segunda-feira, 25, novembro, 2024

‘Precisamos de sombra’, destaca coordenador do inventário arbóreo de Araraquara

Professor Demóstenes Ferreira da Silva Filho, da Esalq/USP, apresentou informações do estudo a vereadores e população em Audiência Pública na Câmara

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As informações do estudo sobre a arborização de Araraquara realizado pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP) de Piracicaba, foram apresentadas para a população em Audiência Pública da Câmara Municipal na tarde de quarta-feira (26).
O evento, intitulado “Diagnóstico e planejamento da arborização urbana de Araraquara por meio de inventário”, foi requerido pelo vereador Aluisio Boi (MDB) e mediado pela presidenta da Comissão de Desenvolvimento, Tecnologia, Ciência, Meio Ambiente e Proteção e Defesa dos Animais, vereadora Luna Meyer (PDT).
O inventário, solicitado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, teve coordenação do professor Demóstenes Ferreira da Silva Filho, do Departamento de Ciências Florestais da Esalq. Demóstenes elogiou a quantidade de árvores no município, mas fez apontamentos para que essa cobertura seja melhorada.
“Eu sei o que é o calor que as pessoas sentem quando andam nas ruas da nossa região. É muito quente. Então, nós precisamos de sombra. São poucos os que se dedicam a cultivar árvores e sombra, com pouca poda, e deixam a árvore abrir a copa e sombrear a rua. Esse é um efeito microclimático importante. Aqui, a gente encontra uma cidade que ainda tem árvores de maior porte e crescendo. Tem muito oiti, muito alfeneiro. O oiti está bem, ainda, mas o alfeneiro, depois de décadas de podas mais drásticas, está em franco declínio, pois são poucas as árvores excelentes e boas, muitas regulares e péssimas”, destacou o professor.
Foram identificadas 53 espécies diferentes durante o estudo. Duas delas, oiti e alfeneiro, representam praticamente metade de toda a quantidade de árvores presentes no município.
O inventário constatou a presença de 170 mil árvores no sistema viário do perímetro urbano, ou seja, nas calçadas das vias públicas. Isso dá uma média de uma árvore a cada 24 metros. 

Para chegar a um cenário ideal, o inventário sugeriu para a Prefeitura como meta o plantio de mais 80 mil árvores em todo o território urbano — chegando a 250 mil, o que representaria mais de uma árvore por habitante.
Dessas novas árvores sugeridas, cerca de 30 mil estariam em áreas consideradas prioritárias pela equipe que realizou o estudo, por registrarem temperaturas mais altas: as regiões central, leste e norte.
“A gente precisa de árvores em todos os lugares da cidade. Se a gente quer melhorar o microclima, levar conforto e saúde para as pessoas, a gente precisa disso. A via pública é a área mais quente das nossas cidades e é a que está mais próxima do nosso viver, do nosso caminhar”, declarou Demóstenes. 
PlanejamentoO secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Carlos Porsani, destacou que a Prefeitura tem ampliado o plantio de árvores nos últimos anos. Com o inventário, esse trabalho será fortalecido. Porsani também enalteceu a 13ª posição de Araraquara no programa estadual Município VerdeAzul e a reabertura do Parque Natural Municipal do Basalto.
“Nós retiramos 2 mil árvores em Araraquara em um ano e meio. Em compensação, plantamos 15 mil árvores. Só no projeto ‘Nasce uma criança, planta-se uma árvore’ foram mais de 7 mil”, afirmou. Porsani informou que o estudo da Esalq/USP será um referencial para a atuação da secretaria.
Também esteve no evento o engenheiro agrônomo e professor José Walter Figueiredo Silva, responsável pelo desenvolvimento e implantação do Programa Município VerdeAzul no Governo do Estado de 2007 até o ano passado. O especialista relatou que poucos municípios têm esse planejamento executado por Araraquara. “Esse inventário é uma radiografia. Aqui tem base para ser desenvolvido um plano. E isso é fundamental. Os municípios não têm inventário. Tudo é na base do ‘eu acho’. Esse material é o início de um processo”, disse.
Luna Meyer destacou a importância de a Câmara Municipal sediar esse debate com a sociedade. “O meio ambiente faz parte da vida de todo mundo. Quem não valoriza o meio ambiente não percebe isso. Quando a gente investe em meio ambiente, a gente investe em qualidade de vida, em saúde, em infraestrutura, em beleza da cidade e em um mundo muito melhor”, declarou a vereadora.
Também estiveram presentes na audiência a vereadora Fabi Virgílio (PT) e os vereadores Lucas Grecco (União Brasil) e Marchese da Rádio (Patriota); o secretário municipal de Obras e Serviços Públicos, Sérgio Pelícolla; coordenadores, gerentes e gestores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade; além de representantes de universidades, do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema) e do público em geral.
O evento foi transmitido ao vivo pela TV Câmara e continua disponível para visualização no Facebook e no YouTube.

Redação

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