O segundo dia do FIDA – Festival Internacional de Dança de Araraquara (quinta-feira, 22 de setembro) vem marcado por encontros educativos, com residência, workshop, palestra e conversa. A programação gratuita, com classificação livre, é uma realização da Secretaria Municipal da Cultura e Fundart, com apoio do Sesc Araraquara e Unesp Araraquara.
Entre os destaques do dia, estão as participações do líder indígena e curador do FIDA, Ailton Krenak e do brincante pernambucano Antônio Nóbrega, nos “Encontros Selvagens” e apresentação que serão realizados à noite, no anfiteatro A da FCL-Unesp Araraquara. Também, um ritual com a aldeia alagoana Kariri Xocó, finaliza os trabalhos do dia no espelho d’água da Unesp.
Cedo – Formação professoras/es – A primeira parte da “Residência Selvagem”, para formação de professoras e professores, abre a programação do FIDA na quinta, às 8 horas e segue até o período da tarde, na EMD – Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira. A atividade tem continuidade na sexta-feira (23).
A “Formação de professoras/es” foi estruturada para garantir plurais desdobramentos e discussões. A atividade promove narrativas e experiências insolentes que transpassam os processos cognitivos do ensino/aprendizagem em Dança.
Para isso, foi pensado um time de profissionais com vasta experiência na área da docência em Arte, a fim de oxigenar as práticas e teorias, justamente, das professoras/es que estão atuando nesta área de conhecimento. Os quatro artistas-docentes convidados, são: Daniela Amoroso (SP/BA), Janaína Lobo Gonçalves (PI), Fernanda Bevilaqua (MG), Roberto Freitas (PI) e assistência de Lélis Andrade (SP).
Tarde – Dança Interna e CorpoMemória – Os “Workshops Selvagens” Dança Interna e CorpoMemória marcam a descentralização das atividades do FIDA, rumo às cidades no entorno de Araraquara: “Dança Interna” será realizado em Itápolis, enquanto “CorpoMemória” será em Tabatinga.
O Workshop Selvagem Dança Interna, das 14 às 15h30, visa trabalhar a Dança Afro como tecnologia ancestral, buscando a consciência do movimento interno, corporificando vivências do cotidiano. A mediação é de Eliza Oliver (PE).
“Iremos trazer para o corpo, memórias pertencentes e também iremos criar relações autoetnográficas no espaço e tempo. É tanto acontecendo ao nosso redor, que não conseguimos ultrapassar alguns questionamentos e paredes que nos envolvem internamente. Muitos ‘porquês’ de uma história que começou antes mesmo de acontecer”, adianta Eliza.
Em Tabatinga, “CorpoMemória” será realizado das 14 às 15h30, com Tassio Tavares (PE). A atividade busca investigar o resgate de lembranças vivas, esquecidas ou apagadas da infância. “Como podemos corporificar cheiros, texturas, pessoas e momentos? Como uma coisa simples e cotidiana como a memória pode ser material de cena e como criamos novas tecnologias com objetos inesperados? O que o corpo da sua infância pode te oferecer enquanto movimento? “, questiona Tassio.
Em Itápolis, o workshop será realizado no Cine Teatro Municipal Geraldo Alves, para os alunos de Dança do Centro Cultural; já em Tabatinga, “CorpoMemória” acontece em uma escola para alunos do 4º e 5º do Ensino Básico.
Noite – encontros na UNESP – A programação noturna da quinta chega com muita qualidade, em encontros que serão realizados no Anfiteatro A e no Espelho d’água da FCL-Unesp Araraquara.
Às 19 horas acontece o espetáculo “Palestra Ilustrada: em busca de uma dança brasileira”, com o brincante Antonio Nóbrega e sua filha, a artista popular Maria Eugenia Alves de Almeida. “Palestra Ilustrada” aborda a formação e desenvolvimento das danças populares brasileiras. O mundo matricial das danças populares brasileiras e o seu encontro com os processos técnicos da dança ocidental na perspectiva de uma dança brasileira.
Na sequência, às 20 horas, Nóbrega participa da “Conversa Selvagem” com Ailton Krenak. Neste encontro, eles conversam sobre temas e pautas importantes como: cultura popular, memória, povos originários e salvaguarda. O público terá a oportunidade de escutar essas duas personalidades de grande relevância para o cenário brasileiro.
Estas duas primeiras atividades noturnas serão realizadas no Anfiteatro A da FCL – Unesp Araraquara, com capacidade limitada e, por isso, os ingressos serão distribuídos uma hora antes do início da primeira atividade, no corredor do anfiteatro (a partir das 18 horas).
Por fim, às 21 horas, no Espelho d’água também da FCL – Unesp Araraquara, haverá o ritual “TORÉ”, com a Aldeia Kariri Xocó (AL).
Nas palavras de Pajé Pawanã: “o Povo Kariri Xocó é identificado através de sua maior força que damos o nome de Toré. Na nossa língua ‘To’ significa canto, som, e ‘Ré’ significa sagrado. Porém, ela é uma palavra que se dá vários cantos e várias danças. Para cada momento, para cada dia na vida da gente existe um tipo de Toré, que é um tipo de canto ou de dança, que traz o sentido, equilíbrio, a cura, a alegria, o acasalamento, o renascimento, a passagem… para tudo na vida a gente pratica o Toré. Não é uma apresentação, é um ritual, porque tudo o que nós praticamos é sagrado, é um rito. Através dele nós chamamos todos os nossos ancestrais… nos faz estar em contato diretamente com nossos quatro elementos da natureza, ele traz o contato com nosso mundo espiritual. Quando nós cantamos e dançamos a gente entra em uma conexão totalmente espiritual.”
O ritual conta com a participação de Pawanã, Kajaby, Yrú, Kayã, Crody, Kayony.