quinta-feira, 21, novembro, 2024

Em Araraquara, 287 presos e presas participaram da olimpíada

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“Fiquei muito feliz”. A frase é do reeducando libanês Mostafa Shokor, 33 anos, ao descrever o sentimento por ter conquistado medalha de prata na 17ª edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), realizada no ano passado. Além dele, que cumpre pena na Penitenciária “Cabo PM Marcelo Pires da Silva”, de Itaí, outros três presos receberam medalhas de bronze e 15 menções honrosas em todo o Estado de São Paulo.

Um dos detentos que faturaram a insígnia de bronze, Fernando Bazzan Narciso da Silva, está hoje na Penitenciária “Valentim Alves da Silva”, de Álvaro de Carvalho. Nas unidades prisionais da região noroeste, foram nove internos com menções honrosas.

PRATA

Preso por roubo, o estrangeiro medalhista na Obmep Shokor trabalha, atualmente, na cozinha do estabelecimento penal. Ele se considera bom em matemática. “O conhecimento vem da escola”, cita, em tom de incentivo a outros sentenciados, que também têm a oportunidade de concluir o ensino regular dentro do presídio.

Shokor disse ainda que estava bem preparado para a avaliação, porém, esperava um resultado melhor. “Fiquei satisfeito, mas queria a medalha de ouro”, brinca o reeducando, que já traça objetivos para quando ganhar a liberdade. “Ler mais e cursar uma universidade na área financeira”, finaliza o libanês.

Vale destacar que a Penitenciária de Itaí será condecorada, pelo segundo ano consecutivo, pelos bons resultados alcançados nesta e em edições anteriores da Olimpíada, como medalhas e menções honrosas.

BRONZE

O detento Fernando Bazzan, 39 anos, cumpria pena na Penitenciária I “Rodrigo dos Santos Freitas”, de Balbinos, quando prestou a Obmep. Ele recebeu a notícia que havia faturado a medalha de bronze a poucos dias de ganhar progressão de pena para o regime semiaberto e agora está na Penitenciária de Álvaro de Carvalho.

Antes de ser preso por roubo e tráfico de drogas, Bazzan trabalhava como corretor de imóveis. No sistema prisional, aproveitou as oportunidades que apareceram na área educacional. “Participei de projetos de leitura e fiz um curso de informática”, conta.

Sobre o resultado do torneio, o sentimento é de gratidão. “É gratificante ser reconhecido por algo que você faz bem”, diz Bazzan, que pretende retomar os estudos quando estiver fora da prisão. “Quero cursar Engenharia Elétrica ou Tecnologia da Informação”, projeta.

MENÇÕES HONROSAS

        Entre os nove presos da região noroeste com menções honrosas na edição de 2022 do torneio, estão mais três de Itaí. Os demais são do Centro de Ressocialização (CR) “Dr. Mauro de Macedo de Avaré (dois presos); das penitenciárias “Orlando Brando Filinto” de Iaras e “Osiris Souza e Silva” de Getulina; do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) II “Dr. Eduardo de Oliveira Vianna” de Bauru e da Penitenciária I de Serra Azul.  

HISTÓRICO

Com o objetivo de preparar as pessoas privadas de liberdade para o retorno à vida em sociedade, as secretarias de estado da Administração Penitenciária (SAP) e Educação (Seduc-SP) têm estimulando, cada vez mais, os reeducandos a participarem da Obmep, realizada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA).

Em todo estado, 25.811 presos foram inscritos para a prova. Já a Coordenadoria da Região Noroeste (CRN) inscreveu 3.804 detentos no ano passado. O número representa um aumento de 15% em relação a 2021. 

A CRN tem, inclusive, histórico positivo no torneio. Na edição de 2017, um presidiário colombiano, que cumpria pena na Penitenciária de Itaí, faturou a medalha de ouro. Ele foi o primeiro preso na história da Obmep a levar o prêmio máximo.

Em 2018, dois detentos conseguiram prata e bronze. Já em 2019, outro preso da unidade em Itaí faturou medalha. De origem francesa, ele foi condecorado com a insígnia de bronze. 

Redação

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