ossibilidade de investir nos estudos dos filhos, chance de montar uma reserva para emergências, alívio no bolso, poupança para renovar sonhos, saldar com mais tranquilidade as despesas do mês. Trabalhadores formais que estão no público potencialmente impactado pelos conceitos do Projeto de Lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda, enviado pelo Governo Federal ao Congresso nesta terça-feira, celebraram a decisão, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Para nós sempre é melhor ter mais dinheiro para comprar uma coisa que acaba no fim do mês. Então, com certeza é uma boa proposta. Eu tenho três filhos. Esse dinheiro a mais é uma grande vantagem”, resumiu o piauiense Alexandre Carvalho, vendedor em uma loja de móveis. Hoje, 15% dos vencimentos dele são consumidos pelo Imposto de Renda mensalmente. Se o texto do PL enviado pelo Governo Federal ao Congresso for aprovado ainda em 2025, a partir de 2026 ele deixará de ser taxado e pode pensar em investir ainda mais na educação dos filhos.
O texto amplia para até R$ 5 mil a faixa de isenção total. Hoje, ela vai até R$ 2.259,20. Cerca de 10 milhões de brasileiros serão beneficiados diretamente pela medida. Somando essas pessoas aos 10 milhões já contemplados pelas mudanças feitas pelo Governo Federal em 2023 e 2024, serão 20 milhões de pessoas que deixam de pagar Imposto de Renda desde o início da atual gestão.
A cobradora de transporte público Karlane Feitosa, de 53 anos, está na lista das potenciais beneficiárias e espera com ansiedade a aprovação. “Eu vejo como uma proposta muito benéfica. A gente já paga imposto sobre tudo o que compra. Então, quanto mais a gente tiver benefício, melhor é. É mais dinheiro no bolso que sobra, né? Se eu deixasse de pagar hoje, guardaria esse dinheiro para emergências. Eu ia colocando todo mês lá e deixar guardadinho”, previu a brasiliense.
Também nascido na capital federal, Gilsemberg Moreira, de 42 anos, atua como vigilante e atualmente está na faixa de 22,5% de desconto do IR. Com a mudança, ele entraria para a faixa de 100% de isenção. “Eu vejo como uma possibilidade de fortalecer a economia dos trabalhadores. Pode ajudar na despesa de casa, na conta de água, na conta de luz ou na compra do mês. É uma boa para o trabalhador sem sobra de dúvida”, comentou.
Segundo a Receita Federal, assim como Alexandre, Karlane e Gilsemberg, 90% dos brasileiros que pagam Imposto de Renda (90 milhões de cidadãos) estarão na faixa da isenção total ou parcial e 65% dos declarantes do IRPF (mais de 26 milhões) serão totalmente isentos. Trata-se da maior alteração na tabela do Imposto de Renda da história recente do Brasil.
O texto ainda prevê que quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil pagará menos imposto do que paga atualmente. Será um desconto progressivo. É o caso, por exemplo, de Tainá Souza, analista financeira nascida em Brasília, que também enxerga a medida como relevante e benéfica. “No fim das contas, significa mais dinheiro para o trabalhador. Esse dinheiro que sobraria me ajudaria a pagar uma conta ou fazer uma poupança”, relatou.
Para compensar a isenção para esse público maior, estimada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) em R$ 27 bilhões, o texto prevê uma tributação mínima para altas rendas, que atingirá 141,4 mil contribuintes (0,13% do total). Esse grupo corresponde a apenas 0,06% da população do país e é composto de pessoas que recebem mais de R$ 600 mil por ano em dividendos e que não contribuem atualmente com alíquota efetiva de até 10% para o Imposto de Renda.