que produtos cárneos em geral podem sofrer deterioração durante a cadeia de produção, liberando aminas biogênicas prejudiciais à saúde humana e gerando desperdício de alimento devido à falta de monitoramento de seu estado de conservação de forma prática e barata. Além disso, a segurança das embalagens comuns também é uma grande preocupação. 

“As embalagens convencionais são suscetíveis à violação e à falsificação, colocando em risco a qualidade e procedência do produto. Com a nossa embalagem, caso tentem falsificar o sensor colocando apenas uma etiqueta convencional com a cor que indica que o produto está próprio para consumo, tal atitude fraudulenta poderá ser verificada ao irradiarmos luz infravermelha na etiqueta. Os setores agroalimentares, como fabricantes de carnes, transportadoras e supermercados podem ser beneficiados com o novo material a ser desenvolvido, além do próprio consumidor”, conta a pesquisadora, que é orientada pelo professor Sidney Ribeiro, diretor do IQ.

Centelha – Promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), em parceria com diversas instituições científicas e de fomento à pesquisa, o Programa Centelha tem como principais objetivos: a criação de novas empresas de base tecnológica; a geração de inovações que sejam de interesse social e empresarial; e a formação da cultura do empreendedorismo inovador, a fim de fortalecer os ecossistemas de inovação do país e o desenvolvimento da economia nacional. 

O Programa é composto por três fases. Ao final do processo, são divulgados os projetos aprovados no Programa, que, então, serão contratados por cada estado. Concluídas as contratações, as empresas selecionadas passam por um período de acompanhamento, recebendo recursos financeiros, capacitações, descontos e créditos junto a empresas parceiras, etc. 

Na Fase 1 de seleção das ideias inscritas, na qual a proposta de Daniela foi selecionada, foram avaliados os seguintes critérios: problema ou oportunidade de mercado; potencial inovador e equipe empreendedora. Agora, na Fase 2, os participantes devem submeter um projeto de empreendimento a partir da ideia inicial. Nesta etapa, serão analisados os potenciais de inovação e de mercado da proposta, bem como seu fator de risco. Os resultados finais da etapa serão anunciados em junho. 

Além da participação de Daniela e Sidney na concepção da ideia, batizada de “Embalagens inteligentes baseadas em biopolímeros”, o desenvolvimento do projeto conta com apoio do professor Hernane da Silva Barud, da Universidade de Araraquara (Uniara). A pesquisa de doutorado em andamento no IQ deve ser finalizada nos próximos anos.

Redação

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