sexta-feira, 22, novembro, 2024

O sonho da cirurgia plástica: como alinhar expectativa e realidade?

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O último levantamento da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), realizado em 2018, aponta que o Brasil realiza aproximadamente 1,5 milhão de cirurgias plásticas por ano. Com isso, o país ocupa a segunda colocação nesse quesito, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Paralelo a isso, uma pesquisa da ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética) revela que cerca de 30% dos pacientes são rejeitados por cirurgiões plásticos por não terem expectativas reais.

De acordo com Daniel Sundfeld Spiga Real, cirurgião plástico e membro da SBCP, os dados apresentados refletem a realidade. “Pacientes influenciados pelos filtros de aplicativos de celular buscam por procedimentos milagrosos, com expectativas tecnicamente impossíveis de serem alcançadas. Eles buscam os procedimentos sem adequadas condições físicas e psicológicas”, relata.

Daniel Sundfeld atribui esse fenômeno à influência das redes sociais na vida da população e à mercantilização da medicina, ou seja, profissionais que vendem procedimentos como se fossem produtos. “As expectativas irreais sobre os resultados de cirurgias plásticas aumentaram significativamente após vários colegas cirurgiões plásticos começarem a veicular em suas redes sociais vídeos muito bem editados, com jogo de iluminação e aplicativos, demonstrando “antes x depois” de procedimentos. Além de ser uma conduta altamente prejudicial aos pacientes, é proibida pelo Conselho Federal de Medicina”, alerta.

“Cabe ao cirurgião plástico explicar ao paciente, cientificamente, sobre os procedimentos e suas indicações, tentando fazer com que ele entenda as verdadeiras indicações e reais possibilidades de benefícios. Nos casos em que o paciente demonstrar não compreender, o profissional não deve realizar o procedimento e orientar a busca por ajuda especializada com colegas psiquiatras e/ou avaliação psicológica”, menciona.

Por fim, Daniel Sundfeld ressalta que dentre os perigos da realização de procedimentos sem indicação ou com expectativas irreais estão complicações operatórias e maiores chances de processos judiciais por insatisfação do paciente. “Antes de decidir por uma cirurgia plástica é imprescindível avaliar se tal interesse é realmente por uma queixa pessoal e não por influência externa. Outro ponto essencial é a pesquisa detalhada sobre o profissional, incluindo sua formação e títulos, possíveis processos judiciais e se possui registro de qualificação no CRM. As redes sociais do referido médico também devem ser verificadas com atenção, pois permitem constatar eventuais atos antiéticos, como promessas de resultados, divulgação de tratamentos milagrosos ou fotos e vídeos de antes x depois”, completa.

Dr. Daniel Sundfeld: “Antes de decidir por uma cirurgia plástica é imprescindível avaliar se tal interesse é realmente por uma queixa pessoal e não por influência externa”.

Redação

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