A segunda-feira (23) do FIDA 2024 – Festival internacional de Dança de Araraquara conta com homenagem a Negro Bispo e o espetáculo “Bravun de Elebara” com o Núcleo de Formados e Formandos da EMD (Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira) – ambos no Teatro Municipal, além da oficina “Dançar as confluências do toque” com Ireno Junior (PI), em dois períodos, na EMD.
Ireno Junior, da Plataforma Danças Que Temos Feito (Dqtf) ministra, às 9h e às 13h40, a oficina de dança “Dançar as confluências do toque”. A oficina será realizada na EMD e abordará princípios criativos em dança atrelados ao movimento do corpo no ato de tocar, bem como suas confluências que emergem em coletividade.
Ireno Júnior é artista da Dança e doutore em Dança pela UFBA, onde fez mestrado e especialização. Atua com direção, curadoria, coreografia, produção e dramaturgia em dança. Ireno coordena a plataforma Danças Que Temos Feito e, atualmente é pessoa docente e coordenadora (ênfase eixo Dança Infância) da Escola Estadual de Dança – Lenir Argento, além de docente do curso técnico em dança da Escola Técnica de Teatro Professor José Gomes Campos. É pessoa diretora e criadora de espetáculos, tais como: Guiança (2022), Valentar (2021), Braços Pra Que Te Quero (2018), Eólico desdobrado (2017). Ireno tem pesquisado sobre a “vulnerabilidade como jeito de fazer em dança” e “Estudos Queer em corpos que dançam”. Suas criações problematizam os assombros no/do corpo (assunto que desenvolveu no doutorado em Dança).
À noite, no Teatro Municipal, a partir das 19h, será realizada a homenagem a Negro Bispo e também apresentado o espetáculo “Bravun de Elebara”, com o Núcleo de Dança da EMD, com formados e formandos.
Joana Maria, filha de Nego Bispo, e Mestre Naldinho (PI), acompanhados por docentes da UNESP e com a mediação de Ireno Júnior, conduzem a “Homenagem a Nego Bispo”, intelectual e ativista político que tem contribuição inestimável para a compreensão e preservação da cultura e identidade quilombola.
Bispo, que faleceu em dezembro de 2023, era considerado por muitos um dos maiores intelectuais quilombolas do Brasil, tendo publicado dois livros: “Quilombos, modos e significados” (2007) e “Colonização, Quilombos: modos e significados” (2015), além de vários artigos e poemas. Em suas obras, defendia que os modos de vida e os conhecimentos tradicionais, sobretudo quilombola, como um antídoto a interpretações e conceitos resultantes de um ponto de vista colonialista, hegemônico. O alcance da sua obra deve-se ao fato dele fazer um diálogo que foge ao academicismo e que é capaz de atingir tanto a leigos, quanto a acadêmicos.
Em 2012 e 2013, Bispo foi professor convidado do Encontro de Saberes, projeto criado pela Universidade de Brasília (UnB) com a proposta de unir o conhecimento acadêmico e popular. Além da atividade intelectual, Bispo atuou na Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ/PI) e na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
Após a homenagem, entram em cena os artistas do Núcleo de Dança da EMD, com o espetáculo “Bravun de Elebara”, que é um trecho do espetáculo “Nas Encruzilhadas do Samba”.
O espetáculo, coreografado por Carlos Fonseca, celebra a ancestralidade africana na exaltação a Elegbara e homenageia Nego Bispo. O trabalho finaliza com um Jongo, puxado pelo professor Rodrigo Canela e dançado pelo elenco protagonizado pelas mulheres do Núcleo de Formados e Formandos.