O consumidor que planeja celebrar a Sexta Feira Santa ou o domingo de Páscoa deste ano com a tradicional bacalhoada deve redobrar os cuidados no momento das compras para não comprometer o orçamento. Isso porque, segundo um levantamento do Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara, o principal ingrediente que compõe o prato típico da época pode salgar o bolso do araraquarense menos atento por meio de uma diferença de até 160% no valor do quilo do bacalhau, dependendo do tipo do produto e do estabelecimento escolhidos.
Os diferentes tipos do peixe têm relação com a espécie do pescado e o processo de salga e de secura a que é submetido. Em geral, o mercado brasileiro comercializa cinco opções diferentes. A Gadus Morhua e a Gadus Macrocephalus são consideradas as mais nobres. Com coloração clara e sabor inconfundível, também são identificadas no Brasil pelo nome de bacalhau do Porto. Em Araraquara, os preços desses dois tipos variam de R$ 88,00 a R$ 139,99 o quilo.
O bacalhau Saithe, que possui sabor mais acentuado e coloração mais escura, tem um preço mais acessível e, por esse motivo, é um dos tipos mais consumidos no país. Em Araraquara, o preço do Saithe varia entre R$ 53,90 e R$ 69,99.
Já o tipo Ling, também muito apreciado no Brasil (sobretudo, para o preparo de saladas ou grelhado), foi encontrado em apenas um dos sete supermercados avaliados no levantamento, com o preço de R$ 62,90 o quilo. E o Zarbo, que apresenta textura mais firme e também tem coloração mais clara (utilizado no preparo de caldos, ensopados, tortas e bolinhos), é comercializado por R$ 58,90 nos estabelecimentos mais baratos da cidade e R$ 69,99 nos mais caros.
Preço total do prato
A pesquisa do Sincomercio ainda avaliou os custos envolvidos na preparação da tradicional bacalhoada, considerando as quantidades necessárias para o seu preparo e os tipos e as marcas mais baratas disponíveis em cada um dos supermercados participantes.
Mesmo considerando a opção de bacalhau mais em conta e as marcas mais baratas dos demais ingredientes, foi encontrada diferença de até 79% entre os supermercados, o que, em valor, resultaria em uma diferença de R$ 99,25 se a compra fosse feita no estabelecimento mais caro (R$ 224,70) ou no mais barato (R$ 125,45).
Icaro Zancheta, pesquisador do Sincomercio Araraquara, destaca a importância de estender a atenção também aos outros itens do preparo para economizar no custo total do prato. “Além do pescado, o preço dos demais ingredientes que compõem a versão mais tradicional da receita também foram avaliados. E, embora o bacalhau represente cerca de 72% dos custos de preparação, os outros itens também apresentaram variações consideráveis entre os supermercados e merecem atenção na hora da compra”.
O preço cobrado pelo pimentão vermelho, por exemplo, variou 300% entre o supermercado mais caro e o mais barato. O pimentão verde varia 251%, a azeitona preta em conserva chega a 97% de diferença e o azeite de oliva extravirgem apresentou variação de 76%. Já o alho e a cebola podem variar até 66% e 67% a depender do estabelecimento.
“A variação pode ser significativa, dependendo das escolhas feitas pelo consumidor e, por isso, aqueles que anteciparem suas compras, deverão sair ganhando”, conclui Zancheta.