Na noite desta segunda-feira (10), o plenário da Câmara Municipal de Araraquara recebeu a mesa redonda intitulada “Como viver de música no interior?”, evento que abriu oficialmente a 1ª Semana Municipal de Valorização dos Compositores Municipais Pedro Paulo Zavagli “Spiga”. A programação foi desenvolvida pela Secretaria Municipal da Cultura e a Fundart, por meio da parceria realizada entre as Coordenadorias de Cultura e de Patrimônio Histórico, e a Câmara Municipal de Araraquara, com apoio do Sesc Araraquara, atendendo à lei nº 10.438/2022. A programação segue com atividades gratuitas até 15 de outubro.
O encontro foi mediado pela vereadora e autora da lei, Fabi Virgílio (PT), e contou com a participação da secretária municipal da Cultura, Teresa Telarolli, do gerente do Sesc Araraquara, Rafael Barcot, e dos compositores Kris Pires e Teroca, que explanaram as dificuldades e os desafios de quem trabalha com música em Araraquara e no interior paulista.
Fabi Virgílio destacou a importância da programação. “Araraquara é um expoente da música brasileira. Nossa cidade é berço das artes, das músicas e das danças. Araraquara é uma efervescência cultural. Os araraquarenses têm a sorte de residir em uma cidade com compositores tão importantes como o nosso querido Teroca, o Caê Rolfsen, a Liniker, o nosso querido Ticha, a Kris Pires, o maestro Tescari, Duo Glacial e tantos outros nomes que nos enchem de orgulho, admiração e respeito. Valorizar esses compositores e colaborar na difusão de suas obras é um grande passo para a nossa morada. Criar uma semana que valoriza os compositores locais e poder homenagear esse homem incrível, que foi o nosso querido compositor Pedro Paulo Zavagli, o Spiga, é uma oportunidade de honrar o seu legado e semear o futuro para os compositores locais, que merecem ser homenageados e incentivados”, afirmou.
Teresa Telaroli destacou que as políticas públicas voltadas para os artistas só são efetivas de maneira permanente quando são construídas a partir de um processo de ampla discussão e interlocução entre todas as partes envolvidas, por isso a semana cumpre a missão de propor essa rede de diálogos. “Essa semana reverencia um grande compositor local, mas vai para além disso, da reverência à pessoa ou trajetória de um indivíduo. É uma semana que propõe uma discussão qualificada e que se propõe a um diálogo que seja muito mais amplo que um diálogo de uma linguagem de artistas ou agentes culturais de uma dada linguagem com o poder público, em busca de soluções pontuais. Eu acredito que não, embora a busca por soluções seja válida e compreensível. Eu acho que, quando estamos em um momento de gestão onde se tem a oportunidade de tentar mudar e transformar, e essa é uma gestão que nos permite isso em alguma proporção, é essencial esse tipo de oportunidade para a construção de políticas públicas efetivamente”, salientou.
A compositora Kris Pires relatou todas as dificuldades enfrentadas pelos músicos e propôs algumas sugestões para a união da classe na cidade. “O Spiga, assim como muita arte do nosso Brasil, brotou de uma mesa de bar. E ele, através da sensibilidade da Fabi, fez com que estivéssemos aqui nesta noite, conversando com toda a classe artística. A minha sugestão é que isso continue, que essa roda de conversa seja realizada, não apenas no formato do Conselho de Cultura, mas que seja uma conversa mais popular. É preciso tentar fazer com que essa conversa cultural em Araraquara não caiba apenas em um Conselho de Cultura, mas que tenhamos que ir em busca de um outro local para termos mais pessoas. A união faz a força”, apontou.
Teroca explanou sobre a formação do público de todas as linguagens artísticas. Ele, que também é professor de matemática, relatou que já tentou implantar gradualmente a educação musical em suas aulas, mas o intuito não progrediu pelo fato dos alunos, principalmente das escolas particulares, serem instruídos desde muito crianças a somente passarem no vestibular, o que dificulta essa ação. “Eu fico muito preocupado com o outro lado, que é o público. Que público vai absorver esse monte de coisas bacanas que todo mundo faz? Se hoje temos um público de 100 pessoas, será que no ano que vem teremos um público de 120 ou 80?”, questionou.
Rafael Barcot falou sobre o papel do Sesc na questão da fomentação artística. “A ideia do Sesc é sempre ter uma programação aquecida. Nós entendemos a ação educativa do Sesc na constância da programação, por isso temos shows semanais no Sesc. Ainda estamos retomando e as pessoas podem notar que, ao longo dos meses, sempre temos um pouco a mais. A ideia é a permanência de espetáculos para que possamos também estabelecer outros diálogos com outras propostas artísticas que podemos trazer”, observou.
Ao final do debate, foi realizado o lançamento do edital de fomento aos compositores locais. Por meio de edital, serão premiados três compositores de Araraquara, resultando em um show a ser realizado posteriormente. Os compositores interessados poderão se inscrever no período de 11 a 30 de outubro. Os participantes do edital poderão enviar entre 6 a 10 canções autorais, para fazer parte de um show. É necessário enviar declaração de autoria, e na sessão de direitos, declarar se há parceiros na composição. Também é necessária a indicação do intérprete da canção.
O evento também contou com a presença do vereador Paulo Landim (PT); do coordenador de Acervos e Patrimônio Histórico, Weber Fonseca; a coordenadora executiva de Cultura, Carol Guimarães; e artistas da cidade.